São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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FIM DE CASAMENTO

Após rompimento do partido com FHC, governadora reafirma candidatura presidencial

Roseana pede prazo ao PFL para esclarecer caso Lunus

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

LIEGE ALBUQUERQUE
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, pediu 15 dias à cúpula do PFL para preparar sua defesa das acusações contra ela e seu marido, Jorge Murad.
A governadora teve o apoio do partido. Ela se comprometeu a esclarecer todo o caso nas próximas duas semanas e reverter a história a seu favor. No último dia 1º, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na empresa Lunus, de Roseana e Murad.
Depois da reunião da Executiva do PFL, que formalizou o rompimento com o governo federal, Roseana deu a primeira entrevista coletiva se declarando como candidata do partido à Presidência.
A governadora afirmou que vai se desincompatibilizar do cargo no dia 5 de abril.
Com dedo em riste e expressão séria, a governadora afirmou que vai "exigir" que as investigações continuem. "Quero que tudo seja apurado. Estou à disposição de qualquer órgão da Justiça, inclusive meus bens e meu Imposto de Renda", afirmou.
A governadora disse que não deu ao partido um ultimato sobre sua candidatura. "Não foi imposição minha, deixei duas opções: se o partido achasse que minha candidatura ajudava, eu estaria disposta a enfrentar. Se quisessem apoiar outro candidato, eu também estaria disposta a retirar minha candidatura. Eu precisava que o partido marchasse unido."
Roseana se recusou a falar sobre o cerca de R$ 1,3 milhão encontrado na Lunus. "Quem vai explicar isso é a empresa ao órgão competente. Mas com certeza não é crime ter dinheiro em caixa, nem é proibido", disse.
No final da reunião da Executiva, Roseana fez um rápido discurso para os prefeitos e governadores pefelistas. Disse que não restava outro caminho ao partido senão o rompimento. "Fui vítima de uma violência inominável, de uma arbitrariedade inaceitável que, sob qualquer pretexto ou montada formalidade, só tinha um objetivo: destruir a candidatura do PFL. O que está em jogo não é uma questão partidária, mas a lisura do processo sucessório", disse a pré-candidata
No discurso, Roseana insistiu na tese de que sua candidatura traduz "a abertura de um espaço à presença da mulher nas decisões nacionais, na defesa dos direitos individuais, no respeito à privacidade das pessoas". Durante a entrevista, repetiu que acha que as ações na Lunus foram uma prova de "preconceito contra a mulher".
Roseana disse aos correligionários que nela "podem confiar". "Sou uma mulher séria, atuante, uma mulher de luta. Nada tenho a esconder. E não tenho medo de nada. Não me intimido, trocando o medo pela covardia da tranquilidade e do conforto", disse. "Já lutei contra a morte e não seria agora que iria conhecer o medo."
Depois da reunião da Executiva, Roseana ligou para o marido, Jorge Murad, no Maranhão. Almoçou em casa com o clã Sarney -o pai, o senador José Sarney (PMDB-AP), a mãe, Marly, e o irmão, o ex-ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho.
Na saída do almoço, Sarney foi questionado se a filha teria lhe pedido para desistir do discurso em sua defesa na próxima semana, como ela havia afirmado. "Ela não me pediu nada disso e não será cancelado. Além do mais, meu discurso não é pela Roseana, é pelo Brasil", disse Sarney.
Depois da saída do pai e da mãe, Roseana recebeu o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG). Ficou reunida boa parte da tarde com o prefeito do Rio, Cesar Maia, e seu filho, o deputado Rodrigo Maia, além do ministro demissionário Roberto Brant (Previdência). O assunto, segundo Brant, foi estratégia de campanha. "Agora a tarefa do partido é só a campanha. Depois da tempestade vem a calmaria, mesmo que só restem destroços", disse.



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