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Por CPMF, governistas ameaçam Serra e Aécio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre ameaças veladas e explícitas, o governo endureceu
ontem o discurso contra os
opositores da prorrogação da
CPMF, particularmente os governadores tucanos de São
Paulo e Minas Gerais.
Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
líderes governistas no Congresso disseram que a eventual extinção do tributo a partir de janeiro obrigaria o Executivo a
cortar investimentos do PAC,
com perdas para os Estados.
Em exposição na Câmara, o
secretário da Receita Federal,
Jorge Rachid, acenou com a alta de outros impostos ou contribuições, segundo ele, mais
danosos para os contribuintes.
"Nós vamos ser criativos, sem
dúvida, mas vai custar muito
para a sociedade."
Trata-se de uma escalada retórica iniciada na quarta-feira
pelo ministro Guido Mantega
(Fazenda), que previu perdas
para o Bolsa Família e outras
ações sociais em caso do corte
dos quase R$ 40 bilhões da arrecadação estimada para a
CPMF em 2008.
No mesmo dia, a bancada do
PSDB na Câmara, que apoiava a
prorrogação do tributo, havia
decidido mudar seu voto.
"O PAC tem R$ 10 bilhões para São Paulo e R$ 8 bilhões para
Minas. Os governadores vão ter
de decidir se vão querer que isso se realize ou não", disse o líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ), um dos participantes
do encontro com Lula. O presidente manifestou "estranheza"
com o comportamento dos tucanos, segundo o vice-líder do
governo Henrique Fontana
(PT-RS), referindo-se aos governadores José Serra e Aécio
Neves. "Esperávamos uma postura de maior maturidade."
Candidatos potenciais à sucessão de Lula, Serra e Aécio
encabeçam a ala do PSDB mais
propensa a concordar com a
prorrogação da CPMF até 2011,
primeiro ano do mandato do
próximo presidente. Ambos
também dependem do governo
federal para ampliar investimentos em seus Estados.
"A oposição tem responsabilidade em relação à situação fiscal do país, incluindo os recursos para os Estados que governa", disse Romero Jucá
(PMDB-RR), líder governista
no Senado. Para o líder tucano
na Câmara, Antonio Carlos
Pannunzio (SP), a intransigência do governo, que não concordou em reduzir a alíquota de
0,38% da CPMF nem em negociar outro tipo de desoneração,
levou à mudança do PSDB. "A
ameaça não intimida", disse.
Jorge Rachid considerou a
CPMF justa e eficaz, na audiência promovida no Congresso,
da qual participaram também
dois ex-secretários da Receita
Everardo Maciel e Osiris Lopes
Filho, além do filósofo Denis
Lerrer Rosenfield. Rachid chegou a calcular que, com o fim do
tributo, alíquotas do PIS/ Cofins teriam de subir dos atuais
9,25%, para cerca de 10,3%.
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