São Paulo, Terça-feira, 07 de Dezembro de 1999


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Testemunhas confirmam elo entre acusados e Beira-Mar

da Sucursal do Rio

Testemunhas ouvidas ontem pela Justiça de Duque de Caxias (Baixada Fluminense) confirmaram o envolvimento de três acusados com a quadrilha de Luis Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, o mais procurado traficante de drogas do Rio.
Em depoimento à juíza Therezinha Avelar, da 1ª Vara Criminal de Duque de Caxias, as testemunhas -sete policiais ligados às investigações sobre a quadrilha de Beira-Mar- informaram que Khaled Nawaf Aragi, Alda Inês dos Anjos Oliveira e Cláudio de Sá Neves, o Claudinho Carioca, integram o grupo do traficante.
Os três estão presos e negam as acusações. Aragi é apontado como doleiro de Beira-Mar. Alda Inês, ex-amante do traficante, e Neves seriam responsáveis pelo gerenciamento dos negócios de Beira-Mar no Rio.
O fórum de Duque de Caxias recebeu reforço policial por causa da presença dos três acusados na audiência de ontem. Cerca de 40 policiais -a maioria da Polícia Militar- foram destacados para fazer a segurança do prédio do fórum, no centro da cidade.
Dentro de um mês será realizada nova audiência no tribunal de Duque de Caxias, somente com as testemunhas de defesa arroladas no processo.

Conexão Miracema
O depoimento do motorista Manoel Antônio da Silva à sub-relatoria do Rio da CPI do Narcotráfico, ontem à tarde, aumentou nos integrantes da comissão, segundo a deputada federal Laura Carneiro (PFL-RJ), a convicção do envolvimento da juíza aposentada Valdeci Lopes Pinheiro com os supostos traficantes Antonio e Arnaldo Gonçalves dos Santos.
Silva, que está preso, é motorista da juíza. No depoimento, ele confirmou os termos de diálogos gravados com ordem judicial pela PF (Polícia Federal). Em um deles, a juíza diz para o motorista que "o homem está em Niterói".
O "homem", na interpretação da deputada, seria Antônio Gonçalves dos Santos, o Toni, que está sendo procurado, juntamente com o irmão Arnaldo, sob acusação de tráfico.
Eles seriam os líderes do tráfico no morro do Cavalão (Niterói, a 13 km do Rio) e teriam montado uma conexão em Miracema, noroeste do Estado, na época que Valdeci Pinheiro era juíza de lá.
Os advogados de Silva protestaram, alegando que as fitas ainda não estão periciadas para comprovar de quem são as vozes. Silva disse que não sabia quem era "o homem" e negou envolvimento dele ou da juíza com o tráfico.
Depôs também Valdecira Gonçalves dos Santos, irmã de Toni e Arnaldo. Ela, que também está presa, chegou a admitir que os irmãos sejam traficantes, mas depois negou. Também negou envolvimento entre Toni e a juíza.
A CPI suspeita que possa haver lavagem de dinheiro em uma operação de troca de uma camionete Blazer por um automóvel Astra feita por Arnaldo, em nome de Valdecira. Segundo esta, seu irmão deu a Blazer pelo Astra e ainda ficou devendo 24 prestações de R$ 800. Para os deputados da CPI, o Astra não vale tudo isso e poderia estar superfaturado.
A juíza Valdeci Pinheiro deveria depor ontem, mas não foi encontrada. Hoje, vão depor Khaled Aragi e Lila Mirta Ibanez Lopez, que traria droga da Bolívia.
Até o final da semana, os cinco deputados da sub-relatoria do Rio estarão tomando outros depoimentos, inclusive de militares da Força Aérea Brasileira que estavam de plantão em abril deste ano na Base Aérea do Galeão (Rio), quando foram apreendidos 33 kg de cocaína em um avião.


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