São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cresce número de votos brancos e nulos

Índice de eleitores que decidiram não votar em nenhum candidato subiu 22% em comparação com 2004

BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA

O índice de eleitores que optaram por não votar em nenhum candidato nas eleições deste ano nas capitais subiu 22% em relação às eleições municipais de 2004. Na média, segundo levantamento feito pela Folha, o índice de voto nulo ou branco nas 26 capitais foi de 7,8% -contra 6,4% de 2004.
Belo Horizonte, que teve campanha marcada por uma aliança entre PT e PSDB em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB), foi a capital com maior índice de voto nulo: 14,5%, ou 213.901 votos.
O número representa quase 24 mil votos a mais que a soma de todas as sete candidaturas que ficaram de fora do segundo turno na capital mineira.
De acordo com o cientista político da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Carlos Ranulfo, uma das explicações possíveis para o alto índice de votos em nulo ou branco em Belo Horizonte é a união do governador Aécio Neves (PSDB) e do prefeito Fernando Pimentel (PT) -ambos com alto índice de avaliação- em torno da candidatura de Lacerda.
"É plausível que eleitores que sempre votaram com candidatos do PT não tenham gostado da articulação feita com Aécio, e não tenham se visto contemplados por nenhuma candidatura. BH tem um eleitorado petista bem consistente", disse Ranulfo, que também apontou o que ele chamou de "eleição fria" como outra explicação para os 14,5% de nulos e brancos.
O Rio de Janeiro ficou em segundo lugar no ranking do voto nulo (12,7%), mas foi o que mais apresentou crescimento em relação a 2004. A taxa de votos nulos na cidade cresceu 78,9%, pulando de 263 mil para cerca de 480 mil votos nestas eleições.
Em termos regionais, os votos nulos foram predominantes nas regiões Sudeste e Nordeste. À exceção de Vitória (ES), todas as capitais do Sudeste apresentaram níveis de descontentamento com as candidaturas acima da média geral. No Nordeste, foram 5 de 9 capitais.

Descrença e repulsa
Segundo o cientista político Luiz Henrique Bahia, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o crescimento do voto nulo é conseqüência de um misto de "descrença" e "repulsa" à política.
"Primeiro, é uma descrença em relação ao sistema político. Depois, em relação aos candidatos que estão aí. As candidaturas que se apresentaram não satisfazem ao eleitor, então ele anula o voto", disse.
Em apenas três capitais houve queda no número de votos nulos em relação às últimas eleições. Duas delas -Maceió (AL) e Curitiba (PR)- registraram as vitórias mais folgadas entre as capitais, com o vencedor conquistando 81% e 77% dos votos, respectivamente.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Eleito em 1º turno, Costa diz que foi "julgado com sucesso" pelo povo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.