São Paulo, sábado, 07 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia do PA pede a prisão de líder do MST

Governo diz haver "indícios fortes" de que sem-terra ordenou depredação de fazendas; movimento nega

ROBERTO MADUREIRA
RODRIGO VIZEU
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Civil do Pará pediu a prisão preventiva de Charles Trocate, coordenador do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Estado. Ele é suspeito de ter ordenado atos de vandalismo em duas fazendas no sul do Estado na madrugada de quarta-feira.
O anúncio foi feito ontem pela governadora Ana Júlia Carepa (PT). Ela não deixou claro o motivo do pedido de prisão, que não tinha sido concedido pela Justiça até a tarde de ontem. A governadora disse somente que "há indícios fortes" de que Trocate é o responsável pelos crimes, mesmo sem sua presença física na região.
Três líderes do acampamento do MST Dalcídio Jurandir -que fica na fazenda Maria Bonita, um dos alvos da depredação- também foram identificados nas investigações.
Segundo as denúncias, um grupo de cem pessoas armadas invadiu as fazendas Maria Bonita, em Eldorado do Carajás, e Rio Vermelho, em Sapucaia, destruindo casas, equipamentos e tratores, agredindo funcionários e matando animais.
A primeira fazenda é controlada pela Agropecuária Santa Bárbara -que tem como sócio o banqueiro Daniel Dantas. O governo do Pará disputa na Justiça a propriedade da área.
Após a depredação, a governadora enviou 200 policiais para a região e determinou o cumprimento de ordens de reintegração de posse -em março deste ano, havia pelo menos 60 mandados não cumpridos.
Segundo Ana Júlia, "o MST declarou inclusive que perdeu o controle, portanto confessa que participou dos atos".
Em nota, a Agropecuária Santa Bárbara atribuiu ao MST novos ataques. Ontem, diz a empresa, sem-terra obrigaram funcionários de uma fazenda a deixarem as suas casas. No dia anterior, um carro da fazenda teria sido alvejado por tiros.
O movimento voltou a negar a autoria dos atos de destruição nas duas fazendas no Pará.
Maria Raimunda César, da coordenação nacional do movimento, disse não haver provas da participação dos sem-terra e insistiu na possibilidade de que os próprios fazendeiros tenham feito a depredação para culpar o MST.
Ela descartou que alguma ordem tenha partido de Charles Trocate. Segundo Raimunda, ele está estudando em outro Estado e deixou Marabá, onde mora, dias antes do início da onda de conflitos. A reportagem não conseguiu localizá-lo. O MST disse desconhecer a denúncia da Santa Bárbara de novos ataques em fazendas.

Barricadas
Dois manifestantes do MST foram presos na tarde de ontem depois de interditar com barricadas um trecho da rodovia PA-160, que liga Parauapebas a Canaã do Carajás.
Eles foram acusados de incitar a violência. Ontem pela manhã, PMs desobstruíram o mesmo trecho em negociação pacífica. Os protestos, diz o MST, são para pedir desapropriação de áreas griladas.


Texto Anterior: Lei de imprensa: Jornais agora podem contestar atos de censura no próprio STF
Próximo Texto: Outro lado: Movimento nega participação de sem-terra
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.