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CASO SILVEIRINHA
Rede de empresas seria comandada pelos auditores acusados de cobrar propina de empresas no Rio
Receita identifica "lavadoras" de dinheiro
FERNANDA DA ESCÓSSIA
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
A corregedoria da Receita Federal identificou ontem a existência
de uma rede de empresas comandadas por auditores federais destinada à lavagem de dinheiro, supostamente proveniente do pagamento de propinas.
O grupo seria ligado aos oito auditores federais afastados em janeiro por suspeita de participação
em um esquema de corrupção na
Secretaria de Fazenda do Rio, supostamente comandado por Rodrigo Silveirinha Corrêa, ex-subsecretário de Administração Tributária no governo de Anthony
Garotinho (1999 a abril de 2002).
Os auditores federais, Silveirinha e mais quatro fiscais de renda
do Estado são donos de contas na
Suíça, no valor total de US$ 36 milhões. A Receita Federal identificou nove empresas no Rio de Janeiro que têm como sócios parentes dos auditores federais e cidadãos estrangeiros.
Os sócios estrangeiros das empresas têm contas em paraísos fiscais, como as Antilhas holandesas, as Ilhas Virgens e Liechtenstein, na Europa central.
"As informações que temos indicam, pela primeira vez, a prática
de crime de lavagem de dinheiro",
afirmou o corregedor da Receita,
Moacir Ferreira Leão. Até então, a
corregedoria só tinha indícios de
enriquecimento ilícito dos auditores investigados.
O corregedor não quis revelar
os nomes dos sócios nem das nove empresas. A Folha apurou, porém, que eles também são sócios
de parentes dos auditores em oito
empresas anteriormente identificadas pela Receita, todas no Rio.
Os endereços do primeiro grupo
de empresas coincidem os das nove agora descobertas, revelando a
existência de um complexo esquema de lavagem de dinheiro.
Mais afastamentos
Ontem, a corregedoria afastou
mais três auditores: Manoel Gilberto de Araújo Ferreira, Marcos
Latorre Magdalena e Paulo
Eduardo Ganini Nejaim. São agora 11 o número de funcionários da
Receita afastados, todos lotados
na Delegacia de Fiscalização.
A Receita Federal descobriu que
eles movimentaram somas muito
acima da renda de um auditor,
cujo salário médio é de R$ 7.000.
Entre 1997 e 2000, Ferreira aumentou seu rendimento consideravelmente. Em 1997, ele tinha R$
420 mil em aplicações financeiras.
Três anos depois, já somava R$
3,2 milhões. Nejaim também tinha aplicados R$ 2 milhões em
1998, enquanto Latorre movimentou R$ 1,5 milhão em 1997.
No ano seguinte, aplicou R$ 750
mil e em 2002, tinha R$ 424 mil.
Latorre aparece como dono de
um imóvel no Recreio dos Bandeirantes (zona oeste), avaliado
em R$ 250 mil, e de um terreno no
mesmo bairro, no valor de R$ 215
mil. "O afastamento ocorreu para
que não haja interferência nas investigações", disse Leão.
Os três auditores afastados são
donos de empresas. Dois deles-
Latorre e Ferreira- têm empresas de consultoria tributária, o
que é proibido pela lei que rege o
funcionalismo público.
Ontem, o Ministério Público Federal no Rio enviou ofício a todos
os bancos do país solicitando informações para saber se há contas
em nome dos envolvidos. Foi
criado um e-mail (denunciafiscal@prrj.mpf.gov.br) para receber denúncias sobre o caso.
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