São Paulo, sexta, 7 de agosto de 1998

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SUCESSÃO
Presidente divulga as metas dois dias depois de o adversário petista ter lançado seus planos para o setor
Milagre não combate desemprego, diz FHC

da Agência Folha, em Salvador

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse que não se combate o desemprego com ações milagrosas e inexequíveis. "Não há milagre nessa matéria. O que há é trabalho e competência."
FHC falou durante cerimônia de anúncio de novas medidas para combater o desemprego, no Palácio do Planalto, lançadas dois dias após o candidato petista à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgar os planos dele para o setor.
Lula disse que, se eleito, vai gerar cerca de 15 milhões de empregos investindo R$ 12 bilhões ao ano. Para o comando da campanha de FHC, a proposta é "fantástica".
"Não adianta fixar metas abstratas porque elas não se cumprem quando não há as engrenagens que levem à sua consecução", afirmou FHC. "Far-se-á o que for necessário. Não vamos prometer milagres nem metas inexequíveis porque temos responsabilidade", disse.
Segundo FHC, várias medidas de redução do desemprego vêm sendo tomadas "dentro dessa visão responsável". "Nós vamos combater o desemprego com a mesma energia com que no passado combatemos a inflação. É um processo. Estamos na expectativa de que haverá uma melhora crescente nos índices de desemprego."
Era Vargas
FHC afirmou, mais uma vez, que as medidas anunciadas ontem pelo governo vão encerrar o período da "Era Vargas" no tratamento dispensado aos trabalhadores.
Ele classificou a legislação trabalhista desse período como "fascista" -cuja expressão maior é a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), de 1943-, inspirada nas idéias do italiano Benito Mussolini. "Será uma página virada da nossa história."
"Estamos abrindo uma discussão importante no conjunto dessa matéria e que terá eco nas centrais de trabalhadores, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a CGT (Central Geral dos Trabalhadores) e a Força Sindical", disse FHC.
O presidente citou como exemplos de mudanças que devem ocorrer o fim do imposto sindical (cobrado pelos sindicatos e que equivale a um dia de trabalho por ano), as vantagens que os juízes classistas possuem e certas funções da Justiça Trabalhista, que segundo ele, "são anacrônicas".

Críticas
Ontem, na Bahia, o candidato petista disse que lamentava o fato de o presidente não apresentar uma proposta convincente para a redução do desemprego e para o aumento da capacidade produtiva do país.
"A dois meses da eleição, o presidente está perdido. Ele deveria ter pensado no desemprego há três anos, quando lançou o maior programa de desemprego do país", disse Lula.
O candidato disse também que a proposta de dispensa temporária anunciada pelo governo favorece os empresários e prejudica os trabalhadores.
(RENATA GIRALDI, WILLIAM FRANÇA e CHRISTIANNE GONZÁLEZ)



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