São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Datafolha antecipou tendências das eleições

Instituto só não previu vitória de Kassab em SP e subida de petista em Salvador

Ibope também faz balanço positivo, mas reconhece erro em São Paulo e demora em registrar crescimento de Gabeira no Rio de Janeiro


RODRIGO RÖTZSCH
DA REDAÇÃO

Num processo marcado pela indecisão e pela volatilidade do eleitorado, o Datafolha conseguiu captar as tendências e apontar os cenários prováveis nas oito capitais que pesquisou.
O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, faz um balanço positivo do trabalho do instituto no primeiro turno, salientando que o Datafolha esteve sempre à frente ao mostrar as reviravoltas da campanha.
"O objetivo do Datafolha, até por ser ligado a uma empresa de comunicação, é apontar primeiro as tendências. E isso nós conseguimos fazer em todos os lugares onde houve mudança. Em Fortaleza, fomos os primeiros a mostrar o crescimento da Luizianne [Lins, que acabou reeleita no primeiro turno]. Também fomos os primeiros, em Belo Horizonte, a mostrar o salto de Márcio Lacerda, primeiro, e depois o crescimento de Leonardo Quintão. Em Porto Alegre, o Datafolha foi o único que nunca mostrou Manuela [D'Ávila] na frente."
Paulino, porém, não nega que houve algumas surpresas, como o fato de Gilberto Kassab (DEM) ter terminado à frente de Marta Suplicy (PT) em São Paulo. "O desenho da curva mostrava que os dois estavam se aproximando. Mas a velocidade desse movimento, que fez com que o prefeito superasse Marta e chegasse à primeira colocação, foi uma surpresa."
Para o diretor do Datafolha, eleitores que mudaram de voto na última hora ajudam a explicar a discrepância. "A pesquisa da véspera não pode ser adequadamente comparada com o resultado da urna. Em São Paulo, 13% dos eleitores disseram que podiam mudar o seu voto."
O resultado de Salvador foi outro que se afastou um pouco do projetado pelo Datafolha. Embora o instituto tenha apontado a possibilidade de Walter Pinheiro (PT) desbancar ACM Neto (DEM) e ir ao segundo turno, os mais de 30% que ele teve nas urnas estiveram bem acima dos 24% registrados pelo Datafolha na véspera, em pesquisa com margem de erro de dois pontos. "Não captamos na véspera a tendência de crescimento do candidato do PT, embora ao longo da campanha tenhamos mostrado que a disputa pela vaga no segundo turno seria acirrada."
O diretor do Datafolha considera que o instituto foi fundamental para que fosse conhecido o verdadeiro quadro da disputa no Rio de Janeiro. "Se você somar os votos de Fernando Gabeira e Jandira Feghali na última pesquisa e somar os votos que os dois tiveram na eleição, chegará praticamente ao mesmo resultado. No dia da eleição, houve muita migração de eleitores de Jandira para Gabeira" -o chamado voto útil para consolidar a ida do candidato do PV ao segundo turno.
"Em cidades como Recife e Curitiba, principalmente, onde as pesquisas mostravam que a eleição estava praticamente decidida, não houve esta migração de última hora", completa. Nos dois locais, o Datafolha acertou ao apontar, respectivamente, a vitória de João da Costa (PT) e a reeleição com sobras de Beto Richa (PSDB).

Ibope
O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro também fez, à Folha, balanço positivo da atuação do instituto."O Ibope fez 90 cidades. Fomos bem, eleição de prefeito é muito difícil, muito nervosa. Mas a gente acertou quase tudo. Não tem o que falar, tem que olhar os resultados, e quem quiser criticar critique."
Montenegro qualificou como erro do instituto não ter captado, nem na pesquisa de boca-de-urna, a ultrapassagem de Kassab sobre Marta em São Paulo. E reconheceu o mérito do Datafolha de captar primeiro a subida de Gabeira no Rio.
"Parabéns ao Datafolha, que pegou primeiro [a tendência de crescimento de Gabeira]. Mas no fim, acho que eu peguei melhor", diz ele, referindo-se à pesquisa de boca-de-urna, que, neste ano, o Datafolha não fez.


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