|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Créditos da CDHU dividem governo de SP
Área econômica resiste à idéia de o banco Nossa Caixa comprar carteira da companhia de habitação
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo enfrenta uma queda-de-braço. O
objeto do impasse é a administração dos créditos da CDHU
(Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano):
uma carteira de R$ 5,4 bilhões,
mas com 27,6% -cerca de R$
1,5 bi- de inadimplência.
Enquanto a equipe da CDHU
elabora um plano para que o
Banco Nossa Caixa venha a
comprar essa carteira, assumindo sua gestão, a área econômica do governo rechaça a idéia
sob o argumento de que é uma
instituição comercial e tem de
garantir resultados a seus acionistas, entre eles o Estado.
Ontem, depois de uma reunião com o secretário de Habitação, Lair Alberto Soares Krähenbühl, o presidente da Nossa
Caixa, Milton Luiz de Melo
Santos, admitiu até a possibilidade de o banco comprar um
conjunto de créditos da carteira da CDHU, mas desde "rentáveis" e compatíveis com os "padrões do banco".
Segundo Melo Santos, a Nossa Caixa tem que oferecer resultados a seus acionista. "Por
isso que não é possível comprar
uma carteira que não tenha...,né?", alegou.
Por exigência legal, o banco
tem a obrigação de destinar, este ano, cerca de R$ 700 milhões
a financiamentos em habitação. Ontem, Krähenbühl e Melo Santos montaram um grupo
de trabalho para desenhar, em
90 dias, o modelo de um convênio para transferência gradual
da gestão da carteira para a
Nossa Caixa. Nesse caso, explicou Melo Santos, a Nossa Caixa
prestaria um serviço à CDHU.
"Vamos pegar o estoque da
CDHU e fazer uma transferência gradual para a gestão. Esses
créditos não vão para o ativo do
banco", frisou ele.
"Vamos fazer que a Nossa
Caixa desde já nos ajude no gerenciamento dessa carteira. Se
vai sair parcial ou total, a gente
não sabe. Montamos um grupo
de trabalho para que nos próximos 90 dias possa fazer avaliação", explicou o secretário.
Uma das idéias é que a Nossa
Caixa use sua experiência para
lançar títulos dessa carteira no
mercado, para garantir recursos para novos empreendimentos imobiliários.
O acordo está aquém do idealizado pelo diretor de Planejamento da CDHU, Reinaldo Iapequino. Na véspera da reunião, ele afirmou que, seguindo
a determinação do governo, a
Nossa Caixa incorporaria, até o
fim do ano, toda a carteira. A secretaria da Fazenda resiste.
Segundo ele, cerca de 20%
dos 300 mil empreendimentos
que compõem a carteira - num
total de R$ 1 bilhão - já obedecem aos padrões da Nossa Caixa e estariam prontas para a
operação de compra.
Caberia ao próprio banco
adequar os demais 80% às normas para que venha a comprar
a carteira. Ao fazer um convênio para administração da carteira, a Nossa Caixa tornaria os
créditos atraentes para uma futura aquisição.
Ainda segundo a proposta de
Iapequino, a parceria começaria com os cerca de 25 mil empreendimentos a serem concluídos este ano, representando uma operação de R$ 625 milhões. "Uma das decisões é que
os novos empreendimentos sejam comercializados com contratos articulados com a Nossa
Caixa", afirmou.
Por enquanto, o banco acena
com um acordo para gestão dos
créditos. "Nem conheço a carteira", justificou Melo Santos.
Texto Anterior: Eleições: Compra de votos aumentou no Brasil, aponta pesquisa Próximo Texto: Frase Índice
|