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SUCESSÃO
Presidente divulga as metas dois dias depois de o adversário petista ter lançado seus planos para o setor
Milagre não combate desemprego, diz FHC
da Agência Folha, em Salvador
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse que não se combate o desemprego com ações milagrosas e inexequíveis. "Não há
milagre nessa matéria. O que há é
trabalho e competência."
FHC falou durante cerimônia de
anúncio de novas medidas para
combater o desemprego, no Palácio do Planalto, lançadas dois dias
após o candidato petista à Presidência da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, divulgar os planos
dele para o setor.
Lula disse que, se eleito, vai gerar
cerca de 15 milhões de empregos
investindo R$ 12 bilhões ao ano.
Para o comando da campanha de
FHC, a proposta é "fantástica".
"Não adianta fixar metas abstratas porque elas não se cumprem
quando não há as engrenagens que
levem à sua consecução", afirmou
FHC. "Far-se-á o que for necessário. Não vamos prometer milagres
nem metas inexequíveis porque
temos responsabilidade", disse.
Segundo FHC, várias medidas de
redução do desemprego vêm sendo tomadas "dentro dessa visão
responsável". "Nós vamos combater o desemprego com a mesma
energia com que no passado combatemos a inflação. É um processo. Estamos na expectativa de que
haverá uma melhora crescente nos
índices de desemprego."
Era Vargas
FHC afirmou, mais uma vez,
que as medidas anunciadas ontem
pelo governo vão encerrar o período da "Era Vargas" no tratamento dispensado aos trabalhadores.
Ele classificou a legislação trabalhista desse período como "fascista" -cuja expressão maior é a
CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho), de 1943-, inspirada
nas idéias do italiano Benito Mussolini. "Será uma página virada
da nossa história."
"Estamos abrindo uma discussão importante no conjunto dessa
matéria e que terá eco nas centrais
de trabalhadores, como a CUT
(Central Única dos Trabalhadores), a CGT (Central Geral dos
Trabalhadores) e a Força Sindical", disse FHC.
O presidente citou como exemplos de mudanças que devem
ocorrer o fim do imposto sindical
(cobrado pelos sindicatos e que
equivale a um dia de trabalho por
ano), as vantagens que os juízes
classistas possuem e certas funções da Justiça Trabalhista, que
segundo ele, "são anacrônicas".
Críticas
Ontem, na Bahia, o candidato
petista disse que lamentava o fato
de o presidente não apresentar
uma proposta convincente para a
redução do desemprego e para o
aumento da capacidade produtiva
do país.
"A dois meses da eleição, o presidente está perdido. Ele deveria
ter pensado no desemprego há
três anos, quando lançou o maior
programa de desemprego do
país", disse Lula.
O candidato disse também que a
proposta de dispensa temporária
anunciada pelo governo favorece
os empresários e prejudica os trabalhadores.
(RENATA GIRALDI, WILLIAM FRANÇA e
CHRISTIANNE GONZÁLEZ)
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