São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Áreas de classe média alçaram Gabeira para o segundo turno

Paes mostrou força na zona oeste, que tem 34,46% dos eleitores, e no subúrbio

Para cientistas políticos, os votos dos evangélicos, eleitores de Crivella, e os de esquerda, que optaram por Jandira, vão definir a eleição


DA SUCURSAL DO RIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

Uma onda que se ergueu no mar levou o deputado Fernando Gabeira (PV) ao segundo turno da disputa pela Prefeitura do Rio. Ele massacrou Eduardo Paes (PMDB) na zona sul, perto da praia, ganhou também na área mais nobre da zona norte, mas perdeu nas regiões mais pobres da cidade.
O ponto fraco de Gabeira -pelo mapa eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral- é a zona oeste, onde perdeu até para o senador Marcelo Crivella (PRB), que ficou em terceiro.
O resultado do primeiro turno mostrou Eduardo Paes com 31,98% dos votos válidos e Fernando Gabeira com 25,61%. Eles ficaram à frente de Marcelo Crivella (PRB) -19,06%-, e de Jandira Feghali -9,79%.
O mapa eleitoral mostra que Paes teve uma votação constante em todas as regiões. Seu desempenho nas zonas sul e norte foi afetado pela concentração em Gabeira.
O peemedebista mostrou força na zona oeste. Nesta região, que tem 34,46% do eleitorado carioca, Gabeira teve só 17,79% dos votos válidos, contra 34,53% de Paes. O peemedebista também superou Gabeira no subúrbio -local de classe média baixa e pobre, com 41,53% do eleitorado-, ganhando de 34,11% a 20,73%.
Nas áreas de classe média e alta, Gabeira teve ampla maioria. Na zona sul, obteve 53,3% dos votos válidos contra 22,11% de Paes. Nas áreas mais ricas da zona norte, teve 40,74% contra 26,5% de Paes.
Gabeira deve concentrar a campanha na zona oeste e pensa até em dormir dois dias na região. "Vamos tentar fazer com que essa vontade de mudança passe a se manifestar também na zona oeste", disse.
Paes deve conseguir o apoio da maioria dos partidos derrotados. A ampla base dos governos federal e estadual deve garantir ao menos a neutralidade das siglas. "Quero construir uma união no segundo turno que possa permitir a governabilidade. A Câmara saiu muito fracionada", disse Paes. Ele conversou ontem com lideranças de PT, PDT, PSB e PSC.
O peemedebista afirmou que não procuraria o DEM, do prefeito Cesar Maia, pois procura siglas "que querem a mudança na maneira como as coisas vêm sendo conduzidas na cidade".
O DEM anunciou ontem à noite o apoio a Gabeira. Mas o candidato disse que não quer "uma grande sopa de letras" e que vai procurar eleitores em vez de partidos.

Evangélicos
Cientistas políticos ouvidos pela Folha afirmam que o voto dos evangélicos será crucial para definir a eleição. Esses eleitores apoiaram majoritariamente Marcelo Crivella (PRB). Para Renato Lessa, professor da UFF (Universidade Federal Fluminense) e do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), os candidatos deverão disputar também eleitores de esquerda, principalmente os que votaram em Jandira Feghali (PC do B).
Segundo o cientista político Marcus Figueiredo, do Iuperj, resultados indicam um teto do eleitorado evangélico no Rio por volta de 20%. "A campanha de Gabeira deslanchou com o fato de que um certo eleitorado do Rio não se vê representado pela versão do neo-PMDB, tem horror ao Crivella e se desencantou com a esquerda."
Para Lessa, a perspectiva de nacionalização da campanha no segundo turno deve ganhar força com o apoio do governador de São Paulo, José Serra, a Gabeira. "A campanha de Gabeira vai se firmar como anti-Lula. Além disso, Lula dificilmente manifestará apoio a Paes", disse Lessa. (DENISE MENCHEN, ITALO NOGUEIRA E ANDRÉ ZAHAR)


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