São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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BH

"Fomos incompetentes", diz Lacerda

Candidato de PT e PSDB diz que campanha não conseguiu mostrar apoios recebidos e sentido da ampla aliança

Líder nas pesquisas, Lacerda (PSB) admite que pode ter havido uma acomodação da equipe e afirma que grupo passará por reestruturação


FERNANDA ODILLA
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Marcio Lacerda (PSB), candidato da aliança informal entre o PT e o PSDB à Prefeitura de Belo Horizonte, vai trocar de equipe para o segundo turno.
Procura um marqueteiro -o argentino Guillermo Raffo deixou a campanha- e terá ajuda em tempo integral de três deputados federais mineiros, coordenados por Virgílio Guimarães (PT-MG).
Lacerda reconheceu ontem em entrevista à Folha que sua campanha falhou ao não reagir a ataques adversários e por ter se acomodado com o crescimento rápido nas pesquisas eleitorais. "Fomos incompetentes", afirmou ele. Lacerda está no segundo turno contra Leonardo Quintão (PMDB).

 

FOLHA - Por que o apoio do governador Aécio Neves (PSDB) e do prefeito Fernando Pimentel (PT) não foi suficiente para liquidar a eleição em um só turno?
MARCIO LACERDA
- Quando crescemos muito rápido, eles [outros candidatos] se uniram contra mim em todos os debates, em campanha criminosa com panfletos anônimos, correntes de denúncias infundadas pela internet. Nós falhamos, demos pouca importância a isso porque eram denúncias sem pé nem cabeça. Mas muita gente de boa fé acreditou, diziam que o candidato milionário é corrupto.
Cartazes com minha foto pregados na madrugada dizendo: "Procura-se, mensalão".
Perdi muito voto por causa disso. Meu oponente soube aproveitar muito bem sem fazer ataque direto. Os outros atacaram e ele passou por bom moço.

FOLHA - Qual é o ponto forte e o ponto fraco de Leonardo Quintão?
LACERDA
- Ele é um bom ator. O fraco: eu diria que a identidade política ideológica dele é frágil e está no campo da direita, da velha política.

FOLHA - O sr. está reestruturando a coordenação da campanha e o governador Aécio Neves já anunciou que vai politizar mais o segundo turno. Como isso vai se refletir em ações práticas?
LACERDA
- Politizar significa mostrar com clareza quais são os apoios e o sentido dessa aliança. Não mostramos em nossa campanha a quantidade de adesões. Nós fomos incompetentes para mostrar isso.

FOLHA - Vocês vão mostrar que são de centro-esquerda e Leonardo Quintão, de direita?
LACERDA
- Ele que mostre qual é o campo dele. Ele já mudou de partido quatro vezes. Vamos procurar mostrar à população que é preciso sair do discurso emocional, de promessas vazias. Ele tem um perfil demagogo e não muito ético. O principal efeito negativo foi a campanha sórdida contra mim. Não foi a competência dele.

FOLHA - Qual é o perfil que o sr. espera para a sua coordenação de campanha?
LACERDA
- Como ficamos na liderança muito tempo, pode ter havido acomodação. Estamos montando uma estrutura maior, mais politizada, com três deputados federais em tempo integral, o deputado Virgílio [Guimarães] na coordenação geral. Vamos politizar mais.

FOLHA - É o momento de explorar menos a imagem dos padrinhos?
LACERDA
- Eu não sei. Há muita divergência sobre isso. Nós estamos fazendo uma análise mais técnica.


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