Sociólogo Hugo Acero se reuniu com democratas em três Estados, mas não com Kassab

Descrevendo-se como "um neoliberal de esquerda", ele propõe conjugar repressão policial e políticas sociais: "Mão branda, mão dura"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O DEM "importou" da Colômbia um especialista em segurança pública para conselheiro de seus candidatos na corrida municipal. Secretário de Segurança de Bogotá por nove anos (1995 a 2003), o sociólogo Hugo Acero se reuniu com os democratas em Porto Alegre, Florianópolis e Salvador. Além do transporte e hospedagem, o DEM pagou uma ajuda de custo -"honorários que permitem manter-me aqui", declarou Acero. De passagem ontem por São Paulo, porém, ele não se encontrou com o prefeito Gilberto Kassab, a maior aposta do DEM nestas eleições.
Motivo: Acero esteve 13 dias antes com o tucano Geraldo Alckmin, adversário de Kassab. Procurado pela equipe do ex-governador, Acero recebeu Alckmin por duas horas num café da manhã em Bogotá.
No Brasil, Acero -que é consultor da ONU- encarou a situação com naturalidade. "Na Colômbia, quando o assunto é segurança, não brigamos politicamente", disse, lamentando que no Brasil a segurança tenha virado uma "bandeira política".
"É um erro. Na rua, o delinqüente não te pergunta se é do PT e do PSDB", acrescentou ele, após palestra na Fundação Armando Álvares Penteado.
Presidente da Fundação Liberdade e Cidadania, vinculada ao DEM, o deputado José Carlos Aleluia (BA) justificou a decisão de trazer Acero para dar palestras ao partido. "Queremos nossos candidatos engajados na luta pela segurança". Definindo-se como "um neoliberal de esquerda", ele defendeu na Faap que os prefeitos sejam mais atuantes no combate à violência e propôs intervenções integradas conjugando a ação policial com políticas sociais: "Mão branda. Mão dura".
Mais tarde, em Salvador, o sociólogo foi recebido pelo deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) e participou de um debate com candidatos a vereador e deputados. "Sem liderança política, não adianta colocar em prática qualquer plano", disse Acero, para quem o combate à violência pressupõe a realização de obras nas áreas carentes: "É preciso construir escolas, postos de saúde, levar cidadania às pessoas". E aconselhou: "Com a globalização, os investidores escolhem países economicamente estáveis e seguros para desenvolver os seus projetos".