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TRANSIÇÃO
Bispo Rodrigues reclama de negociações para compor ministério e quer esclarecimento sobre critérios de escolha de nomes
Aliança com PT está no limite, diz líder do PL
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do PL na Câmara, Bispo
Rodrigues (RJ), disse ontem que
seu partido está "no limite da
aliança com o PT". O deputado
queixou-se do tratamento que
vem recebendo da cúpula petista
nas negociações para compor o
novo ministério e declarou estar
sofrendo uma grande pressão de
sua bancada.
"O PT precisa acordar e ver que
estamos com um problema. A
conversa dele [do presidente do
PT, José Dirceu] é só dizer que
ninguém sabe, que é o Lula que
está cuidando disso. Queremos
saber quais os critérios. Há uma
relação de confiança ou de desconfiança?", questionou Rodrigues, ressalvando que as reclamações não significam rompimento.
Segundo o líder do PL, seria "irresponsabilidade", depois de eleger o vice-presidente, José Alencar (PL-MG), ser independente
ou ir para a oposição. "Vamos
continuar apoiando o PT, claro.
Mas, se não houver regras claras
[para composição do ministério],
se não tivermos uma posição que
condiga com o esforço que fizemos para eleger Lula, preferimos
continuar como estamos hoje:
sem cargos no governo."
Seria, sempre segundo Rodrigues, um "gesto nobre", como "a
política também exige". "Mas
também de protesto, porque não
estamos sendo tratados como
merecemos e isso vai trazer problemas com a bancada de apoio
ao [futuro] governo."
O PL elegeu 26 deputados e três
senadores. Mas esse números devem crescer, já que o presidente
do partido, deputado Valdemar
Costa Neto (SP), está trabalhando
para chegar a 50 representantes
na Câmara e cinco no Senado.
A idéia é ganhar musculatura
para exigir pelo menos duas pastas: Integração Nacional e Turismo. Nas contas do comando petista, no entanto, para o PL, até
agora, só está prevista a segunda.
"Estamos achando que vamos
ser preteridos. O PT vai ficar muito grande, vai lotear o governo entre suas correntes e nos vamos ficar de fora."
Segundo o líder do PL, também
não há conversas com seu partido
sobre os cargos federais de segundo e terceiro escalões nos Estados.
Mas nos diretórios do PT haveria
"um frenesi de currículos".
Os petistas interessados em ingressar na administração pública
federal foram convidados a enviar
seus currículos ao partido, que irá
fazer uma triagem e aproveitar as
competências possíveis na nova
administração.
"Abobrinhas"
Rodrigues reclama que as lideranças petistas se reúnem quase
que regularmente com suas bancadas na Câmara e no Senado para discutir os encaminhamentos
referentes ao novo governo.
"Mas nós só nos reunimos para
falar "abobrinhas", porque não temos o que dizer à bancada."
Falando "em nome do partido",
Rodrigues, que é vice-presidente
nacional da legenda, quer que o
PT esclareça os critérios que está
usando para definir os ministros.
Pretende ter claro se, mesmo nas
pastas entregues aos aliados, os
cargos de segundo e terceiro escalões ficaram com o PT.
"Mas aí não vale. Porque, se for
assim, os aliados também têm direito de indicar gente [para segundo e terceiro escalões] para os
ministérios do PT."
Há uma iminência de crise no
PL, com pressões por todos os lados, tendo em vista a inclusão de
lideranças da legenda na composição do novo governo. "Os companheiros do PL estão achando que eu e o Valdemar ou estamos
escondendo o jogo ou não temos
capacidade de fazer essa negociação. O jeito é eu mandar eles falarem diretamente com o Dirceu."
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