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Senadores acusam presidente de barganhar com indicações
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição no Senado acusou
ontem o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de ter "pago a fatura" ao escolher indicados pelo PMDB para chefiar os Correios. Segundo os senadores, os
cargos na estatal foram a contrapartida do governo à ala governista do PMDB, que conseguiu derrubar a candidatura
própria à Presidência.
O embate entre governo e
oposição começou quando o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) anunciou no plenário a publicação dos nomes dos novos
diretores da estatal no "Diário
Oficial" da União. "Não é possível que uma entidade como os
Correios, que ficou tão exposta
pelo que foi praticado ali dentro, seja motivo de barganha
para abrigar apaniguados de
partidos. É um crime, um absurdo que isso aconteça", disse.
Único governista presente
no plenário na tarde de ontem,
Sibá Machado (PT-AC) tentou
defender as indicações do
PMDB. "Da forma como está
sendo dito parece que é um escândalo. Na essência, o presidente Lula está correto em dar
participação ao PMDB, que está colaborando com o governo",
afirmou. "Não podemos colocar sob suspeição as pessoas."
A defensiva do petista deixou
o debate tenso e, na saída do
plenário, Heráclito voltou a
atacar. "Será que esses nomes
passariam em uma discussão
interna de parlamentares do
PMDB? Ou é indicação da banda da banda [que comandaria o
PMDB]?", disse. Ele disse ainda
que o governo está "loteando" o
comando de outros órgão públicos, como a Anatel e a Funasa, com fins eleitoreiros.
O líder da oposição no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR),
também disparou contra o governo. "É o pagamento de parte
da fatura, é a barganha pelo fato
de o PMDB não ter lançado
candidato próprio [à Presidência]. Vale tudo neste jogo sujo
para a reeleição do presidente."
"Os Correios, que foram palco de todo o escândalo, é mais
uma vez moeda de troca",
acrescentou o tucano, em referência à antiga direção da estatal, que era dividida entre
PMDB, PTB e PT antes do escândalo do mensalão.
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