São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2000

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FORTALEZA
Declaração de presidenciável pode abrir caminho para apoio de seu partido ao candidato a prefeito Inácio Arruda (PC do B)
Ciro não descarta aliança com PT

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Derrotado por um candidato de uma frente de esquerda integrada pelo PT em Fortaleza, Ciro Gomes (PPS) afirmou ontem que uma aproximação com o partido de Lula faz parte de seu projeto para concorrer à Presidência em 2002.
"No meu projeto presidencial, não descarto uma aliança com a esquerda. O PT sempre esteve muito próximo de mim."
A declaração pode abrir as portas para um possível apoio de seu partido, no segundo turno, à candidatura de Inácio Arruda (PC do B), principal responsável pela derrota de sua candidata, Patrícia Gomes (PPS), no primeiro turno.
Inácio encabeça uma frente de esquerda da qual fazem parte PT, PDT, PSB e PCB. Ele enfrenta, no segundo turno, o prefeito da cidade, Juraci Magalhães (PMDB).
"Uma aliança com a esquerda não é, de forma alguma, descartada. Tenho uma identificação muito grande com a esquerda. Aliás, eu mesmo me enquadro na centro-esquerda, o que torna nossos projetos muito parecidos."
O presidenciável, de qualquer forma, preferiu não anunciar oficialmente o apoio a Inácio. Ele afirmou que a decisão final ficará por conta de Patrícia, sua ex-mulher. "Quando voltar da viagem que acabou de fazer, deve anunciar quem irá apoia", disse Ciro. Patrícia viajou anteontem para os Estados Unidos e deve voltar a Fortaleza antes do dia 19, quando termina sua licença na Assembléia Legislativa do Ceará.
Ciro foi ontem para o Rio, onde participará de eventos em apoio à candidatura de César Maia (PTB) à prefeitura local. A entrevista foi concedida à imprensa no aeroporto, pouco antes do embarque.
Na opinião de Ciro, a culpa pela derrota de Patrícia não foi do governador Tasso Jereissati (PSDB). "Tasso é um homem muito íntegro e sempre se dedicou à campanha de Patrícia." Ele também afirmou que a derrota de sua ex-mulher não atrapalha seu projeto presidencial. "Vou à luta", disse.
No domingo da eleição, Ciro afirmara que seria difícil uma aliança com Inácio, que segundo ele "foi desonesto durante a campanha". Inácio e Patrícia protagonizaram os momentos mais agressivos do primeiro turno, com trocas de acusação e discussões acirradas. Inácio chegou a chamar a candidata de "submissa ao Cambeba" - gíria local para governo do Estado, que a apoiava. Por outro lado, Patrícia acusou o candidato do PC do B de ser "machista e comunista". Na entrevista de ontem, Ciro só criticou Juraci. "Ficou claro no primeiro turno que o atual prefeito está ligado ao presidente Fernando Henrique, que liberou verbas do BNDES para derrotar Patrícia", disse, em referências a obras com verbas federais na cidade -que o prefeito nega terem sido eleitoreiras.



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