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MUNDO NOVO
Kléber Correa de Souza foi expulso do PMDB, acusado de omissão
Polícia de MS investiga envolvimento de prefeito
ROBERTO SAMORA
da Agência Folha, em Mundo Novo
A Polícia Civil de Mato Grosso
do Sul começa hoje a investigar a
possibilidade de o prefeito de
Mundo Novo, Kléber Correa de
Souza, 31, estar envolvido no assassinato da prefeita Dorcelina de
Oliveira Folador (PT). Ontem, o
PMDB decidiu expulsar Souza do
partido, acusando-o de omissão.
O secretário de Finanças do município e cunhado de Souza, Jusmar Martins da Silva, 34, indiciado anteontem como mandante
do crime, disse em depoimento à
polícia que o prefeito soube da
trama logo após a morte.
Dorcelina foi assassinada com
seis tiros na noite de 30 de outubro, na varanda de sua casa, em
Novo Mundo (470 km ao sul de
Campo Grande).
Além de Silva, outras duas pessoas -o despachante Roldão
Teixeira de Carvalho e o pistoleiro
Getúlio Machado- foram indiciadas. Os três foram presos no final de semana e transferidos para
Campo Grande. Carvalho teria sido o intermediário entre o secretário e o pistoleiro Machado.
Quando foi ouvido pela polícia,
logo após o crime, o prefeito negou ter informações sobre o assassinato.
Envolvimento
Hoje, a delegada Sidnéia Tobias,
que preside o inquérito, vai ouvi-lo novamente. Ela afirmou que
vai tentar saber "até onde o prefeito está envolvido, ou se há envolvimento".
Souza foi procurado pela Agência Folha durante todo o dia. De
manhã, não quis atender a reportagem. À tarde, não foi encontrado em sua casa.
Também serão ouvidos hoje o
delegado Joel José da Silva, 55, pai
do secretário, o presidente da Câmara, José Antônio Pires
(PMDB), e o presidente do PMDB
local, Isoldino Pereira da Silva.
À polícia, Silva afirmou que
mandou matar Dorcelina por
"motivos pessoais". A razão teria
sido a sua demissão da secretaria
municipal de Agricultura, cargo
que ocupou nos primeiros 11 meses do governo da petista.
O secretário, que era despachante e dono de auto-escola, disse que teve de fechar o negócio
quando foi trabalhar na prefeitura. Ao ser demitido, ficou "desmoralizado" e "sem trabalho".
"Arrasado"
O pai de Silva, o delegado Joel
José da Silva, desde o início afastado das investigações por ser filiado ao PMDB, afirmou que só soube do envolvimento do filho após
a confissão.
"Estou arrasado. Quando fiquei
sabendo, senti a mesma dor que a
família de Dorcelina sentiu no dia
da morte", disse.
Ele disse acreditar que o filho tenha sido influenciado por alguém
para praticar o crime.
Além disso, o delegado acha difícil que o filho tenha conseguido
juntar o dinheiro para pagar o assassino (R$ 35 mil), já que estava
desempregado.
Segundo a polícia, Silva confessou ter dado R$ 20 mil para os pistoleiros quatro dias depois da
morte da prefeita.
O secretário daria mais R$ 15
mil aos assassinos no dia 30 de dezembro. Essa é uma das principais evidências que levam a polícia a considerar que outras pessoas participaram do crime.
"Peixe pequeno"
O viúvo da prefeita Dorcelina,
Cezar Folador, 44, afirmou que,
até agora, a polícia só pegou "peixe pequeno".
Apesar do rumo das investigações, o diretor-geral da Polícia Civil Milton Watanabe declarou
que "ainda é prematuro dizer que
o crime foi político".
Ontem, integrantes do PT fizeram vigília durante todo o dia em
frente à prefeitura.
Os manifestantes estenderam
faixas pedindo intervenção do governo estadual na cidade.
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