São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Líder de movimento pelo voto aos 16 anos em 1989 permanece na política

DA REDAÇÃO

No dia 25 de julho de 1989, Manuela Pinho, 17, entregava ao então presidente do TSE, Francisco Rezek, um vídeo que acabaria no horário eleitoral gratuito. Manuela liderava o "Se Liga 16", movimento para atrair os jovens para a primeira eleição presidencial pós-redemocratização.
"Era um momento especial e o país inteiro vinha embalado pela redemocratização. Acho que as famílias e a escola estimulavam mais", relembra. Naquele ano, a 11 dias do fim do prazo para o cadastramento, pouco mais de um milhão de pessoas de 16 e 17 anos (de um total de quase seis milhões) haviam se habilitado para a votação. O motivo, dizia a estudante Manuela aos jornalistas, era o "descrédito com a classe política".
Após 18 anos, a avaliação não é tão diferente: "A população, e a juventude é uma camada importante, tem demonstrado insatisfação e falta de respeito pela atividade política. As Casas legislativas têm que repensar sua interlocução na sociedade".
Formada em comunicação, Manuela chegou a disputar, pelo PV, a campanha de 1994 para deputada estadual, mas não se elegeu. Depois disso, trabalhou nas assessorias do vereador Fernando Gusmão (PCdoB) e do deputado Edson Santos, que ganhou uma vaga na Câmara Federal em 2006.
"Não tenho nada contra Brasília, pelo contrário. Quase fui para lá. Se minha filha tivesse cinco anos, teria ido", conta Manuela, de volta ao gabinete de Gusmão, no Rio, que não larga seu antigo slogan: "É se liga 16 de novo porque continuo acreditando no processo eleitoral".
A administradora de empresas Cecília Lotufo, que coordena a ONG Criança Segura, promete repassar lição semelhante à filha de três anos: "É preciso resgatar o entendimento de que o voto vai fazer diferença".
Cecília ficou conhecida depois que uma foto sua foi parar nos jornais do dia 12 de agosto de 1992. Aos 17 anos, ela havia tirado seu título eleitoral para as eleições municipais. Mas estava na avenida Paulista por outro motivo: a primeira passeata contra Fernando Collor de Mello.
Foi lá que pintou no rosto a palavra "Fora", usando seu batom vermelho. "Meu colégio foi quase todo. Nosso grêmio chamava "Sem Comando", mas as pessoas eram interessadas em política", lembra. "Eu tinha uma perspectiva de que votar em uma pessoa resolveria tudo. Agora vejo um caminho mais difícil: o voto é essencial, mas também tem que se participar da sociedade civil." (FBM)


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