São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Novos jogadores

Nos sites dos jornais britânicos, "Tony Blair em crise" (Guardian), "Revolta anti-Blair" (Times), "Renúncias em massa" (Telegraph).
Sete membros do gabinete saíram, pressionando o primeiro-ministro a renunciar em favor de Gordon Brown, das finanças. Em sites de EUA e Europa, como NYT.com, comparações com "os últimos dias de Margaret Thatcher".

 

Não por acaso, ontem o "Wall Street Journal" publicou longo artigo de Gordon Brown, "O retrocesso protecionista". Em tom de estadista, avisa que "um mundo mais cético tende hoje a um novo e perigoso protecionismo", com a volta do "populismo" na América Latina, dos "campeões nacionais" na Europa e das "conclamações protecionistas" nos EUA.
Dizendo-se defensor do "livre comércio e dos valores da liberdade e da democracia", propõe reagir ao "colapso da rodada Doha", sinal "mais preocupante" dos novos tempos, e buscar "pontos comuns dos jogadores-chaves, especialmente América, Europa, Índia e Brasil". Deste último, em particular, diz que "poderia e deveria ir além da promessa de reduzir tarifas de produtos industriais a um teto de 30%".

21 DESCONTENTES
Brown, no artigo, cita com esperança a reunião do G20 no Rio, no fim de semana. São os países em desenvolvimento liderados por Brasil e Índia. Além dos 21 membros, confirmaram presença o diretor-geral da OMC, a representante comercial dos EUA, o comissário europeu de comércio e um ministro do Japão. Mas o Itamaraty, segundo a BBC Brasil, avisa que não espera qualquer "negociação":
_ Eles não vêm no Rio para negociar, mas para manifestar seu descontentamento com a suspensão das conversas e pedir o relançamento de Doha o mais rápido possível.

2 MULTINACIONAIS
Em que pesem artigos e entrevistas de governantes sobre Doha, o que mais consome a cobertura de Brasil são as novas multinacionais. "Financial Times" e "WSJ" deram ontem que a concorrente da Vale do Rio Doce pelo controle da canadense Inco desistiu. O "FT" prevê que a Vale segue sozinha, com pouca chance de novo competidor. O "WSJ" pensa diferente.
De outro lado, o site do mesmo "WSJ" anuncia que a Petrobras, outra gigante de commodities, vai entrar no índice Dow Jones de "sustentabilidade", para empresas de "responsabilidade social".

guardian.co.uk/Reprodução
DO XINGU O "Guardian" abriu suas páginas ontem para longos depoimentos _ou artigos_ de dois índios do Xingu, Kamalurre Mehinaku e Kawari Enawene Nawe.

Em tom de revolta, eles questionam a poluição dos rios Xingu e Preto, a construção de hidreléticas e sobretudo o avanço da soja. E nomeiam, para variar, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, "o rei da soja", como seu maior alvo. "Ele é muito mau, porque ele não se preocupa com os animais e plantas e árvores, ele só se preocupa com dinheiro", afirma Nawe, pedindo socorro aos países europeus.

DERRAPOU
Anteontem, o "Jornal Nacional" abriu a câmera para Lula prometer "mais investimentos para a ciência, a tecnologia e a educação", para dizer que "o próximo presidente terá que seguir três objetivos: desenvolvimento, distribuição de renda e educação de qualidade". Para falar até em "revolução na educação".
Foi demais para o ex-blogueiro Cesar Maia, prefeito pefelista do Rio, que iniciou o dia de ontem, em seu e-mail, bradando "Derrapagem!" do telejornal _cuja cobertura "se mantinha basicamente neutra, mas" no dia foi "inteiramente favorável a Lula":
_ Poderia ter questionado de onde vai sair o dinheiro.

ESTADISTA
FHC, em meio a conclamações ao lacerdismo no Brasil, é lembrado como uma voz pela sobriedade no México.
O ex-chanceler Jorge G. Castañeda, em artigo no "New York Times" de ontem, levantou idéias para tirar seu país da crise institucional _com um líder de oposição que não reconhece o resultado e um eleito que não foi além de um terço do voto.
Castañeda propõe ao eleito, conservador, que "triangule para a esquerda" _e sugere que "um grupo de estadistas históricos" convença o derrotado, um esqu erdista com ares populistas. No tal grupo, além de FHC, os ex Felipe González e Bill Clinton.

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@ - Nelson de Sá


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