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Polícia aponta esquema de grampo ilegal e prende nove
Segundo investigação, quadrilha atuaria em espionagem industrial e casos de infidelidade
Deputado José Aníbal foi um dos alvos da organização, que envolveria policiais e funcionários de empresas de telefonia e de bancos
Almeida Rocha/Folha Imagem
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Equipamento de espionagem apreendido pela Polícia Civil de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma operação da Polícia Civil de São Paulo desbaratou
quadrilhas de dois detetives
particulares que quebravam
ilegalmente sigilos telefônicos,
bancários e fiscais. Os dados
eram usados em espionagem
industrial e investigações sobre
infidelidade conjugal.
Uma das vítimas dos criminosos foi o deputado federal
José Aníbal (PSDB). "Isso vem
confirmar que o grampo ilícito
está se tornando um problema
muito grande no país. Milhares
de pessoas podem estar sendo
vítimas desse crime", disse ele.
Segundo o delegado Ruy Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações Sobre o
Crime Organizado), criminosos obtiveram registros de ligações feitas pelo deputado, mas
nenhuma conversa foi gravada.
Fontes diz não ter identificado o interessado em comprar
dados sigilosos de Aníbal, mas
crê que um dos objetivos era
identificar contatos políticos
do deputado. O delegado não
descarta a possibilidade de outros políticos terem sido investigados ou terem pagado para
receber dados sigilosos.
O Deic prendeu nove suspeitos de duas quadrilhas chefiadas pelos donos de agências de
detetives Domingos Esteves
Júnior, 52, e Rosimeire da Silva
Scrittore, 47. As quadrilhas
eram contratadas sobretudo
por empresários interessados
em espionagem industrial e por
pessoas que desconfiavam da
fidelidade dos cônjuges. O Deic
também investiga a possibilidade de que os criminosos possam ter agido para obter informações sigilosas para políticos.
Os detetives entravam em
contato com funcionários de
bancos e de empresas de telefonia que integravam as quadrilhas. Em troca de pagamentos
entre R$ 200 e R$ 2.000, obtinham extratos bancários, registros de chamadas telefônicas e
escutas telefônicas ilegais.
Os detetives vendiam as informações por preços que variavam de acordo com o interessado e com a pessoa investigada. "Centenas de pessoas tiveram seus sigilos quebrados.
Já tomamos depoimento de 30
dessas vítimas", disse Fontes.
O esquema ilegal começou a
ser investigado pelo Deic em
2004. Na ocasião foi descoberto um grupo envolvendo cinco
policiais civis. Eles falsificavam
mandados de quebra de sigilo
telefônico e os enviavam para
empresas de telefonia.
Sem saber do esquema, as
empresas forneciam dados sigilosos e até gravavam conversas,
que eram então vendidas para
pessoas que contratavam os
policiais. No decorrer das investigações sobre os policiais, o
Deic identificou duas quadrilhas de detetives particulares.
Foram pedidas prisões de 20
pessoas, mas a Justiça só concedeu dez mandados -nove foram cumpridos. Além de Esteves Júnior e Rosimeire Scrittore, foram presos os operadores
de telefonia Aline Aparecida
Cerqueira de Moura, 28, e Simone Sampaio dos Santos, 36;
o prestador de serviços César
Barbosa Costa, 31; o bancário
Marcos Palace Chagas, 47; a intermediária entre os detetives e
os funcionários de operadoras
Elisângela Novais da Silva, 32;
seu namorado, Daniel Aparecido da Silva, 30, e sua funcionária Flávia Priscila de Paula, 26.
Também foi identificado um
coronel da reserva da PM suspeito de intermediar aluguel de
aparelho que faz escutas por
R$ 2.500 por 15 dias.
Os cinco policiais e o coronel
da reserva estão em liberdade e
são investigados pela Corregedoria da Polícia Civil. Segundo
a polícia, não é mais possível
falsificar mandados de quebra
de sigilo.
Segundo Aníbal, a polícia lhe
mostrou duas gravações. Numa, duas mulheres teriam pedido registros das chamadas do
número da secretária do deputado em Brasília. Na outra, um
homem recebeu dados sobre
Aníbal. O deputado diz ter pedido ao secretário de Segurança, Ronaldo Marzagão, que descubra quem pediu o grampo.
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