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BH
"Fomos incompetentes", diz Lacerda
Candidato de PT e PSDB diz que campanha não conseguiu mostrar apoios recebidos e sentido da ampla aliança
Líder nas pesquisas, Lacerda
(PSB) admite que pode ter
havido uma acomodação da
equipe e afirma que grupo
passará por reestruturação
FERNANDA ODILLA
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Marcio Lacerda (PSB), candidato da aliança informal entre o PT e o PSDB à Prefeitura
de Belo Horizonte, vai trocar de
equipe para o segundo turno.
Procura um marqueteiro -o
argentino Guillermo Raffo deixou a campanha- e terá ajuda
em tempo integral de três deputados federais mineiros,
coordenados por Virgílio Guimarães (PT-MG).
Lacerda reconheceu ontem
em entrevista à Folha que sua
campanha falhou ao não reagir
a ataques adversários e por ter
se acomodado com o crescimento rápido nas pesquisas
eleitorais. "Fomos incompetentes", afirmou ele. Lacerda
está no segundo turno contra
Leonardo Quintão (PMDB).
FOLHA - Por que o apoio do governador Aécio Neves (PSDB) e do prefeito Fernando Pimentel (PT) não foi
suficiente para liquidar a eleição em
um só turno?
MARCIO LACERDA - Quando crescemos muito rápido, eles [outros candidatos] se uniram
contra mim em todos os debates, em campanha criminosa
com panfletos anônimos, correntes de denúncias infundadas pela internet. Nós falhamos, demos pouca importância
a isso porque eram denúncias
sem pé nem cabeça. Mas muita
gente de boa fé acreditou, diziam que o candidato milionário é corrupto.
Cartazes com minha foto
pregados na madrugada dizendo: "Procura-se, mensalão".
Perdi muito voto por causa disso. Meu oponente soube aproveitar muito bem sem fazer ataque direto. Os outros atacaram
e ele passou por bom moço.
FOLHA - Qual é o ponto forte e o
ponto fraco de Leonardo Quintão?
LACERDA - Ele é um bom ator. O
fraco: eu diria que a identidade
política ideológica dele é frágil
e está no campo da direita, da
velha política.
FOLHA - O sr. está reestruturando a
coordenação da campanha e o governador Aécio Neves já anunciou
que vai politizar mais o segundo turno. Como isso vai se refletir em
ações práticas?
LACERDA - Politizar significa
mostrar com clareza quais são
os apoios e o sentido dessa
aliança. Não mostramos em
nossa campanha a quantidade
de adesões. Nós fomos incompetentes para mostrar isso.
FOLHA - Vocês vão mostrar que são
de centro-esquerda e Leonardo
Quintão, de direita?
LACERDA - Ele que mostre qual
é o campo dele. Ele já mudou de
partido quatro vezes. Vamos
procurar mostrar à população
que é preciso sair do discurso
emocional, de promessas vazias. Ele tem um perfil demagogo e não muito ético. O principal efeito negativo foi a campanha sórdida contra mim. Não
foi a competência dele.
FOLHA - Qual é o perfil que o sr. espera para a sua coordenação de
campanha?
LACERDA - Como ficamos na liderança muito tempo, pode ter
havido acomodação. Estamos
montando uma estrutura
maior, mais politizada, com
três deputados federais em
tempo integral, o deputado Virgílio [Guimarães] na coordenação geral. Vamos politizar mais.
FOLHA - É o momento de explorar
menos a imagem dos padrinhos?
LACERDA - Eu não sei. Há muita
divergência sobre isso. Nós estamos fazendo uma análise
mais técnica.
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