São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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Meirelles é o que o país precisa, afirma Palocci

ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O ministro Antonio Palocci (Fazenda) fez ontem sua até agora mais enfática defesa dos presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb.
Palocci descartou a saída dos dois de seus cargos e afirmou que "o governo brasileiro, o presidente Lula e os ministros, em particular este ministro da Fazenda, darão todo o apoio pessoal e profissional aos presidentes do BC e do BB".
O ministro deu as declarações em Belo Horizonte, onde participou, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros, de evento no qual estavam presentes representantes da indústria de todo o país. Palocci falou sobre as denúncias envolvendo Meirelles e Casseb depois de anunciar um conjunto de medidas de política econômica que atenderam, em grande parte, a pedidos do setor industrial.
Ele afirmou que o governo, "de forma nenhuma, pensaria em tomar atitude diferente da que está sendo tomada. A [atitude] de apoio integral aos presidentes [dos dois bancos], de permitir que os esclarecimentos sejam feitos e que nós possamos cuidar das coisas que o BC deve cuidar, que os bancos públicos devem cuidar e que o governo deve cuidar".
O ministro disse avaliar que o presidente do BC está hoje "mais forte" do que antes das denúncias. Para Palocci, Meirelles mostrou moderação ao responder às denúncias, comentando, inclusive, temas sobre os quais não é obrigado a falar.
"Ele colocou e debateu assuntos sobre os quais não tem obrigação de debater, porque dizem respeito ao seu sigilo pessoal. Mais e mais o presidente Meirelles demonstra que, pela sua serenidade, sua seriedade e sua postura de homem público é o presidente que o Brasil precisa para um Banco Central forte e adequado para o desenvolvimento da nossa política monetária."
Palocci declarou ainda que "lamentava" o fato de as denúncias estarem sendo feitas de maneira que ele disse considerar inadequada.

Ganhos registrados
Palocci disse acreditar que tanto Meirelles quanto Casseb fizeram afirmações "cabais" de que os seus recursos são provenientes de ganhos "formais e registrados". O ministro da Fazenda também afirmou que tem "certeza e segurança de que pessoas do nível deles trataram e têm tratado adequadamente os registros e procedimentos de seus ganhos".
Sem mencionar a última denúncia da revista "IstoÉ", Palocci afirmou que Meirelles havia conversado ontem com ele por telefone. "Disse que um jornalista o procurou porque ele tem um pequeno terreninho no interior de um Estado que está declarado com valor de R$ 1 e falou que é um terreno que ele nem sabe."
Para o ministro, a denúncia não fazia sentido, já que, segundo ele, se o presidente do BC registrasse um terreno com valor baixo, acabaria pagando mais impostos quando o vendesse. (MARCELO BILLI)


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