São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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Créditos da CDHU dividem governo de SP

Área econômica resiste à idéia de o banco Nossa Caixa comprar carteira da companhia de habitação

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de São Paulo enfrenta uma queda-de-braço. O objeto do impasse é a administração dos créditos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano): uma carteira de R$ 5,4 bilhões, mas com 27,6% -cerca de R$ 1,5 bi- de inadimplência.
Enquanto a equipe da CDHU elabora um plano para que o Banco Nossa Caixa venha a comprar essa carteira, assumindo sua gestão, a área econômica do governo rechaça a idéia sob o argumento de que é uma instituição comercial e tem de garantir resultados a seus acionistas, entre eles o Estado.
Ontem, depois de uma reunião com o secretário de Habitação, Lair Alberto Soares Krähenbühl, o presidente da Nossa Caixa, Milton Luiz de Melo Santos, admitiu até a possibilidade de o banco comprar um conjunto de créditos da carteira da CDHU, mas desde "rentáveis" e compatíveis com os "padrões do banco".
Segundo Melo Santos, a Nossa Caixa tem que oferecer resultados a seus acionista. "Por isso que não é possível comprar uma carteira que não tenha...,né?", alegou.
Por exigência legal, o banco tem a obrigação de destinar, este ano, cerca de R$ 700 milhões a financiamentos em habitação. Ontem, Krähenbühl e Melo Santos montaram um grupo de trabalho para desenhar, em 90 dias, o modelo de um convênio para transferência gradual da gestão da carteira para a Nossa Caixa. Nesse caso, explicou Melo Santos, a Nossa Caixa prestaria um serviço à CDHU.
"Vamos pegar o estoque da CDHU e fazer uma transferência gradual para a gestão. Esses créditos não vão para o ativo do banco", frisou ele.
"Vamos fazer que a Nossa Caixa desde já nos ajude no gerenciamento dessa carteira. Se vai sair parcial ou total, a gente não sabe. Montamos um grupo de trabalho para que nos próximos 90 dias possa fazer avaliação", explicou o secretário.
Uma das idéias é que a Nossa Caixa use sua experiência para lançar títulos dessa carteira no mercado, para garantir recursos para novos empreendimentos imobiliários.
O acordo está aquém do idealizado pelo diretor de Planejamento da CDHU, Reinaldo Iapequino. Na véspera da reunião, ele afirmou que, seguindo a determinação do governo, a Nossa Caixa incorporaria, até o fim do ano, toda a carteira. A secretaria da Fazenda resiste.
Segundo ele, cerca de 20% dos 300 mil empreendimentos que compõem a carteira - num total de R$ 1 bilhão - já obedecem aos padrões da Nossa Caixa e estariam prontas para a operação de compra.
Caberia ao próprio banco adequar os demais 80% às normas para que venha a comprar a carteira. Ao fazer um convênio para administração da carteira, a Nossa Caixa tornaria os créditos atraentes para uma futura aquisição.
Ainda segundo a proposta de Iapequino, a parceria começaria com os cerca de 25 mil empreendimentos a serem concluídos este ano, representando uma operação de R$ 625 milhões. "Uma das decisões é que os novos empreendimentos sejam comercializados com contratos articulados com a Nossa Caixa", afirmou.
Por enquanto, o banco acena com um acordo para gestão dos créditos. "Nem conheço a carteira", justificou Melo Santos.


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