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Investigados patrocinam encontro da Polícia Federal
CBF, Caixa e Petrobras, alvos de investigação na PF, deram ajuda financeira a congresso
Delegado não vê conflito de interesse; Petrobras nega ter sido investigada, Caixa vê retorno mercadológico e CBF evita comentar caso
ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA
Dos 6 patrocinadores do 4º
Congresso Nacional de Delegados de Polícia Federal, realizado entre terça-feira e ontem,
em Fortaleza (CE), pelo menos
3 fazem ou já fizeram parte de
investigações feitas pela PF:
CBF (Confederação Brasileira
de Futebol), CEF (Caixa Econômica Federal) e Petrobras.
A previsão de arrecadação total com patrocínios é de R$ 660
mil, mas nem todos já depositaram o valor compromissado na
conta da entidade promotora
do evento, a ADPF (Associação
Nacional dos Delegados de Polícia Federal), segundo informou a Diretoria Financeira.
A organização do encontro,
que inclui o trabalho de captação de recursos, segundo o presidente da associação, delegado
Sandro Avelar, foi feita pela
Haia Eventos & Turismo.
"Não vejo nenhum conflito
de interesses. Estamos trabalhando dentro da maior transparência, com as portas abertas
e com a participação da imprensa", disse Avelar.
"Nenhuma entidade consegue fazer um evento deste porte sem o apoio de patrocinadores. Estamos discutindo assuntos de interesse nacional", afirmou o presidente da associação, referindo-se ao tema central do encontro, que é o combate à impunidade.
Responsável pela Haia, Celina Frossard não respondeu a
recados deixados pela Folha
nos três últimos dias.
O nome dos patrocinadores
foi estampado no site da associação, em panfletos e camisetas distribuídos no evento
-que não se realizava havia
cinco anos-, bem como em um
painel no local.
A CBF foi a entidade que deu
o maior patrocínio: R$ 300 mil.
O presidente da confederação,
Ricardo Teixeira, participou
ontem, no encerramento do
encontro, de um painel no qual
foi discutido o tema segurança
em grandes eventos, como a
Copa do Mundo de 2014 e a
Olimpíada de 2016. Ele não
quis comentar o assunto.
Teixeira foi investigado pela
Polícia Federal desde o final da
CPI do Senado, em 2001, quando relatório da comissão recomendou ações contra o dirigente e seus subordinados por
crimes como evasão de divisas
e lavagem de dinheiro.
Foram abertos desde então
dez inquéritos na PF referentes a assuntos levantados pelo
Congresso. Mas, em 2005, a PF
recomendou o arquivamento
de todos eles.
O Ministério Público Federal
não concordou com a decisão e
pediu a reabertura de alguns
deles. A solicitação não foi acatada. Questionado ontem pela
Folha, o Ministério Público
Federal do Rio de Janeiro informou que não tem conhecimento de nenhuma investigação relacionada a Teixeira em
andamento na polícia.
Em 2007, a Petrobras (R$ 30
mil de cota de patrocínio) foi alvo da Operação Águas Profundas, que investigou fraude a licitações na compra de plataformas. Por meio da assessoria, a
Petrobras negou haver conflito
de interesses e afirmou que não
foi investigada na Operação
Águas Profundas. Pelo contrário, afirmou a assessoria, a estatal colaborou com o trabalho da
Polícia Federal.
Já a Caixa é alvo de inquérito,
instaurado em 2004, relacionado à renovação de um contrato
para o gerenciamento do sistema de loterias.
Em nota à Folha, o banco informou que recebeu proposta
de patrocínio no valor de R$ 30
mil, que "foi analisada e aprovada pelo comitê de patrocínios do banco com o objetivo
de divulgar a imagem institucional, obter retorno mercadológico decorrente de ações desenvolvidas com o segmento,
bem como a oportunidade para
divulgação de produtos e serviços durante o evento".
Os demais patrocinadores
são: Souza Cruz (R$ 100 mil) ,
Governo do Estado do Ceará
(R$ 100 mil) e Banco do Nordeste (R$ 100 mil).
A última informação disponibilizada pela associação dos
delegados é que estavam confirmados os depósitos somente
das cotas da CBF e da Souza
Cruz. Os outros teriam assumido o compromisso de pagar.
Colaborou RODRIGO MATTOS, da Reportagem Local
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