São Paulo, sexta-feira, 08 de janeiro de 2010

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Em meio a polêmica, Sarkozy elogia Brasil

Após relatório da FAB que coloca Rafale em último, francês defende reforma do Conselho de Segurança, tema caro a Lula

Sem citar nenhum dos três concorrentes, brasileiro diz que "barato às vezes sai caro", em referência ao preço do caça sueco, de custo menor


Antoine Antoniol/Bloomberg
O ministro Celso Amorim participa de seminário ontem em Paris

ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

No momento em que o favoritismo da França na disputa para fornecer caças ao Brasil é arranhado pelo relatório da FAB que coloca os Rafale em último lugar, o presidente Nicolas Sarkozy voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU -uma das principais ambições da diplomacia brasileira na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Quando vamos, finalmente, colocar sobre a mesa a reforma do Conselho de Segurança da ONU?", perguntou Sarkozy, em discurso, ontem, na abertura de evento que tinha na plateia o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
O presidente francês também defendeu o G20 (grupo dos países mais desenvolvidos e em desenvolvimento) e uma reforma da governança mundial para dar mais espaço aos países emergentes, citando particularmente o Brasil. "Quem pode pensar hoje que podemos decidir os principais temas mundiais sem o Brasil ou sem a Índia? Isso não é só injusto mas também absurdo" disse.
Sarkozy citou, ainda, a parceria estratégica com o governo brasileiro e fez referências diretas a Lula, afirmando que tem pelo presidente brasileiro "muita admiração e amizade ".
Apesar de Sarkozy não ter mencionado em nenhum momento a concorrência brasileira para os caças, Amorim confirmou que tratou do assunto em almoço com o conselheiro diplomático da presidência francesa, Jean-David Levitte. Segundo ele, os franceses estão "serenos" com o resultado.
O brasileiro voltou a afirmar que a decisão será política. "Claro que os dados técnicos são importantes, mas outras considerações também são importantes. Cabe ao presidente, que lidera o país politicamente, tomar a decisão, levando em conta todos os dados."
Sem citar nenhum dos concorrentes, Amorim disse que o "barato às vezes sai caro", numa referência indireta ao Gripen, da sueca Saab, que tem o menor preço entre os três concorrentes. A polêmica sobre a licitação ganhou força na França depois que a Folha revelou que o relatório da FAB colocava os caças franceses, fabricados pela Dassault, em último lugar, atrás do F-18 da norte-americana Boeing e do Gripen.
Amorim foi a Paris participar do seminário "Novo Mundo, Novo Capitalismo", organizado pelo governo francês.


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