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Governadores do PMDB
criticam as nomeações
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que o Palácio do Planalto anunciou o aumento da
participação do PMDB no governo, a ala oposicionista do partido
mostrou sua força ao reunir os sete governadores da legenda em
um ato contra as nomeações.
Em nota, os governadores e o
presidente da legenda, Michel Temer (SP), censuraram os senadores Renan Calheiros (AL), presidente do Congresso, e José Sarney
(AP) por terem negociado a ampliação do PMDB no Executivo e
disseram que vão expulsar do
partido todos aqueles que não
abandonarem postos no governo.
Os alvos são Hélio Costa (MG),
que assumirá a pasta das Comunicações, e Saraiva Felipe (MG),
secretário-geral do partido, que
irá para a Saúde. Silas Rondeau,
indicado por Sarney para Minas e
Energia, não é filiado ao PMDB.
"Os senadores José Sarney e Renan Calheiros nunca estiveram
autorizados a negociar cargos ou
funções em nome do partido, motivo pelo qual os governadores
censuram essas tratativas [e] reiteram que os filiados que integram o governo não representam
o partido, tanto que serão desligados do PMDB", diz a nota.
A reunião ocorreu no apartamento de Temer. O primeiro consenso foi que Renan e Sarney (que
não quiseram comentar a nota do
partido) prometeram o que não
podem cumprir: o aumento do
apoio partidário ao governo.
Uma segunda avaliação é a de
que colar o PMDB ao governo
neste momento de crise é um
grande erro político. "O Lula só
tem o apoio de 14% da população
do Distrito Federal", disse Joaquim Roriz (DF) na reunião.
"Se não servi para ser parceira lá
atrás, não serei cúmplice agora",
disse aos repórteres Rosinha Matheus, que estava acompanhada
do marido, Anthony Garotinho.
"O PMDB não vai dar um voto a
mais [no Congresso] pelos ministérios que recebeu. Renan e Sarney estão enganando o presidente
Lula", disse Garotinho, que comparou Saraiva Felipe ao traidor
Silvério dos Reis: Saraiva era seu
aliado até ser indicado ministro.
"O Lula deveria buscar apoio na
sociedade, não em partidos", declarou Jarbas Vasconcelos (PE).
Para Temer, a reforma discutida
com parte do PMDB "foi inútil,
uma radicalização institucional
com o partido". Lula chegou a
procurar o presidente do PMDB,
mas Temer recusou as ofertas.
Lula procurou Renan e Sarney.
Também foram ao almoço Germano Rigotto (RS), Luiz Henrique (SC), Roberto Requião (PR) e
Marcelo Miranda (TO). Coube a
Requião a fala mais inflamada. Ele
atacou a política econômica de
Lula e acusou os deputados José
Janene (PP-PR) e José Borba
(PMDB-PR) de serem "ladrões".
"Requião é conhecido no Paraná
por professar amor ao demônio.
Não vou responder a coisas do demônio", disse Janene. A Folha
não conseguiu falar com Borba.
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