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Líder de movimento pelo voto aos 16 anos em 1989 permanece na política
DA REDAÇÃO
No dia 25 de julho de 1989,
Manuela Pinho, 17, entregava
ao então presidente do TSE,
Francisco Rezek, um vídeo
que acabaria no horário eleitoral gratuito. Manuela liderava o "Se Liga 16", movimento para atrair os jovens para a
primeira eleição presidencial
pós-redemocratização.
"Era um momento especial
e o país inteiro vinha embalado pela redemocratização.
Acho que as famílias e a escola
estimulavam mais", relembra. Naquele ano, a 11 dias do
fim do prazo para o cadastramento, pouco mais de um milhão de pessoas de 16 e 17 anos
(de um total de quase seis milhões) haviam se habilitado
para a votação. O motivo, dizia a estudante Manuela aos
jornalistas, era o "descrédito
com a classe política".
Após 18 anos, a avaliação
não é tão diferente: "A população, e a juventude é uma camada importante, tem demonstrado insatisfação e falta de respeito pela atividade política. As Casas legislativas
têm que repensar sua interlocução na sociedade".
Formada em comunicação,
Manuela chegou a disputar,
pelo PV, a campanha de 1994
para deputada estadual, mas
não se elegeu. Depois disso,
trabalhou nas assessorias do
vereador Fernando Gusmão
(PCdoB) e do deputado Edson
Santos, que ganhou uma vaga
na Câmara Federal em 2006.
"Não tenho nada contra
Brasília, pelo contrário. Quase fui para lá. Se minha filha
tivesse cinco anos, teria ido",
conta Manuela, de volta ao gabinete de Gusmão, no Rio, que
não larga seu antigo slogan: "É
se liga 16 de novo porque continuo acreditando no processo eleitoral".
A administradora de empresas Cecília Lotufo, que
coordena a ONG Criança Segura, promete repassar lição
semelhante à filha de três
anos: "É preciso resgatar o entendimento de que o voto vai
fazer diferença".
Cecília ficou conhecida depois que uma foto sua foi parar nos jornais do dia 12 de
agosto de 1992. Aos 17 anos,
ela havia tirado seu título eleitoral para as eleições municipais. Mas estava na avenida
Paulista por outro motivo: a
primeira passeata contra Fernando Collor de Mello.
Foi lá que pintou no rosto a
palavra "Fora", usando seu
batom vermelho. "Meu colégio foi quase todo. Nosso grêmio chamava "Sem Comando", mas as pessoas eram interessadas em política", lembra.
"Eu tinha uma perspectiva de
que votar em uma pessoa resolveria tudo. Agora vejo um
caminho mais difícil: o voto é
essencial, mas também tem
que se participar da sociedade
civil."
(FBM)
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