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Confio em decisão técnica do STF, diz Azeredo
Segundo tucano, Joaquim Barbosa, relator do caso no STF, usou recibo dispensado por delegado por ser "falsificação vagabunda"
Senador diz que lobista que
o acusou é ligado a petista:
"Não estou atacando o PT,
não. Suplicy me deu apoio...
Eu tenho respeito pelo Lula"
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG) afirmou não entender como o ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal), considerou um documento "falso" como prova do seu envolvimento
com o mensalão mineiro.
"É tão vagabunda a falsificação que o delegado [Luiz Flávio] Zampronha, que foi extremamente duro comigo, não
considerou essa prova", disse.
Trata-se de recibo de R$ 4,5
milhões com a assinatura do senador destinado às empresas
de Marcos Valério. O documento, diz ele, foi montado pelo lobista Nilton Monteiro.
Azeredo também rejeita a tese de que o esquema foi o embrião do mensalão que anos depois abalou o governo Lula.
FOLHA - O sr. acusa o ministro relator de usar prova falsa?
EDUARDO AZEREDO - Manifestei
indignação de chegar ao STF
um documento que é xerox.
Não existe o original. É alguém
pegar a assinatura num cheque,
tirar xerox e escrever em cima.
FOLHA - Mas o documento consta
na denúncia do Ministério Público e
está nos autos...
AZEREDO - O delegado fez uma
análise dura e não considerou
esse recibo porque disse que
era muito fajuto. O processo
vem com tudo. Agora, no fim é
que tem a decisão do procurador. E ele não considerou esse
recibo como válido.
FOLHA - Como o recibo foi parar no
processo?
AZEREDO - Ele [delegado] citou
que recebeu isso de Nilton
Monteiro. Não é possível que
um país como o Brasil permita
que um homem desse continue
solto. Tenho que dar explicações, e o cara está solto.
FOLHA - Monteiro não participou
da sua campanha?
AZEREDO - Teve uma relação
com esse Cláudio Mourão [tesoureiro da campanha] num
determinado momento e aí ele
entrou nesse processo assim.
Agora, como é que ele continua? Eu sei que ele tem ligações
com um ex-deputado de Minas
do PT. Eu não estou atacando o
PT, não. [Eduardo] Suplicy me
deu apoio, Tião Viana me ligou.
Eu tenho respeito pelo Lula.
FOLHA - Outra prova que consta
contra o sr. é a liberação de recursos
de estatais para eventos que depois
foram desviados para campanha.
AZEREDO - Não há nenhuma
prova de autorização minha. Se
não tem prova de que o Lula autorizou o Banco do Brasil, a Visanet, tá certo não ter incluído
o Lula [no mensalão]. O que estou dizendo é que no caso dele
considerou-se que as empresas
tinham gestão própria. No meu
caso, não se considera.
FOLHA - Joaquim Barbosa aceitou
a denúncia de peculato por causa
desses contratos...
AZEREDO - Esse negócio do
Bemge [Banco do Estado de
Minas], ele [Ministério Público] pediu que eu respondesse
sete vezes por peculato. Cinco
delas são por causa de cinco cotas de patrocínio de R$ 100 mil
pagas pelo banco. O presidente
do Bemge disse que não sabia.
Como o governador vai saber?
FOLHA - Por que o sr. acha que foram por essa linha?
AZEREDO - Eu confio numa decisão técnica do STF. O ministro [Joaquim] não é mais promotor, não. Ele é ministro.
FOLHA - Na denúncia consta que o
sr. trocou vários telefonemas com
Marcos Valério.
AZEREDO - De mim para ele foram dois retornos. Não estou
dizendo que só falei com ele
duas vezes, não. Eu tô dizendo
que eu retornei duas vezes.
FOLHA - Há testemunhas que dizem que o sr. participava do comitê
financeiro da campanha.
AZEREDO - Tem uma tal de Vera
[Mourão, prima do tesoureiro
da campanha]. Ela teria declarado que se reunia semanalmente comigo para tratar das
questões financeiras da campanha. Nunca participei de reuniões semanais com ela.
FOLHA - O Ministério Público concordou que a coordenação da campanha era feita por pessoas de sua
extrema confiança...
AZEREDO - Eu não participava
dessas reuniões. Eu estava no
governo e pedindo votos.
FOLHA - O sr. ficou rico depois da
campanha?
AZEREDO - Tenho vida de classe
média alta. Vivo de salário.
FOLHA - - Seu mandato termina no
ano que vem. O que fará?
AZEREDO - Vou me candidatar a
senador.
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