São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Como Jânio, Alckmin quer "varrer" corrupção

Candidato tucano endossa discurso do governador Cláudio Lembo, segundo quem tucano irá "passar a vassoura" em Brasília

Ex-secretário de Jânio na Prefeitura de São Paulo, governador paulista faz uso de lema histórico durante evento no clube Pinheiros

CATIA SEABRA
DA ENVIADA ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, abriu oficialmente sua campanha ontem em São Paulo ao lado do ex-prefeito José Serra, que disputa a eleição para o governo do Estado, evocando um antigo símbolo do presidente Jânio Quadros: a vassoura.
Em evento no clube Pinheiros, o governador Cláudio Lembo (PFL), que foi secretário de Jânio Quadros na Prefeitura de São Paulo, foi o primeiro a citar a vassoura em discursar. Segundo ele, Alckmin, se eleito, irá "passar a vassoura em Brasília, lavar Brasília", referindo-se às acusações de corrupção contra o presidente Lula (PT).
Ao concluir seu discurso, Alckmin aproveitou a deixa: "[Queremos ganhar a eleição] para o Brasil andar mais depressa, para os serviços públicos melhorarem e, acima de tudo, como disse aqui o doutor Lembo, para varrer a corrupção. Vamos lá companheiros".
Jânio Quadros (1917-1992) começou a utilizar o símbolo da vassoura em sua campanha para prefeito de São Paulo, em 1953, quando prometeu fazer "uma limpeza nos órgãos públicos". Eleito, repetiu o slogan nas campanhas a governador do Estado, em 1954, e a presidente da República em 1960.
Antes, o candidato tucano já tinha criticado o presidente na condução da crise do gás na Bolívia e citou reportagem publicada ontem pela Folha, segundo a qual o ex-ministro e ex-deputado José Dirceu, cassado pela Câmara em novembro passado, agiu, em abril último, como emissário de Lula na negociação com o país vizinho.
"O jornal de hoje traz que o ex-primeiro-ministro estava lá [na Bolívia] com [o presidente] Evo Morales antes da expropriação. O governo brasileiro tinha conhecimento do que ia ser feito e teve posição dúbia, submissa, não defendendo o interesse nacional", disse.
Ao chegar ao evento, Alckmin também ironizou o fato de o tesoureiro da campanha de Lula, José de Filipi Jr., ter afirmado que um tio seu emprestou o dinheiro dado por ele em uma garantia judicial. "Quem não gostaria de ter um tio bacana desse jeito?" Questionado sobre se iria atacar Lula na campanha, Alckmin se utilizou de slogan informal do petista na campanha de 2002, dizendo que seria "paz, amor e trabalho". Em 2002, o petista se intitulava "Lulinha paz e amor".
O evento à noite em São Paulo foi pobre em propaganda partidária. "É um campanha que começa sob o signo da austeridade", disse Serra, na tentativa de justificar a ausência de bandeiras, adesivos e cartazes.

Florianópolis
Em seu primeiro evento oficial na campanha eleitoral, em Florianópolis, Alckmin estreou ontem sem jingle, santinho, adesivos, bandeiras ou marqueteiro contratado. Não existe sequer foto do candidato -são usadas as de 2002. Apenas um slogan feito pelo próprio partido e assessores.
O tucano participou à tarde de evento organizado por Luiz Henrique da Silveira (PMDB), candidato à reeleição ao governo de Santa Catarina, e pelo PSDB e PFL. A ordem do candidato é para que só sejam realizados gastos após as primeiras doações financeiras serem computadas.
Outro problema é a contração de Luiz Gonzalez para comandar a comunicação da campanha. Segundo a Folha apurou, até ontem o contrato com ele não havia sido fechado.


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