São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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Planalto e base articulam para Sarney presidir Senado

Ele nega possibilidade de voltar ao comando, mas em caso de consenso será difícil recuar

Cúpula do PMDB tratou da sucessão em reunião com Lula anteontem; partido já apresentou 5 candidatos à vaga ocupada por Renan

Sergio Lima/ Folha Imagem
Na oposição, Arthur Virgilio é o mais resistente a Sarney


SILVIO NAVARRO
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com cinco candidatos do PMDB disputando a indicação para a presidência do Senado, a base do governo e o Palácio do Planalto intensificaram ontem a pressão para tentar interferir na disputa da bancada e conduzir o senador José Sarney (PMDB-AP) ao cargo.
A eleição do sucessor de Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou ao cargo, está marcada para a próxima quarta-feira, um dia depois da provável votação da emenda que prorroga a CPMF no plenário. Apesar de o senador seguir negando que será candidato, aliados de Sarney admitiram que a pressão aumentou muito e que, se o ex-presidente for um nome de consenso, dificilmente ele terá como recusar. Caso se mantenha irredutível, o governo acredita que o sucessor de Renan será o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).
"É bondade das pessoas, já estou com 78 anos e quero reservar meus últimos anos para terminar minhas memórias", disse Sarney, que já presidiu a Casa de 1995 a 1997 e de 2003 a 2005. Ele também se esquivou quando foi questionado se recusaria a atender a um apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que assumisse o posto: "Ele não vai me pedir porque não se pode pedir uma coisa que não se pode dar".

Apelo de Lula
Reservadamente, aliados do senador ainda apostam que a recusa não é definitiva e que ele poderia mudar de idéia se houvesse um apelo de Lula. Anteontem, o presidente já ensaiou fazer esse pedido a Sarney. Durante reunião com peemedebistas no Planalto, ao tratarem da sucessão no Senado, o presidente disse que o senador do Amapá tem credibilidade para assumir qualquer cargo.
"O presidente Sarney optou por não disputar, mas pode ser que mude, pode ser que haja convencimento", afirmou o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO). "Ele é o melhor nome e pode ajudar a acalmar a disputa na bancada do PMDB", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Nos bastidores, peemedebistas dizem que a proliferação de candidatos tem a digital de Sarney. Ao estimular múltiplas candidaturas, estaria vislumbrando que seria "convocado" para ser o nome de consenso. Oficialmente, concorrem ao posto cinco peemedebistas: Garibaldi Alves (RN), Leomar Quintanilha (TO), Valter Pereira (MS), Neuto de Conto (SC) e Pedro Simon (RS).
A articulação para tentar "convencer" Sarney a aceitar a cadeira da presidência foi traçada na noite de anteontem, em reunião no Planalto com a presença de Lula. Participaram o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), os senadores Roseana Sarney (PMDB-MA) e Valdir Raupp (RO) e o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
Outro fator que ampliou a pressão para que ele concorra foi o lançamento da candidatura de Pedro Simon com o apoio de 27 senadores da Casa. Líderes do governo prevêem que isso pode tumultuar a sucessão. O presidente Lula chegou a Macapá (AP) por volta das 21h de ontem (22h no horário de Brasília) e, segundo a Folha apurou, jantou com Sarney na residência oficial do governador do Estado, Waldez Góes (PDT). As informações iniciais eram que ele e a primeira-dama, Marisa, iriam para o hotel. Também foram convidados a primeira-dama do Estado, Marília Góes, o vice-governador, Pedro Paulo, o prefeito de Macapá, João Henrique Pimentel (PT) e deputados estaduais e federais.


Colaboraram ADRIANO CEOLIN, da Sucursal de Brasília, e FERNANDO BARROS DE MELLO, enviado especial a Macapá (AP)


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