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Cresce número de votos brancos e nulos
Índice de eleitores que decidiram não votar em nenhum candidato subiu 22% em comparação com 2004
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA
O índice de eleitores que optaram por não votar em nenhum candidato nas eleições
deste ano nas capitais subiu
22% em relação às eleições municipais de 2004. Na média, segundo levantamento feito pela
Folha, o índice de voto nulo ou
branco nas 26 capitais foi de
7,8% -contra 6,4% de 2004.
Belo Horizonte, que teve
campanha marcada por uma
aliança entre PT e PSDB em
torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB), foi a capital
com maior índice de voto nulo:
14,5%, ou 213.901 votos.
O número representa quase
24 mil votos a mais que a soma
de todas as sete candidaturas
que ficaram de fora do segundo
turno na capital mineira.
De acordo com o cientista
político da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)
Carlos Ranulfo, uma das explicações possíveis para o alto índice de votos em nulo ou branco em Belo Horizonte é a união
do governador Aécio Neves
(PSDB) e do prefeito Fernando
Pimentel (PT) -ambos com alto índice de avaliação- em torno da candidatura de Lacerda.
"É plausível que eleitores que
sempre votaram com candidatos do PT não tenham gostado
da articulação feita com Aécio,
e não tenham se visto contemplados por nenhuma candidatura. BH tem um eleitorado petista bem consistente", disse
Ranulfo, que também apontou
o que ele chamou de "eleição
fria" como outra explicação para os 14,5% de nulos e brancos.
O Rio de Janeiro ficou em segundo lugar no ranking do voto
nulo (12,7%), mas foi o que
mais apresentou crescimento
em relação a 2004. A taxa de
votos nulos na cidade cresceu
78,9%, pulando de 263 mil para
cerca de 480 mil votos nestas
eleições.
Em termos regionais, os votos nulos foram predominantes
nas regiões Sudeste e Nordeste.
À exceção de Vitória (ES), todas
as capitais do Sudeste apresentaram níveis de descontentamento com as candidaturas
acima da média geral. No Nordeste, foram 5 de 9 capitais.
Descrença e repulsa
Segundo o cientista político
Luiz Henrique Bahia, da Uerj
(Universidade do Estado do
Rio de Janeiro), o crescimento
do voto nulo é conseqüência de
um misto de "descrença" e "repulsa" à política.
"Primeiro, é uma descrença
em relação ao sistema político.
Depois, em relação aos candidatos que estão aí. As candidaturas que se apresentaram não
satisfazem ao eleitor, então ele
anula o voto", disse.
Em apenas três capitais houve queda no número de votos
nulos em relação às últimas
eleições. Duas delas -Maceió
(AL) e Curitiba (PR)- registraram as vitórias mais folgadas
entre as capitais, com o vencedor conquistando 81% e 77%
dos votos, respectivamente.
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