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JANIO DE FREITAS
Os estarrecidos
As eminências do PSDB ainda não perceberam que só eles imaginaram Geraldo a bater asas numa ascensão gloriosa
O QUE MAIS ESTARRECE, na
atual campanha, é que as
eminências do PSDB se estarreçam com a capacidade do seu
correligionário Geraldo de não se
mover. Ainda não perceberam que
só eles imaginaram o seu Geraldo a
bater asas em uma ascensão gloriosa, vencido o adversário pela exposição, para o eleitorado, das mazelas morais com que o partido e o governo o brindaram.
O fato de as eminências preferirem, lá atrás, José Serra a Alckmin
não significa a inexistência de sua
ilusão. Convictos de que Alckmin
seria pesado demais para decolar,
os líderes do PFL acabaram dobrados pela argumentação das eminências do PSDB, a partir de dois
pontos principais: Alckmin preparava desde muito tempo as condições para enfrentar Lula ou outro;
e já na preliminar, dentro do partido, demonstrara-se preparado para as batalhas, com um jogo que punha Serra e o comando partidário
contra a parede. O PFL cedeu.
As eminências, bem ilustradas
por Fernando Henrique, puseram
suas apostas na persistência, como
linha mestra de campanha, da acusação de ligações de Lula, em pessoa, com o valerioduto e com corrupção administrativa. Geraldo,
em marcha lenta, afinal cedeu. Mas
nem por isso avançou. Com os insultos e acusações, não era para
avançar alguma coisa?
Se a marca de comprometimento com a corrupção, seja a acionada
pelo PT ou a havida nos desvãos do
governo, devesse forçosamente se
apegar em Lula, já se teria mostrado, no mínimo, desde o auge dos escândalos. Isso não ocorreu, como
desde então tudo demonstrou a todos, para assombro geral. Não haveria de ser a rememoração adjetiva e sucinta que faria o que escândalos estonteantes não fizeram.
Muito menos se conduzida pelo
Geraldo monocórdico e pouco afeito ao papel de combatente.
A existir, a vulnerabilidade de
Lula estaria na confrontação objetiva entre os seus compromissos de
candidato e sua ação/inação de governante. Entre os feitos que atribui ao governo e as glórias que se
concede e, de outra parte, as realidades, os dados comprováveis, os
descaminhos. Haveria certo risco,
é verdade, de comparações com deficiências equivalentes do governo
do PSDB. Mas a linha de acusações
morais conduz ao mesmo, que o governo de Fernando Henrique Cardoso saiu de cena levando nas costas
as privatizações, o Sivam com a Raytheon, o Proer com o Banco Nacional, e não só.
Mas o PSDB, com sua candidatura
e com a campanha desastrada que
faz, presta um serviço informativo.
É um concentrado paulista de sociólogos, economistas, advogados, a
Universidade de São Paulo e o Mackenzie no varejo e a granel, o partido
que tem, autenticamente, a fisionomia da classe dominante (paulista
mas, por isso mesmo, a classe dominante no Brasil). E tudo o que sai
dessa representação política, quando se trata de nada menos do que escolher o dirigente do país, está na
mediocridade de sua campanha medíocre e na pesquisa do seu percentual fracassado.
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