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ELEIÇÕES 2004/CONTAS
PT deve R$ 500 mil de disputa ao governo do Estado; credores, entretanto, não recorreram à Justiça para cobrar pagamento
Marta começa campanha com dívida de 98
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), iniciou ontem a disputa pela reeleição sem que o partido tenha quitado uma dívida de
R$ 500 mil da campanha eleitoral
de 1998 ao governo do Estado.
O valor, atribuído a supostos
serviços de propaganda, comunicação e pesquisas de opinião, representa quase 50% do gasto declarado por Marta com essas
áreas na campanha de 1998. Ela
prevê gastar R$ 15 milhões na
atual campanha. Os processos de
prestação de contas do diretório
estadual do PT de 2000, 2001, 2002
e 2003 informam que a dívida foi
assumida pela sigla e vem sendo
incluída, ano após ano, na relação
de "outras obrigações a pagar" do
diretório sem nunca ter sido abatida ou parcelada com as empresas. O valor permaneceu o mesmo em todos os anos.
A detentora do maior crédito
com o PT, de R$ 300 mil, é uma
empresa de Mato Grosso do Sul, a
Flash Comunicações, que hoje
presta serviços ao governo de José
Orcírio Miranda, o Zeca do PT.
Credora de R$ 100 mil, a PG Comunicação trabalha para a Prefeitura de Guarulhos, também administrada pelo PT, e para o próprio diretório do partido. O diretor da empresa, o publicitário
Eduardo Godoy, foi secretário de
Comunicação na primeira gestão
do governador Zeca do PT.
A área técnica do TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) de São Paulo
quis saber do PT o motivo dos
créditos. A resposta, enviada em
30 de janeiro último, revela que o
partido não tem cópias de notas
fiscais do trabalho realizado na
campanha de Marta em 1998.
"Quanto à requisição "documentação comprobatória da rubrica outras obrigações a pagar",
já solicitadas em diligência, muito
embora já se tenha entrado em
contato com as empresas [...] para
que atestem a existência dos débitos, aguarda-se o referido atestado", afirma a resposta do PT.
O partido então anexou uma
declaração da Flash assinada naquele mês pelo "sócio-gerente José Raimundo da Silva", que confirmou um crédito de R$ 300 mil
por "serviços prestados" durante
a campanha de Marta em 1998.
Localizado pela Folha, o autor
da declaração afirmou:
Folha - Vocês têm um crédito com
o PT de São Paulo?
José Raimundo da Silva - Humm,
é, mais ou menos isso.
Folha - Vocês não têm o crédito?
Silva - Eu sei, mas isso aí é uma
coisa antiga. Eu não estou bem a
par, porque isso aí eu passei para
o contador e não estou a par.
Folha - Vocês trabalharam na
campanha de Marta Suplicy...
Silva - Sim, sim.
Folha - Em que ano?
Silva - Na campanha dela.
Folha - Mas em que ano, porque
ela foi candidata em 98...
Silva - Não. Nesta última.
Folha - A de 2000, para prefeita?
Silva - É.
Folha - E para o governo, vocês
não trabalharam em 98?
Silva - Não.
Folha - Não trabalharam para a
campanha de Marta governadora?
Silva - Não, fizemos algumas
coisas, mas foi irrelevante.
Folha - O que o sr. chama de irrelevante na sua contabilidade?
Silva - Isso aí é pouca coisa. Assim de cabeça não tenho.
Após uma nova pergunta, a ligação caiu. Procurado depois, Silva não foi localizado.
Conforme a Folha revelou em
maio, o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra,
ainda tem R$ 3,4 milhões em dívidas pendentes da campanha presidencial de 2002. Segundo Serra,
suas contas de campanha, incluindo as dívidas, foram aprovadas pelo TSE e cabe à direção do
PSDB equacioná-las.
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