São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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Bornhausen diz que PFL deve começar de novo

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente do PFL, ex-senador Jorge Bornhausen, decidiu "dar um choque no partido, começar de novo e gerar perspectiva de poder".
Para isso, mudar a sigla para Partido Democrata, estimular a saída dos que querem aderir ao governo e recrutar novos quadros que possam assumir a liderança nos Estados.
A perspectiva mais imediata é a eleição municipal de 2008, mas Bornhausen está pensando mesmo é na presidencial de 2010. Sem mandato de senador, ele vai sair da presidência do partido, mas integrará um conselho de caciques que, por exemplo, vai decidir o nome para 2010.
Sua preocupação é mudar já a imagem e os quadros para conquistar sobrevida ao partido: "Não queremos governistas. Quem quer aderir ao governo tem as portas abertas para aderir, quem quiser sair do governo e vir para a oposição tem as portas abertas para entrar."
Na verdade, Bornhausen está se antecipando à previsão de uma debandada pefelista rumo a partidos considerados "de direita" que são hoje da base de apoio ao governo do PT.
A redução pefelista já caracteriza um processo de enxugamento. Ele pretende na reunião de hoje suspender as convenções municipais marcadas para 3 de março, permitindo "recrutar" novos quadros e formar lideranças e candidatos para as eleições das prefeituras em 2008.
Se quer a renovação nas bases, o ex-senador acha que deve começar na própria cúpula, cedendo o bastão para líderes em ascensão. Não cita nomes, mas estão entre eles o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e os deputados federais Rodrigo Maia (RJ) e o novo líder Ônyx Lorenzoni (RS) e os baianos José Carlos Aleluia e ACM Neto.
"O PFL foi fundado há 22 anos, quando nós estávamos por volta dos 40. Hoje, temos mais de 60, está na hora de passar o bastão", disse Bornhausen, 69, 14 anos na presidência do partido.
A intenção é antecipar o fim do mandato dos diretórios nacional e estaduais. Mas com uma espécie de cláusula de segurança: os "jovens" assumem o comando formal, mas os caciques vão integrar um conselho com poder para definir inclusive o nome do candidato à Presidência em 2010.
Bornhausen participará desse conselho junto com outros ex-presidentes do PFL, Marco Maciel, José Jorge e Hugo Napoleão, e ex-governadores, como Antonio Carlos Magalhães (BA).
Um dos motivos para a queda do número de candidatos a mandatos é a falta de um candidato à Presidência como puxador de votos. Desde 1994, o PFL apóia os nomes do PSDB. Em 2002, sem Luiz Eduardo Magalhães, que morreu, tentou Roseana Sarney (MA). Em 2006, foi a vez de César Maia (RJ). No fim, acabou com os tucanos.
Por que Partido Democrata? Porque, segundo Bornhausen, foi o nome mais bem avaliado nas pesquisas e antecipa a tendência das eleições de 2010, que ele imagina "uma guerra entre populismo e democracia". O "populismo" seria o PT e o governo Lula. O ex-senador quer ocupar o espaço oposto.


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