São Paulo, terça-feira, 07 de novembro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Telemarketing eleitoral

"Get Out The Vote", tirar eleitores de casa para votar, é a notícia que resta na cobertura da campanha para o Congresso dos EUA. Era o destaque ontem nos canais de notícias, com Fox News apontando "uso pesado de mensagens por telefone" e BBC mostrando o presidente a bradar "tire o vizinho de casa para votar".
Era o destaque no blog do "New York Times", The Caucus, bem como nas manchetes do mesmo e do "Washington Post", sobre a "blitz de última hora". São "operações de mobilização em massa", sobretudo dos republicanos de Bush, de maior competência na área.
Como sublinharam "Los Angeles Times" e "NYT", a diferença em favor do partido é que realiza "G.O.T.V." com precisão científica. As mensagens automáticas por telefone são específicas a grupos, de "latinos" a idosos. A novidade são as ferramentas de pesquisa, com o eleitor instado a responder perguntas e, então, receber a mensagem direcionada. Diz a "Economist", no blog recém-lançado Democracy in America, que os republicanos exageraram, com "truques sujos".

AVANÇOS TREMENDOS
O site Internetnews.com entrevistou o ex-presidente da comissão eleitoral dos EUA, sob o título "Como o Brasil pode ser o modelo para a reforma do voto eletrônico". A idéia é que os EUA também centralizem no governo federal a produção e o desenvolvimento das máquinas de votar -o que teria levado a "avanços tremendos em equipamentos e processos" por aqui, diz um pesquisador do MIT.

BIOCOMBUSTÍVEIS LÁ
Colunistas como Thomas L. Friedman, do ""NYT", e democratas como Bill Clinton estão em campanha cerrada pela aprovação de um aumento nos impostos sobre o petróleo na Califórnia, também em votação hoje. Friedman, como se sabe, é entusiasta dos biocombustíveis e vem ao Brasil de ano em ano para escrever deles. O imposto maior seria usado no desenvolvimento de biocombustíveis por lá.

nytimes.com/Reprodução
AS BOMBAS
Se os republicanos jogaram "sujo" no telemarketing, os democratas não ficaram atrás na web. O blog MyDD, há anos na vanguarda das ações on-line, comandou estratégia de "bombas Google" -a vinculação de links negativos aos nomes de republicanos. Diz o "NYT" que "funcionou".


OS INSULTOS VOAM
Recém-escolhido "a invenção do ano" pela "Time", o YouTube e seus vídeos mudaram "as regras", no entender da revista, também na política. Ou ainda, no dizer do "NYT", além de "desestabilizar o modelo de meio século de distribuição da televisão", o YouTube e semelhantes "tiveram um efeito de desestabilizar também a política" -em um momento dos EUA em que, afirma pesquisa da AP, 43% dos eleitores já se informam pela internet.
Sem limites e controles, posts com vídeos improvisados de políticos, revelando até preconceito, como no caso da expressão "macaca", no episódio que é tido como síntese do impacto da ferramenta, terminaram por influenciar a campanha tradicional pela televisão. Neste ano, ela foi a mais "rancorosa" na história do país, segundo o "Wall Street Journal", ou aquela em que "os insultos voam", no dizer do "Financial Times", ontem em texto de destaque.

DE NOVO NA MODA
O britânico "Sunday Times" e o francês "Le Monde", também na edição de domingo, trouxeram reportagens sob títulos como "Brasil de novo na moda entre investidores" e "Brasil e Rússia, os grandes favoritos dos mercados".
São entrevistados operadores e consultores de grupos como New Star, F&C, Torquil Clark, BNP Paribas, SGAM e outros -que levam a conclusões como "gerentes de fundos estão jogando dinheiro no Brasil depois da reeleição do presidente Lula", cuja "política deu segurança aos investidores", "o Brasil é um dos favoritos para 2007" etc.

E O DINHEIRO ENTRA
No título do despacho da Bloomberg, ontem, "Bovespa tem a maior entrada de recursos externos em nove meses". Entrevista um gerente de fundos, do Blackrock Inc., para quem "agora que a eleição presidencial ficou para trás, os investidores estão olhando mais para os fundamentos do mercado -e o Brasil é uma das melhores histórias".
Despacho da Reuters foi pela mesma linha, registrando a entrada de investimento estrangeiro em outubro e, no dia, o desempenho positivo da Bovespa por conta de "uma seqüência de notícias corporativas", todas favoráveis.

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@ - Nelson de Sá


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