DA REPORTAGEM LOCAL

O PT avaliou que a prefeita Marta Suplicy saiu-se bem no debate promovido pela TV Bandeirantes, anteontem à noite, mas teve seu melhor momento quando fugiu do script que lhe foi preparado para parecer tranqüila e sem agressividade.
Integrantes da campanha da prefeita admitiram que as recomendações de adotar uma linha "paz e amor", procurando sorrir e, principalmente, não demonstrar arrogância, acabaram engessando a candidata num primeiro momento.
A pestista procurou seguir orientações de seu marqueteiro, Duda Mendonça. Rui Falcão, candidato a vice da prefeita, chegou a confidenciar ao senador Aloizio Mercadante, na platéia, que Duda recomendara que Marta mantivesse um ar sereno, alegando que um olhar pode valer mais que muitas palavras.
No quarto bloco, quando abandonou o roteiro e passou a ser "espontânea", saiu-se melhor, segundo avaliação de integrantes da coordenação da campanha. Foi nesse momento que ela falou dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e teve oportunidade de abordar os problemas na saúde, área onde enfrenta dificuldades e que foi fartamente explorada pelos adversários.
Para Ítalo Cardoso, coordenador-geral da campanha da petista, "Marta foi transformada na principal figura do debate". A prefeita afirmou que "é natural" que todos os ataques tenham sido dirigidos a ela. "São todos oposição. Foi absolutamente normal. Não é muito confortável, mas é normal", disse ontem à tarde.
Mesmo assim, o comando da campanha petista nem pensa em não participar do próximo encontro de candidatos. A avaliação é que, embora seja o alvo preferencial, Marta também pode aproveitar o espaço para falar de suas realizações e fazer promessas, como no caso da saúde.
Cardoso avaliou que a prefeita "demonstrou sinceridade ao admitir as dificuldades".
Para o senador Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado, Marta demonstrou "serenidade e conhecimento". Além disso, Mercadante comemorou o fato de a administração Lula não ter sido objeto de ataque.
Embora tenha elogiado o desempenho da ex-mulher, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) só fez reparos a um ponto: quando a prefeita perguntou a Maluf sobre a dívida da cidade. Depois de "levantar a bola" para Maluf, permitindo que ele expusesse um dos principais problemas enfrentados pelo ex-prefeito, Marta simplesmente sugeriu que o candidato do PP reconhecesse sua responsabilidade. Maluf não admitiu.
"Pensei que Marta tivesse alguma coisa a apresentar a partir dali. Mas não", comentou Suplicy.
Depois do debate, Marta e o marido, Luis Favre, foram comemorar em um restaurante no centro. Estavam presentes secretários municipais, o deputado federal José Mentor (PT) e o candidato a vice. O grupo comeu pizza e tomou vinho Corvo di Salaparuta.

Adversários
Já o candidato José Serra (PSDB) afirmou ter se sentido vitorioso após tomar conhecimento do resultado de um levantamento qualitativo feito pelo partido durante o debate. A enquete feita pelo sistema "view facs" -aparelhos monitoram telespectadores- apontou que Serra teve avaliações positivas (36%), seguido de Maluf (20%) e Marta (14%).
Serra negou que tivesse feito uma dobradinha com o candidato do PDT, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, como acusaram os petistas. "Só queria falar de desemprego, e ele era interlocutor ideal", declarou.
A vitória também foi considerada por Paulo Maluf (PP). O ex-prefeito disse que sua coordenação de campanha fez uma pesquisa de telemarketing, com cem eleitores, e o deixou "muito feliz". Segundo essa pesquisa, Maluf teve 32% de aprovação, Marta, 23%, e Serra, 20%. "Fui bem porque conheço melhor a cidade e estava de bom humor."
Principal crítica de Marta durante o debate, a candidata do PSB, Luiza Erundina, voltou a atacar a petista. Erundina considerou que seu desempenho foi "bom", mas disse que Marta "fugiu de todas as perguntas e não respondeu". (CHICO DE GOIS, CÁTIA SEABRA, RICARDO BRANDT e LILIAN CHRISTOFOLETTI)


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