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PR e PTB são destinos prediletos de infiéis
Siglas têm juntas na Câmara 80% de suas bancadas formadas por deputados que trocaram de partido com o mandato em curso
Parlamentares eleitos
pela oposição acabam indo
para legendas que foram
a base aliada Atraídos
emendas e cargos públicos
SILVIO NAVARRO
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Destino predileto para os deputados que decidiram aderir
ao governo Lula, PR e PTB têm
hoje mais de 80% de suas bancadas formadas por parlamentares que já trocaram de partido com o mandato em curso. O
índice é o maior entre os partidos com representação no
Congresso Nacional.
Levantamento feito pela Folha na base de dados da Câmara
mostra que, dos 41 deputados
do PR, 33 (80,5%) já migraram
de sigla alguma vez no exercício
da atividade parlamentar -deputado federal, estadual ou vereador. No PTB, dos 20 federais, 16 já trocaram de sigla.
"Não tinha regra, então era
possível. Se existisse lei proibindo ninguém teria mudado.
Acho perigoso se adotar a ditadura dos partidos", disse o líder
do PR, Luciano Castro (RR).
O ranking do troca-troca lista
na seqüência o nanico PSC,
com 67%; o PSB tem índice de
56,7%; e o PP, de 54%. Na contramão, as siglas que agregam
os deputados mais fiéis são o
PT (10%) e o PC do B (15,3%).
Para fazer o levantamento, a
Folha consultou a biografia
disponibilizada de cada um dos
513 deputados à Câmara. Contabilizado o número de trocas
de partido enquanto se ocupava um cargo legislativo, foi feito
um cruzamento com o tamanho atual das bancadas no Congresso Nacional.
Segundo o acervo da Câmara,
desde 1995 foram registradas
854 migrações partidárias
-média de 67 por ano. No primeiro mandato do presidente
Fernando Henrique Cardoso
(1995-1998), foram 211. Na segunda gestão (1999-2002), 302.
E no primeiro governo Lula
(2003-2006), 291. A atual legislatura, que começou em fevereiro, contabiliza 50.
No total, dos 513 deputados
em exercício na última sexta-feira, 223 (43,5%) já trocaram
de legenda como parlamentar.
O número de "infiéis" é ainda
maior se levados em conta cargos majoritários (governador,
prefeito, senador e presidente
da República): 303 (59%).
Ou seja, caso a nova regra da
Justiça Eleitoral que impôs a fidelidade partidária tivesse entrado em vigor no passado, teria atingido um número bem
maior de parlamentares. A regra foi chancelada na semana
passada pelo STF (Supremo
Tribunal Federal). Um grupo
de 15 deputados corre o risco de
perder o mandato.
Paraíso
Desde o primeiro mandato
do governo Lula, PR e PTB são
chamados de "paraíso" para
quem foi eleito por uma sigla de
oposição, mas acabava atraído à
base do governo em busca de
facilidades na liberação de verbas para emendas ao Orçamento e cargos públicos.
A emenda parlamentar é o
caminho para o deputado "retribuir" os votos recebidos nas
eleições com pequenas obras
em seu reduto eleitoral.
"A cada quatro anos esses
partidos saem fracos das urnas
e engordam durante o mandato. São partidos cuja plataforma é ser governo", disse o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), integrante de
um dos partidos que mais desidratou neste ano: elegeu 65 e
hoje tem 59.
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