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Bornhausen diz que PFL deve começar de novo
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente do PFL, ex-senador Jorge Bornhausen,
decidiu "dar um choque no
partido, começar de novo e
gerar perspectiva de poder".
Para isso, mudar a sigla para Partido Democrata, estimular a saída dos que querem aderir ao governo e recrutar novos quadros que
possam assumir a liderança
nos Estados.
A perspectiva mais imediata é a eleição municipal de
2008, mas Bornhausen está
pensando mesmo é na presidencial de 2010. Sem mandato de senador, ele vai sair da
presidência do partido, mas
integrará um conselho de caciques que, por exemplo, vai
decidir o nome para 2010.
Sua preocupação é mudar
já a imagem e os quadros para conquistar sobrevida ao
partido: "Não queremos governistas. Quem quer aderir
ao governo tem as portas
abertas para aderir, quem
quiser sair do governo e vir
para a oposição tem as portas
abertas para entrar."
Na verdade, Bornhausen
está se antecipando à previsão de uma debandada pefelista rumo a partidos considerados "de direita" que são
hoje da base de apoio ao governo do PT.
A redução pefelista já caracteriza um processo de enxugamento. Ele pretende na
reunião de hoje suspender as
convenções municipais marcadas para 3 de março, permitindo "recrutar" novos
quadros e formar lideranças
e candidatos para as eleições
das prefeituras em 2008.
Se quer a renovação nas
bases, o ex-senador acha que
deve começar na própria cúpula, cedendo o bastão para
líderes em ascensão. Não cita
nomes, mas estão entre eles
o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e os deputados
federais Rodrigo Maia (RJ) e
o novo líder Ônyx Lorenzoni
(RS) e os baianos José Carlos
Aleluia e ACM Neto.
"O PFL foi fundado há 22
anos, quando nós estávamos
por volta dos 40. Hoje, temos
mais de 60, está na hora de
passar o bastão", disse Bornhausen, 69, 14 anos na presidência do partido.
A intenção é antecipar o
fim do mandato dos diretórios nacional e estaduais.
Mas com uma espécie de
cláusula de segurança: os "jovens" assumem o comando
formal, mas os caciques vão
integrar um conselho com
poder para definir inclusive
o nome do candidato à Presidência em 2010.
Bornhausen participará
desse conselho junto com
outros ex-presidentes do
PFL, Marco Maciel, José
Jorge e Hugo Napoleão, e ex-governadores, como Antonio
Carlos Magalhães (BA).
Um dos motivos para a
queda do número de candidatos a mandatos é a falta de
um candidato à Presidência
como puxador de votos. Desde 1994, o PFL apóia os nomes do PSDB. Em 2002, sem
Luiz Eduardo Magalhães,
que morreu, tentou Roseana
Sarney (MA). Em 2006, foi a
vez de César Maia (RJ). No
fim, acabou com os tucanos.
Por que Partido Democrata? Porque, segundo Bornhausen, foi o nome mais
bem avaliado nas pesquisas e
antecipa a tendência das
eleições de 2010, que ele
imagina "uma guerra entre
populismo e democracia". O
"populismo" seria o PT e o
governo Lula. O ex-senador
quer ocupar o espaço oposto.
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