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Áreas de classe média alçaram Gabeira para o segundo turno
Paes mostrou força na zona oeste, que tem 34,46% dos eleitores, e no subúrbio
Para cientistas políticos,
os votos dos evangélicos, eleitores de Crivella, e os de esquerda, que optaram por Jandira, vão definir a eleição
DA SUCURSAL DO RIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE,
NO RIO
Uma onda que se ergueu no
mar levou o deputado Fernando Gabeira (PV) ao segundo
turno da disputa pela Prefeitura do Rio. Ele massacrou
Eduardo Paes (PMDB) na zona
sul, perto da praia, ganhou também na área mais nobre da zona norte, mas perdeu nas regiões mais pobres da cidade.
O ponto fraco de Gabeira
-pelo mapa eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral- é a zona oeste, onde perdeu até para
o senador Marcelo Crivella
(PRB), que ficou em terceiro.
O resultado do primeiro turno mostrou Eduardo Paes com
31,98% dos votos válidos e Fernando Gabeira com 25,61%.
Eles ficaram à frente de Marcelo Crivella (PRB) -19,06%-, e
de Jandira Feghali -9,79%.
O mapa eleitoral mostra que
Paes teve uma votação constante em todas as regiões. Seu
desempenho nas zonas sul e
norte foi afetado pela concentração em Gabeira.
O peemedebista mostrou
força na zona oeste. Nesta região, que tem 34,46% do eleitorado carioca, Gabeira teve só
17,79% dos votos válidos, contra 34,53% de Paes. O peemedebista também superou Gabeira no subúrbio -local de
classe média baixa e pobre, com
41,53% do eleitorado-, ganhando de 34,11% a 20,73%.
Nas áreas de classe média e
alta, Gabeira teve ampla maioria. Na zona sul, obteve 53,3%
dos votos válidos contra 22,11%
de Paes. Nas áreas mais ricas da
zona norte, teve 40,74% contra
26,5% de Paes.
Gabeira deve concentrar a
campanha na zona oeste e pensa até em dormir dois dias na
região. "Vamos tentar fazer
com que essa vontade de mudança passe a se manifestar
também na zona oeste", disse.
Paes deve conseguir o apoio
da maioria dos partidos derrotados. A ampla base dos governos federal e estadual deve garantir ao menos a neutralidade
das siglas. "Quero construir
uma união no segundo turno
que possa permitir a governabilidade. A Câmara saiu muito
fracionada", disse Paes. Ele
conversou ontem com lideranças de PT, PDT, PSB e PSC.
O peemedebista afirmou que
não procuraria o DEM, do prefeito Cesar Maia, pois procura
siglas "que querem a mudança
na maneira como as coisas vêm
sendo conduzidas na cidade".
O DEM anunciou ontem à
noite o apoio a Gabeira. Mas o
candidato disse que não quer
"uma grande sopa de letras" e
que vai procurar eleitores em
vez de partidos.
Evangélicos
Cientistas políticos ouvidos
pela Folha afirmam que o voto
dos evangélicos será crucial para definir a eleição. Esses eleitores apoiaram majoritariamente Marcelo Crivella (PRB).
Para Renato Lessa, professor
da UFF (Universidade Federal
Fluminense) e do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas
do Rio de Janeiro), os candidatos deverão disputar também
eleitores de esquerda, principalmente os que votaram em
Jandira Feghali (PC do B).
Segundo o cientista político
Marcus Figueiredo, do Iuperj,
resultados indicam um teto do
eleitorado evangélico no Rio
por volta de 20%. "A campanha
de Gabeira deslanchou com o
fato de que um certo eleitorado
do Rio não se vê representado
pela versão do neo-PMDB, tem
horror ao Crivella e se desencantou com a esquerda."
Para Lessa, a perspectiva de
nacionalização da campanha
no segundo turno deve ganhar
força com o apoio do governador de São Paulo, José Serra, a
Gabeira. "A campanha de Gabeira vai se firmar como anti-Lula. Além disso, Lula dificilmente manifestará apoio a
Paes", disse Lessa.
(DENISE MENCHEN, ITALO NOGUEIRA E ANDRÉ ZAHAR)
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