DO ENVIADO A BRASÍLIA

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu ontem de uma desempregada uma imagem de nossa Senhora Aparecida. Em troca, entregou a ela um broche do PT que carregava no paletó.
Dizendo ver em Lula sua "última esperança", Ieda Moura, 24, ficou duas horas esperando pela chegada do presidente eleito em frente ao saguão do hotel em que ele se reunia com o senador José Sarney (PMDB-AP), em Brasília. "Queria muito que Lula recebesse essa imagem, que será sua protetora no governo", disse.
Durante todo o dia, Lula fez contatos políticos, principalmente com lideranças peemedebistas e representantes diplomáticos.
Ele tomou café da manhã no hotel com o presidente do PT, José Dirceu (SP), e com o coordenador da transição pelo lado petista, Antônio Palocci Filho. Depois visitou pela primeira vez o Centro de Formação do Banco do Brasil, local designado pelo governo para a transição. A Folha apurou que Lula achou as instalações inadequadas e na próxima semana deve despachar da Granja do Torto, também cedida pela Presidência.
Lula recebeu os governadores do PMDB Luiz Henrique (SC) -mais explícito na defesa de sustentação de seu partido a Lula- e Germano Rigotto (RS), que afirmou que o apoio ao petista deveria ocorrer em cima de projetos específicos. O presidente eleito também se reuniu com o secretário-geral da Presidência chilena, Eraldo Muñoz, e com o embaixador da França, Alain Rouquier.
À tarde, Lula retornou ao hotel para receber Sarney, candidato à presidência do Senado. Segundo Dirceu, na conversa não foi tratado das presidências no Congresso. O senador eleito Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) apareceu no saguão do hotel, mas disse que não se encontrou com Lula.

Confusão
Na visita de Lula ao escritório da transição houve confusão entre seguranças e o repórter-fotográfico da Folha Lula Marques. O presidente eleito se dirigiu ao público que o aguardava e cumprimentou admiradores. A proteção do petista foi feita por policiais federais e seguranças do Palácio do Planalto. Houve empurra-empurra e troca de socos. O segurança envolvido, não identificado, foi afastado do Centro de Treinamento do Banco do Brasil.
Segundo a assessoria da Presidência da República, a responsabilidade sobre o trabalho da segurança já é da equipe de transição do governo Lula.
Assessores do presidente eleito reconheceram problemas provocados pelo desejo de proximidade com o público de Lula, mas disse que é preciso haver uma atitude mais pacífica por parte dos "companheiros fotógrafos".


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