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Polícia do PA pede a prisão de líder do MST
Governo diz haver "indícios fortes" de que sem-terra ordenou depredação de fazendas; movimento nega
ROBERTO MADUREIRA
RODRIGO VIZEU
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Civil do Pará pediu
a prisão preventiva de Charles
Trocate, coordenador do MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Estado. Ele é suspeito de ter ordenado atos de vandalismo em
duas fazendas no sul do Estado
na madrugada de quarta-feira.
O anúncio foi feito ontem pela governadora Ana Júlia Carepa (PT). Ela não deixou claro o
motivo do pedido de prisão,
que não tinha sido concedido
pela Justiça até a tarde de ontem. A governadora disse somente que "há indícios fortes"
de que Trocate é o responsável
pelos crimes, mesmo sem sua
presença física na região.
Três líderes do acampamento do MST Dalcídio Jurandir
-que fica na fazenda Maria Bonita, um dos alvos da depredação- também foram identificados nas investigações.
Segundo as denúncias, um
grupo de cem pessoas armadas
invadiu as fazendas Maria Bonita, em Eldorado do Carajás, e
Rio Vermelho, em Sapucaia,
destruindo casas, equipamentos e tratores, agredindo funcionários e matando animais.
A primeira fazenda é controlada pela Agropecuária Santa
Bárbara -que tem como sócio
o banqueiro Daniel Dantas. O
governo do Pará disputa na
Justiça a propriedade da área.
Após a depredação, a governadora enviou 200 policiais para a região e determinou o cumprimento de ordens de reintegração de posse -em março
deste ano, havia pelo menos 60
mandados não cumpridos.
Segundo Ana Júlia, "o MST
declarou inclusive que perdeu
o controle, portanto confessa
que participou dos atos".
Em nota, a Agropecuária
Santa Bárbara atribuiu ao MST
novos ataques. Ontem, diz a
empresa, sem-terra obrigaram
funcionários de uma fazenda a
deixarem as suas casas. No dia
anterior, um carro da fazenda
teria sido alvejado por tiros.
O movimento voltou a negar
a autoria dos atos de destruição
nas duas fazendas no Pará.
Maria Raimunda César, da
coordenação nacional do movimento, disse não haver provas
da participação dos sem-terra e
insistiu na possibilidade de que
os próprios fazendeiros tenham feito a depredação para
culpar o MST.
Ela descartou que alguma ordem tenha partido de Charles
Trocate. Segundo Raimunda,
ele está estudando em outro
Estado e deixou Marabá, onde
mora, dias antes do início da
onda de conflitos. A reportagem não conseguiu localizá-lo.
O MST disse desconhecer a denúncia da Santa Bárbara de novos ataques em fazendas.
Barricadas
Dois manifestantes do MST
foram presos na tarde de ontem depois de interditar com
barricadas um trecho da rodovia PA-160, que liga Parauapebas a Canaã do Carajás.
Eles foram acusados de incitar a violência. Ontem pela manhã, PMs desobstruíram o
mesmo trecho em negociação
pacífica. Os protestos, diz o
MST, são para pedir desapropriação de áreas griladas.
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