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Bento 16 vai rezar em português no Brasil
Papa consegue ler e entender o idioma, mas deverá usar texto nas missas, já que não fala com fluência
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O papa Bento 16 seguirá o antecessor, João Paulo 2º, e rezará em português durante a visita ao Brasil, que acontece entre
9 e 13 de maio deste ano.
O idioma será usado ao menos no encontro que terá com
os jovens no Estádio do Pacaembu, na tarde do dia 10, em
São Paulo, e nas missas campais nas manhãs do dia 11, na
capital paulista, e no dia 13, em
Aparecida (SP).
Ainda não está certo se o papa usará o idioma na abertura
da 5ª Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe, que acontecerá em Aparecida e será aberta por Bento 16 no
dia 13, à tarde. A maior parte
dos bispos que participará deste encontro fala espanhol.
O papa também encontrará o
presidente Lula no dia 10, pela
manhã. Neste encontro, contudo, deve usar um intérprete.
Bento 16 consegue ler e entender o português, mas não fala
com fluência.
Por este mesmo motivo é que
deve usar um texto-base, escrito por ele mesmo, nas missas
no Brasil. Segundo a Folha
apurou, Bento 16 faz questão
de redigir os próprios textos.
João Paulo 2º costumava ler
documentos preparados pela
Cúria Romana.
Mas, apesar da dificuldade, o
papa tem apreço pela língua
portuguesa. Ele costuma saudar grupos do Brasil e de Portugal que vão ao Vaticano em
português e tenta pronunciar
corretamente as palavras.
O padre jesuíta Mário de
França Miranda, que entre
1992 e 2003 participou na Santa Sé da Comissão Teológica
Internacional, então presidida
pelo atual papa, afirma que
Bento 16 era o único na Santa
Sé que pronunciava seu nome
corretamente. "O papa se esforça para falar perfeitamente
a língua e conseguia pronunciar, inclusive, a cedilha de
"França", o que é muito difícil
para alguém que tem como primeiro idioma o alemão", conta.
Além do alemão, sua primeira língua, Bento 16 é fluente em
italiano (a língua da Cúria Romana), inglês, francês, espanhol e latim. Também se comunica em polonês e grego. Na
única visita que fez até agora a
um país cuja língua não domina, a Turquia, o papa rezou em
latim e em grego.
Língua
Até os anos 60, os padres de
todo o mundo tinham de rezar
as missas em latim. Apenas
com o Concílio Vaticano 2º
(1962-1965) é que a Santa Sé
permitiu o uso de línguas nacionais nas celebrações. Foi um
sinal de que a igreja pretendia
dialogar melhor não apenas
com seus fiéis mas também
com as outras culturas.
A celebração em idioma vernáculo foi uma das principais
bandeiras da Reforma Protestante, no século 16, quando
rompeu com o catolicismo.
Uma das medidas de Martinho
Lutero, tido como o pai da reforma, foi desafiar o papa e traduzir a Bíblia para o alemão,
sua língua natal.
João Paulo 2º seguiu à risca a
permissão dada pelo concílio.
Nas três viagens que fez ao Brasil (1980, 1991 e 1997), usou o
português. Ao visitar um país,
tentava ler ao menos uma mensagem na língua nacional.
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