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TRAUMA NA TRANSIÇÃO
Nomes só serão anunciados na próxima semana, diz Dirceu
Lula reúne PT, mas crise do ministério fica sem desfecho
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Assustado com a alta do dólar,
atribuída à leitura do mercado de
que o PT enfrenta dificuldade para indicar o presidente do Banco
Central, o presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva, reuniu ontem a cúpula do PT para apressar
a formação do ministério, resolver a crise interna petista e achar
uma solução rápida para o BC.
Após mais de seis horas de reunião, nenhum nome foi anunciado, frustrando expectativas.
Segundo a Folha apurou, ao
menos 11 nomes que já teriam sido escolhidos como ministros.
São eles: José Dirceu (Casa Civil),
Luiz Gushiken (Comunicação de
Governo), Cristovam Buarque
(Educação), Antônio Palocci Filho (Fazenda), Márcio Thomaz
Bastos (Justiça), Ciro Gomes (Integração Nacional), Roberto Rodrigues (Agricultura), Marina Silva (Meio Ambiente), Ricardo Berzoini (Previdência), Celso Amorim (Relações Exteriores) e Jaques
Wagner (Trabalho).
Esses 11 nomes só não serão ministros se houver um conflito sério de última hora e for preciso
melhorar a composição política
com aliados. O vazamento frustra
a intenção de Lula de divulgar a
equipe em bloco. Na reunião, alguns dos presentes defenderam
um anúncio parcial, antes de o
presidente viajar, na segunda, para os EUA. Argumentaram que
ajudaria a acalmar o mercado.
À noite, em São Paulo, Dirceu
disse, porém, que o ministério somente será anunciado na semana
que vem, após a volta de Lula da
viagem aos EUA. Segundo ele,
80% do primeiro escalão já está
composto: "As últimas conversas
estão sendo feitas com os partidos
aliados e devemos completar o
ministério em breve."
À noite, ao desembarcar em São
Paulo, Luiz Gushiken afirmou: "A
composição do ministério é um
assunto que o presidente eleito
quase já resolveu". Sobre a direção do Banco Central, disse apenas que Lula e Palocci "estão agindo direto para definir um nome".
A Folha apurou que os dois últimos pontos pendentes na montagem do ministério envolvem uma
harmonia maior com alas minoritárias do PT e um cargo a ser entregue ao PTB. O PMDB está praticamente dentro do governo Lula. Terá dois ministérios, mas os
nomes não estão definidos.
A reunião começou às 10h e foi
até as 16h30. Além de Lula, participaram, entre outros, os seguintes membros da cúpula: Dirceu
(presidente do PT), Palocci (coordenador da equipe de transição),
Gushiken (coordenador-adjunto
da equipe de transição), Aloizio
Mercadante (senador eleito por
SP), Marta Suplicy (prefeita de
SP), Eduardo Suplicy (líder do PT
no Senado), Marco Aurélio Garcia (secretário da Cultura de SP),
João Paulo Cunha (líder do PT na
Câmara), Luiz Dulci (secretário-geral do PT) e Gilberto Carvalho
(secretário particular de Lula).
Lula começou resolvendo problemas petistas. O principal era o
que fazer com José Genoino, candidato derrotado ao governo paulista, cujo desempenho foi considerado bom. Ele presidirá o PT.
Isso reforçará o papel de Dirceu,
que renuncia hoje à presidência
petista, na articulação política do
futuro governo. Genoino era cotado para fazer dobradinha com
ele na área política, comandando
a Secretaria Geral da Presidência.
No PT, atribui-se a Dirceu uma
articulação para evitar que Genoino fosse para o Planalto. Assim,
teria mais poder na área política.
Dirceu e Genoino, porém, negam atritos. "Quem me conhece
sabe que eu e o Genoino lutamos
juntos muito para construir este
PT vitorioso", afirmou Dirceu.
Lula deverá aumentar a cota da
equipe destinada aos novos e velhos aliados. PL, PSB, PPS, PTB,
PDT, PTB e PC do B disputam
pastas de destaque. A principal
reclamação dos aliados é que os
melhores postos estão ficando
apenas com o PT. Lula teria prometido mudanças.
Dirceu negou que haja conflito
com legendas aliadas para a definição de nomes. Também rejeitou a tese de que o ministério não
tenha sido anunciado pelo fato de
muitas cadeiras estarem destinadas a paulistas e petistas.
Colaborou JULIA DUAILIBI, da Reportagem Local
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