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Eleitor da "nova classe média" pode ajudar a eleger Kassab, diz pesquisador
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
O fator novo dessa eleição é a
mudança do padrão de voto de
uma região específica da cidade, a chamada "zona leste de
dentro", ou seja, os bairros da
área mais próximos ao centro,
que se tornaram mais conservadores. Essa é a opinião de
Fernando Abrucio, professor
de ciência política da Fundação
Getulio Vargas.
"Esse grupo de eleitores, que
se convencionou chamar de
"nova classe média", é composto
por pessoas cujos padrões de
vida melhoraram e, com isso,
tendem a dar seu voto a candidatos mais à direita", disse, em
entrevista à Folha.
O pesquisador aponta também para a migração de habitantes de áreas mais ricas, levados pelo "boom" imobiliário
que ali criou condomínios e
moradias luxuosas. "Isso descaracterizou o cidadão clássico
da ZL dos anos 70."
Para o cientista político, a
crise do malufismo de certo
modo explica não só o nível do
antipetismo no município hoje
como também a força que ganhou a dupla Serra/Kassab. E
faz um pequeno histórico.
Em 2000, Marta Suplicy ganhou a eleição num cenário de
crise do malufismo, por conta
da trágica gestão Pitta. "Ela
venceu porque concentrou votos do centro. Mas, depois, por
causa de críticas à sua gestão,
sua imagem foi perdendo força,
era a época da "martaxa"."
Em 2004, ele identifica o antipetismo como elemento importante no embate político
municipal. "Mas ainda assim
faltava algo que substituísse o
malufismo em decadência."
A eleição de ontem, diz Abrucio, fez com que dois candidatos saíssem "desidratados",
Alckmin e Maluf. "Kassab pode
estar engolindo o malufismo. É
o primeiro político a surgir que
parece confiável a eleitores
desde o PSDB ao PP."
Conservadorismo
Para a professora do Iuperj
(Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e pesquisadora do Cebrap (Centro
Brasileiro de Análise e Planejamento) Argelina Figueiredo, o
resultado do primeiro turno da
eleição em São Paulo reflete de
certo modo o afastamento de
PT e PSDB no plano nacional.
"Esse elemento, junto com o
provincianismo conservador
da cidade, explica o resultado
polarizado da votação." Ela
acredita que não exista na cidade um "antimartismo" puro e
simples, mas sim uma tradição
antitrabalhista enraizada na
história. "São Paulo foi antigetulista, agora é antipetista, um
lugar onde Lula continua tendo
dificuldades", conclui.
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