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Italiano relata proximidade com seu algoz
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu livro "Minha Fuga
Sem Fim", Cesare Battisti faz
mais do que dar a sua versão
sobre os crimes de que é acusado. Revela que manteve no
passado relação de caráter
sexual com seu principal algoz: Pietro Mutti. Battisti relata que conheceu Mutti ao
se filiar ao PAC (Proletários
Armados pelo Comunismo).
"Sempre que nos encontrávamos, ficava algo no ar.
Como entre a garota e o garoto que sabem que vão acabar
juntos, mas adiam ao máximo o momento", diz. Battisti
rejeita alusões à homossexualidade. "Não encontro
comparação mais ilustrativa
para explicar esse embaraço." A tensão durou até o dia
em que saíram para beber,
para discutir como levantar
fundos para o movimento.
"Naquela noite, fomos a
um restaurante e depois passamos um bom tempo num
bar de vinhos. Pietro Mutti
era bom de copo, eu fazia o
possível. Falamos de tudo,
menos de dinheiro. No dia
seguinte, acordei na cama
dele. Ele tinha saído para trabalhar, os lençóis estavam
com cheiro de uma mulher."
Battisti conta que, depois
de algum tempo, passaram a
partilhar as noitadas no bar
e, às vezes, "a mesma cama e
a mesma garota". "O vinho
abolia as minhas reticências
e a cama era suficientemente
grande para três", afirma. A
mulher, segundo o escritor,
era a esposa de Mutti.
"Estavam casados havia
dois anos. Ele queria um filho, mas ela não. Era determinada, na voz como na cama. Exatamente o contrário
do marido." Battisti apresenta Mutti de forma contraditória. A relação de ambos foi
intensa e acabou com uma
forte briga quando Battisti
lhe disse que deixaria o PAC.
Mutti foi preso, mas conseguiu reduzir a pena com
delação premiada. Hoje está
livre e acusa Battisti de participação em quatro assassinatos. O italiano, que ganhou
status de refugiado no Brasil,
acusa o ex-companheiro de
mentir em juízo e se diz alvo
de um ódio injustificado.
"Antes de chegar à cama da
mulher dele, foi preciso que
nos encarássemos, olhos nos
olhos, até explodir. Foi preciso eu abrir para ele até minha
última gaveta, para que ele
pudesse explorar, uma a
uma, todas aquelas caras de
squatters que eu guardava na
alma. Eu não sabia como dizer que, para mim, e até nos
olhos dele, ainda era aquilo
mesmo, os PAC, e ele que
fosse se danar com aquela
conversa sobre violência."
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