DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em discurso informal entre um tour de artesanato nordestino e uma tradicional paella espanhola no almoço, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a falta de prestígio da arte brasileira no exterior para lembrar que ainda faltam coisas para consertar no país.
"Este país tem tudo para deixar de ser um país em vias de desenvolvimento e ser um país definitivamente grande, respeitado e desenvolvido. Povo nós temos, criatividade nós temos. É preciso apenas consertar o que falta consertar para que as coisas entrem no eixo", disse o presidente Lula, na abertura de uma mostra de artesanato nordestino na Embaixada da Espanha, ontem em Brasília.
Lula, que enxugou o suor do rosto durante todo o ato, insistiu no tema do conserto, sem especificar as áreas que ainda precisam de ajuste. Usando a falta de divulgação do artesanato como mote, o presidente disse que somente é mostrado aquilo que o governo não pode consertar.
"Muitas vezes nós mostramos apenas aquilo que não temos como consertar, e aquilo que fazemos com a melhor qualidade, nem sempre temos políticas públicas para mostrar", disse.
O presidente se justificou: "Eu penso que nós estamos em um processo de aprendizado. Nós não temos que achar que podemos fazer em pouco tempo aquilo que não foi feito por anos".

Informalidade
Em seguida, Lula recebeu uma placa comemorativa dos eventos de cooperação promovidos pela Espanha e quase deixou o presente cair no chão. Mas o clima era de informalidade. Lula dispensou ajuda e buscou sozinho o estande com o microfone para falar.
Participaram do almoço governadores do Nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí e Sergipe) e oito ministros. Porém, não houve oportunidade para discussões políticas porque Lula se isolou com seus ministros em outra mesa. Aqueles que queriam aproveitar para cobrar de Lula mais empenho nas discussões da reforma tributária tiveram que se contentar com a paella, que foi elogiada.
O presidente e a primeira-dama, Marisa Letícia, fizeram ainda um pequeno tour pelos estandes de venda de artesanato, um para cada Estado nordestino. A arrecadação da feira de artesanato vai beneficiar 3.000 famílias.


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