São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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PÓS-MANDATO

Em jantar, presidente diz que vai precisar de contribuições para manter Instituto Fernando Henrique Cardoso

FHC pede a empresários ajuda para ONG

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Em jantar com a presença de 12 presidentes de grandes empresas do país realizado na segunda-feira no Palácio da Alvorada, o presidente Fernando Henrique Cardoso expôs, durante quatro horas, como irá funcionar o Instituto Fernando Henrique Cardoso, já batizado de IFHC, a ONG (organização não-governamental) que irá presidir quando deixar o governo, a partir do ano que vem.
No jantar, a Folha apurou que Fernando Henrique Cardoso disse que irá precisar da contribuição dos empresários para manter o instituto. Ele afirmou que será criado um fundo específico para cuidar das finanças da ONG. Muitos dos empresários presentes ao jantar já deram uma contribuição inicial para o instituto.
Estiveram presentes ao jantar, entre outros, Lázaro Brandão (Bradesco), Pedro Piva (Klabin), Benjamin Steinbruch (CSN), Emílio Odebrecht (Odebrecht), Jorge Gerdau Johannpeter (Gerdau), Kati Almeida Braga (Icatu), David Feffer (Suzano) e Ricardo Espírito Santo (grupo Espírito Santo).
FHC explicou aos empresários, de acordo com o que a Folha apurou, que o seu instituto irá organizar palestras, cursos, receber convidados ilustres de fora do país e ainda cuidar de viagens ao exterior de Fernando Henrique Cardoso.
Será através dessas atividades que o instituto pretende se manter financeiramente. FHC informou que o instituto terá um conselho deliberativo em sua estrutura, à semelhança do instituto criado recentemente pelo ex-presidente americano Bill Clinton.
O IFHC também irá cuidar do arquivo e do levantamento da história dos oitos anos do governo Fernando Henrique Cardoso. O objetivo será o de preservar a memória desses oito anos de governo.
Depois desse trabalho, Fernando Henrique Cardoso disse aos empresários que irá doar o arquivo para a USP (Universidade de São Paulo).
O instituto irá funcionar numa área de 1.600 metros quadrados no sexto andar do Edifício Esplanada, no centro da capital paulista, onde funciona o Automóvel Clube de São Paulo.
Segundo a Folha apurou, os empresários receberam de forma bastante positiva a exposição de como irá funcionar o Instituto Fernando Henrique Cardoso. Todos manifestaram disposição de apoiar a criação do instituto.
Segundo um dos empresários presentes ao jantar, apesar de ser uma idéia nova no Brasil, a criação de institutos presididos por ex-chefes de Estado é normal nos países desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos. Em todos esses casos, o chefe de Estado também conta com o apoio da iniciativa privada para levantar seus institutos.
Nos últimos meses, o presidente Fernando Henrique Cardoso tem recebido sondagens para participar de diversos organismos internacionais, além de grandes fundações empresariais.
Uma das empresas que manifestou interesse no passe de FHC foi a estatal francesa EDF (Electricité de France), que é dona da Light no Brasil. De acordo com o que a Folha apurou, a EDF cogitou a possibilidade de convidar FHC para ocupar um cargo de prestígio na sua fundação, que é mais voltada para o meio ambiente.
Além do instituto, FHC já acertou outros compromissos quando deixar o governo. Ele será presidente de honra do Clube de Madri, deverá ter um cargo de destaque na ONU (Organização das Nações Unidas), além de ser professor visitante de várias universidades, entre elas Harvard.
O jantar de segunda-feira foi apenas o primeiro de uma série de encontros que FHC está agendando com empresários e grandes executivos do país para mostrar como irá funcionar o seu instituto.
De acordo com o que a Folha apurou, dois jantares já estão programados para as próximas semanas. As listas dos convidados ainda estão em fase de elaboração.



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