|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EXECUTIVO
PFL e PSDB comandam energia e telecomunicações
FHC loteia agências
de infra-estrutura
RAYMUNDO COSTA
do Painel, em Brasília
ASDRÚBAL FIGUEIRÓ
do Painel
O presidente Fernando Henri
que Cardoso loteou entre o PSDB e
o PFL duas das agências que esta
rão no comando da infra-estrutu
ra do país daqui para a frente: Ana
tel (Agência Nacional de Teleco
municações) e Aneel (Agência Na
cional de Energia Elétrica).
Com a privatização dos setores
de energia e telecomunicações, as
agências roubarão poder dos mi
nistérios e terão importância deci
siva para o controle dessas áreas.
O governo, que prometera que as
agências teriam só um perfil técni
co, sucumbiu à pressão dos aliados
na hora das nomeações.
Aos tucanos coube a indicação
da diretoria da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações),
anunciada em outubro.
Na época, a ala do PFL do vi
ce-presidente Marco Maciel (PE) e
Jorge Bornhausen (SC) chiou. O
grupo do presidente do Senado,
Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), ficou quieto e deixou
para influir na escolha dos nomes
da Aneel. Fez 4 dos 5 diretores.
Aneel
Na composição da Aneel, mais
de 60 nomes foram indicados pelas
bancadas. Após intensas barga
nhas nos bastidores, que atrasa
ram em mais de um mês a divulga
ção dos nomes, a vitória coube ao
núcleo pefelista ligado a ACM.
Das 5 indicações, 3 são de res
ponsabilidade do grupo de ACM,
operadas por meio do ministro pe
felista Raimundo Brito (Minas e
Energia) e do deputado José Carlos
Aleluia (PFL-BA). Fizeram o dire
tor-geral, José Mario Miranda Ab
do, e os diretores Eduardo Henri
que Ellery Filho e Jaconias de
Aguiar -este, indicação pessoal
de Aleluia, encampada por ACM.
Ao líder do PFL na Câmara, Ino
cêncio Oliveira (PE), coube a indi
cação de Luciano Pacheco, que é
oriundo da Chesf (Companhia Hi
drelétrica do São Francisco).
A rigor, Pacheco também pode
ser creditado na cota de ACM na
Aneel, pois, embora Inocêncio te
nha suas origens no grupo de Ma
ciel, hoje o deputado está muito
mais próximo do presidente do Se
nado do que do vice-presidente.
Pacheco foi o último a entrar na
lista, em substituição a Cláudio
Ávila, presidente da Eletrosul.
Ávila, que não emplacou, havia si
do apadrinhado por Bornhausen,
embaixador brasileiro em Lisboa e
presidente de honra do PFL.
Bornhausen, que já havia tido
uma indicação sua para a Anatel
recusada pelo governo, ficou sem
nenhum nome também na Aneel.
Das cinco indicações para a
Aneel, apenas uma não teve o dedo
do PFL: Afonso Henrique Moreira
Santos, professor da Universidade
Federal de Itajubá (MG), apadri
nhado pelo tucano David
Zylbersztajn, secretário de Energia
de São Paulo e genro de FHC.
Anatel
Na Anatel, a predominância é tu
cana. Dos 5 nomes que compõem
sua diretoria, 4 foram indicados
pelo ministro Sérgio Motta: Rena
to Guerreiro (ex-secretário-execu
tivo do Ministério das Comunica
ções), Antônio Carlos Valente da
Silva (ex-assessor especial do mi
nistro), Luis Franco Tenório Per
rone (ex-funcionário da Embratel)
e Mário Leonel Neto (ex-secretário
de Comunicações de Motta).
O único diretor da Anatel que
não foi escolhido por Motta é José
Leite Pereira Neto, imposto pela
dupla Clóvis Carvalho (Casa Civil)
e Eduardo Jorge (Secretaria Geral).
Na partilha das agências, o Pla
nalto só fez uma exigência, vocali
zada por Carvalho: os indicados
deveriam combinar perfil técnico
e político para tentar evitar as acu
sações de uso político dos órgãos.
O currículo, porém, foi um crité
rio apenas eliminatório. Atendido
esse pré-requisito, o que determi
nou a escolha foi o poder de fogo
dos padrinhos. O ex-diretor dos
Correios e ex-deputado Nelson
Morro (PFL-SC) é um exemplo de
pretendente eliminado pelo crité
rio técnico -ele é advogado. To
dos os diretores da Aneel são enge
nheiros elétricos.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|