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Datafolha antecipou tendências das eleições
Instituto só não previu vitória de Kassab em SP e subida de petista em Salvador
Ibope também faz balanço positivo, mas reconhece erro em São Paulo e demora em registrar crescimento de Gabeira no Rio de Janeiro
RODRIGO RÖTZSCH
DA REDAÇÃO
Num processo marcado pela
indecisão e pela volatilidade do
eleitorado, o Datafolha conseguiu captar as tendências e
apontar os cenários prováveis
nas oito capitais que pesquisou.
O diretor-geral do Datafolha,
Mauro Paulino, faz um balanço
positivo do trabalho do instituto no primeiro turno, salientando que o Datafolha esteve
sempre à frente ao mostrar as
reviravoltas da campanha.
"O objetivo do Datafolha, até
por ser ligado a uma empresa
de comunicação, é apontar primeiro as tendências. E isso nós
conseguimos fazer em todos os
lugares onde houve mudança.
Em Fortaleza, fomos os primeiros a mostrar o crescimento da
Luizianne [Lins, que acabou
reeleita no primeiro turno].
Também fomos os primeiros,
em Belo Horizonte, a mostrar o
salto de Márcio Lacerda, primeiro, e depois o crescimento
de Leonardo Quintão. Em Porto Alegre, o Datafolha foi o único que nunca mostrou Manuela
[D'Ávila] na frente."
Paulino, porém, não nega
que houve algumas surpresas,
como o fato de Gilberto Kassab
(DEM) ter terminado à frente
de Marta Suplicy (PT) em São
Paulo. "O desenho da curva
mostrava que os dois estavam
se aproximando. Mas a velocidade desse movimento, que fez
com que o prefeito superasse
Marta e chegasse à primeira colocação, foi uma surpresa."
Para o diretor do Datafolha,
eleitores que mudaram de voto
na última hora ajudam a explicar a discrepância. "A pesquisa
da véspera não pode ser adequadamente comparada com o
resultado da urna. Em São Paulo, 13% dos eleitores disseram
que podiam mudar o seu voto."
O resultado de Salvador foi
outro que se afastou um pouco
do projetado pelo Datafolha.
Embora o instituto tenha
apontado a possibilidade de
Walter Pinheiro (PT) desbancar ACM Neto (DEM) e ir ao segundo turno, os mais de 30%
que ele teve nas urnas estiveram bem acima dos 24% registrados pelo Datafolha na véspera, em pesquisa com margem
de erro de dois pontos. "Não
captamos na véspera a tendência de crescimento do candidato do PT, embora ao longo da
campanha tenhamos mostrado
que a disputa pela vaga no segundo turno seria acirrada."
O diretor do Datafolha considera que o instituto foi fundamental para que fosse conhecido o verdadeiro quadro da disputa no Rio de Janeiro. "Se você somar os votos de Fernando
Gabeira e Jandira Feghali na
última pesquisa e somar os votos que os dois tiveram na eleição, chegará praticamente ao
mesmo resultado. No dia da
eleição, houve muita migração
de eleitores de Jandira para Gabeira" -o chamado voto útil
para consolidar a ida do candidato do PV ao segundo turno.
"Em cidades como Recife e
Curitiba, principalmente, onde
as pesquisas mostravam que a
eleição estava praticamente decidida, não houve esta migração de última hora", completa.
Nos dois locais, o Datafolha
acertou ao apontar, respectivamente, a vitória de João da Costa (PT) e a reeleição com sobras
de Beto Richa (PSDB).
Ibope
O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro também fez, à Folha, balanço positivo da atuação do instituto."O
Ibope fez 90 cidades. Fomos
bem, eleição de prefeito é muito difícil, muito nervosa. Mas a
gente acertou quase tudo. Não
tem o que falar, tem que olhar
os resultados, e quem quiser
criticar critique."
Montenegro qualificou como
erro do instituto não ter captado, nem na pesquisa de boca-de-urna, a ultrapassagem de
Kassab sobre Marta em São
Paulo. E reconheceu o mérito
do Datafolha de captar primeiro a subida de Gabeira no Rio.
"Parabéns ao Datafolha, que
pegou primeiro [a tendência de
crescimento de Gabeira]. Mas
no fim, acho que eu peguei melhor", diz ele, referindo-se à
pesquisa de boca-de-urna, que,
neste ano, o Datafolha não fez.
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