|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Corrêa critica
"açodamento"
do Legislativo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa,
criticou ontem o "açodamento"
com que a Câmara está votando a
reforma da Previdência e sugeriu
a inconstitucionalidade do subteto salarial do Judiciário dos Estados se ele for fixado em 85,5% do
que ganham ministros do STF.
"O que nos preocupa é o açodamento, a pressa com que a questão está sendo votada no Congresso, mas isso não justifica atos
de violência que estão sendo praticados por pessoas que se encontram do outro lado e que pretendem ingressar no Congresso quebrando bens da União. Isso absolutamente só atrapalha."
Sobre a eventual inconstitucionalidade do subteto de 85,5%, defendido pelo governo anteontem,
o ministro evitou ser categórico,
dizendo que a questão será questionada no STF futuramente e que
a antecipação de seu voto o tornaria impedido de julgar a causa.
Sugeriu que somente o percentual
de 90,25%, como querem os juízes, seria válido. "Reafirmo que é
constitucional a obediência ao inciso 5º do artigo 93, que estabelece
exatamente esses 90,25% para os
desembargadores."
Corrêa também fez críticas às
propostas em relação ao fundo de
pensão complementar dos magistrados. Os juízes dizem que somente o próprio Judiciário poderia propor lei regulamentando o
funcionamento do fundo de pensão que complementará a aposentadoria dos futuros magistrados, mas a proposta transfere a
iniciativa ao Executivo. Os atuais
terão aposentadoria integral.
Sobre esse fato, Corrêa afirmou:
"Se a emenda reservasse, como
havíamos pretendido, a iniciativa
para os Poderes Legislativo e Judiciário, porque serão fundos públicos dos juízes e dos deputados,
atenderia na plenitude o que se
esperava dos pontos fundamentais que nós postulamos."
O presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), ministro Nilson Naves, disse que o Judiciário
"dará a última palavra sobre a reforma", ao comentar a polêmica
sobre o subteto. Anteontem, o
presidente da AMB (Associação
dos Magistrados Brasileiros),
Claudio Baldino Maciel, disse que
irá mover uma ação direta de inconstitucionalidade no STF caso
seja mantido o limite de 85,5%.
Texto Anterior: Wall Street elogia votação, mas vê "perigos" Próximo Texto: Crise dos municípios: Prefeitos articulam protesto em Brasília Índice
|