São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Eleitor da "nova classe média" pode ajudar a eleger Kassab, diz pesquisador

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

O fator novo dessa eleição é a mudança do padrão de voto de uma região específica da cidade, a chamada "zona leste de dentro", ou seja, os bairros da área mais próximos ao centro, que se tornaram mais conservadores. Essa é a opinião de Fernando Abrucio, professor de ciência política da Fundação Getulio Vargas.
"Esse grupo de eleitores, que se convencionou chamar de "nova classe média", é composto por pessoas cujos padrões de vida melhoraram e, com isso, tendem a dar seu voto a candidatos mais à direita", disse, em entrevista à Folha.
O pesquisador aponta também para a migração de habitantes de áreas mais ricas, levados pelo "boom" imobiliário que ali criou condomínios e moradias luxuosas. "Isso descaracterizou o cidadão clássico da ZL dos anos 70."
Para o cientista político, a crise do malufismo de certo modo explica não só o nível do antipetismo no município hoje como também a força que ganhou a dupla Serra/Kassab. E faz um pequeno histórico.
Em 2000, Marta Suplicy ganhou a eleição num cenário de crise do malufismo, por conta da trágica gestão Pitta. "Ela venceu porque concentrou votos do centro. Mas, depois, por causa de críticas à sua gestão, sua imagem foi perdendo força, era a época da "martaxa"."
Em 2004, ele identifica o antipetismo como elemento importante no embate político municipal. "Mas ainda assim faltava algo que substituísse o malufismo em decadência."
A eleição de ontem, diz Abrucio, fez com que dois candidatos saíssem "desidratados", Alckmin e Maluf. "Kassab pode estar engolindo o malufismo. É o primeiro político a surgir que parece confiável a eleitores desde o PSDB ao PP."

Conservadorismo
Para a professora do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) Argelina Figueiredo, o resultado do primeiro turno da eleição em São Paulo reflete de certo modo o afastamento de PT e PSDB no plano nacional.
"Esse elemento, junto com o provincianismo conservador da cidade, explica o resultado polarizado da votação." Ela acredita que não exista na cidade um "antimartismo" puro e simples, mas sim uma tradição antitrabalhista enraizada na história. "São Paulo foi antigetulista, agora é antipetista, um lugar onde Lula continua tendo dificuldades", conclui.


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