São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO

Como Lula, Crivella faz carta anti-rejeição

Líder na disputa pela prefeitura, senador lança manifesto para "derrubar preconceito" sobre sua ligação com a Igreja Universal

Orientado pelo marqueteiro Duda Mendonça, candidato afirma que não será prefeito de uma instituição religiosa e diz assegurar liberdades


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Líder na pesquisa Datafolha para a Prefeitura do Rio com 26%, mas também alvo da maior rejeição, 29%, o candidato Marcelo Crivella (PRB) repetiu ontem gesto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2002: lançou uma "Carta ao Povo do Rio de Janeiro", assumidamente inspirada na "Carta ao Povo Brasileiro" de seis anos atrás.
O marqueteiro de Crivella é Duda Mendonça, o mesmo de Lula em 2002. Se o petista queria "tranqüilizar o mercado, os empresários e os eleitores", como lembrou textualmente Crivella em seu manifesto, o senador integrante da Iurd (Igreja Universal do Reino de Deus) teme que sua filiação religiosa lhe tire votos. "Gostaríamos de que essa carta pudesse de alguma forma derrubar preconceitos", afirmou em entrevista.
Em três páginas e 12 itens, sua carta reconhece que a candidatura gera "inquietações naturais". Para diminuir as resistências, Crivella prometeu não ter entre os secretários municipais nenhum membro da Iurd. Ele não citou o nome da agremiação. Referiu-se a ela como "minha Igreja". "Não serei de forma alguma o prefeito de uma instituição religiosa."
Comprometeu-se a assegurar a "liberdade religiosa" e a "liberdade de expressão". Em todo o país, pastores e fiéis da Iurd acionam judicialmente jornalistas e empresas jornalísticas -inclusive a Folha- que veicularam reportagens sobre a Universal.
Depois de criticar há três meses o concorrente Fernando Gabeira (PV) por defender "homem com homem", Crivella agora promete "reprimir qualquer manifestação homofóbica". "A base de meu governo será o respeito à diversidade."
Em referência ao Carnaval, o antigo pastor da Universal pediu: "Não temam qualquer tentativa de patrulhamento sobre o estilo desta festa popular".
Embora seu manifesto prometa tratar todas as organizações jornalísticas de "forma igualitária", em entrevista ontem de manhã Crivella alfinetou "setores da mídia terrivelmente desfavoráveis à nossa campanha". A TV Record é ligada à Iurd.
Crivella sublinhou na carta sua associação ao presidente, com quem quem disse ter "grande amizade".
O senador pulou de 20% da intenção de votos no levantamento Datafolha anterior, em março, para 26%, nove pontos percentuais a mais que a segunda colocada, Jandira Feghali (PC do B). A pesquisa divulgada ontem, porém, foi a primeira após as coligações terem definido oficialmente os candidatos de cada partido.
Em março, a ex-deputada tinha 18%, em empate técnico com Crivella. Ambos são da base eleitoral de Lula, que deve ficar fora dos palanques cariocas no primeiro turno.
Crivella voltou a defender ontem seu projeto Cimento Social. No morro da Providência, no Rio, militares do Exército que atuavam no projeto entregaram a traficantes três jovens, que foram mortos.
Os principais candidatos saíram às ruas em campanha. Em terceiro lugar, estão empatados tecnicamente Solange Amaral (DEM), Eduardo Paes (PMDB) e Gabeira. Sobre o Datafolha, Jandira disse não se "preocupar": "Damos a largada numa posição muito boa. Essa distância entre o primeiro e o segundo tem variado muito".
Solange, candidata do prefeito Cesar Maia (DEM), afirmou que "as pesquisas estão começando a pegar o que a população está desejando".
Apoiado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), Paes disse que "os adversários estão fazendo campanha há um ano. Então, é excepcional estar embolado em terceiro".
Gabeira ressaltou que "o processo está apenas começando".


Texto Anterior: Calendário
Próximo Texto: Eleições 2008 - Entrevista/Oded Grajew: Eleitor deve decidir inelegibilidade de candidato no voto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.