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Com só 46 votos pró-CPMF, governo faz cerco a "rebeldes"
Para evitar derrota no Senado, Planalto adia votação e conta com governadores do PSDB
Dizendo precisar de mais 3 votos para atingir o mínimo de 49, governo tentará convencer Tuma, César Borges e Geraldo Mesquita
VALDO CRUZ
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para evitar uma derrota, o
governo adiou de ontem para a
próxima terça-feira a votação
da CPMF em primeiro turno
no Senado. Com no máximo 46
votos garantidos, o Palácio do
Planalto decidiu partir para o
tudo ou nada com os aliados rebeldes, buscando atender seus
pedidos de cargos e verbas.
Além disso, aposta que o
adiamento dará tempo aos governadores tucanos para virar
votos dentro do PSDB.
Um líder governista disse à
Folha, sob condição de anonimato, que o Planalto decidiu
abrir sua "caixa de ferramentas" nessa reta final.
O governo quer colocar a
CPMF em votação quando tiver 49 votos da base aliada assegurados, o número mínimo
para aprovar a prorrogação do
tributo até 2011. No entanto,
precisa convencer mais três rebeldes: Romeu Tuma (PTB-SP), César Borges (PR-BA) e
Geraldo Mesquita (PMDB-AC). O voto de Expedito Jr.
(PR-RR) já estaria garantido
com o atendimento de pleitos
do senador em seu Estado.
Segundo a Folha apurou, o
senador conseguiu a promessa
do governo de ceder uma área
do Exército em que o governador de Rondônia, Ivo Cassol
(sem partido), estava construindo o Teatro Estadual, em
Porto Velho. Outros terrenos
de propriedade federal também poderão ser repassados ao
Estado. Aliado do governador,
Expedito pretende tentar suceder Cassol em 2010.
Além de 49 votos da base, o
governo busca 4 votos de democratas e 3 de tucanos. Ontem, parte da bancada do PSDB
reuniu-se reservadamente para tratar da pressão dos governadores José Serra (SP) e Aécio
Neves (MG), que têm procurado os senadores do partido para pedir apoio ao governo.
Líder da sigla, Arthur Virgílio
(AM) ameaçou deixar o cargo
se o partido votar dividido. Ao
menos três senadores do PSDB
estariam dispostos a prorrogar
a CPMF: Lúcia Vânia (GO),
Eduardo Azeredo (MG) e Cícero Lucena (PB). "Nunca escondi que sou favorável à prorrogação, com redução gradual da
alíquota, mas fui voto vencido",
disse Lúcia.
O governo espera contar com
o apoio dos governadores José
Roberto Arruda (DEM-DF) e
Blairo Maggi (PR-MT) para fazer os senadores do Democratas Adelmir Santana (DF), Jayme Campos e Jonas Pinheiro
(ambos do MT) votarem a favor da CPMF. A Folha apurou
que Maggi disse ao ministro
Guido Mantega, ontem na Fazenda, que Campos e Pinheiro
vão votar a favor do tributo.
Ainda confiante na vitória, o
presidente Lula prepara, porém, um discurso responsabilizando a oposição por uma
eventual derrota na votação.
Ontem, ele deu sinais do que
pretende dizer, em Belém: "Se
eles [senadores] votarem contra têm que ir para cada casa e
mostrar quem é o senador responsável por deixar milhões de
pessoas sem os benefícios desse programa [Bolsa Família]".
Segundo o presidente, "alguma coisa vai deixar de ser feita
no país" caso a prorrogação do
chamado imposto do cheque
seja derrubada.
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