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Brasileiros são
caipiras, disse
FHC em 1996
DA REDAÇÃO
Não é a primeira vez que o
presidente Fernando Henrique
Cardoso se refere à suposta
"mentalidade colonial" da população brasileira. Em 15 de julho de 1996, em visita a Portugal, FHC declarou: "Como vivi
fora do Brasil, na Europa, no
Chile, na Argentina, me dei
conta disso: os brasileiros são
caipiras. Desconhecem o outro
lado e, quando conhecem, se
encantam. O problema é esse".
O presidente voltou ao tema
duas vezes neste ano. No dia 7
de junho, declarou: "Foi a mentalidade realmente colonial
que, infelizmente, pegou parte
da nossa elite, até parte da elite
universitária, da elite da imprensa, que tem cabeça colonial, que imagina que o Brasil é
um país que tem de andar de
cabeça curvada a toda hora".
Em 14 de setembro, disse: "Não
adianta pensar que nós somos
europeus, que nós não somos.
Alguns aqui eu sei até que se
sentem quase como. Outros
são africaninhos, como eu".
A "mentalidade colonial" citada por FHC designa a consciência das populações que vivem sob um regime colonial
-no qual um território é submetido, por meio da força militar ou econômica, ao controle
direto ou indireto de uma outra
nação, que obtém vantagens
econômicas dessa dominação.
A manutenção do regime colonial pressupõe que uma parte
da população colonizada apresente um certo "complexo de
inferioridade" em relação aos
estrangeiros, que se traduz em
apoio à presença do dominador -considerado mais capaz,
mais maduro ou mais eficiente.
Essa é, porém, uma das principais críticas feitas pela oposição ao governo de FHC, acusado de ter colocado em prática
sua "teoria de dependência".
A oposição alega que, em sua
gestão, FHC favoreceu abertamente os investidores estrangeiros. Um estudo divulgado
pelo BNDES neste ano aponta
que, de 1995 para cá, a participação do capital nacional nas
vendas da indústria caiu de
67% para 62%. Em países desenvolvidos, essa proporção é
bem maior: 88% na Alemanha,
85% nos EUA, 80% na Suécia.
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