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FIM DE CASAMENTO
Após rompimento do partido com FHC, governadora reafirma candidatura presidencial
Roseana pede prazo ao PFL para esclarecer caso Lunus
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LIEGE ALBUQUERQUE
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
A governadora do Maranhão,
Roseana Sarney, pediu 15 dias à
cúpula do PFL para preparar sua
defesa das acusações contra ela e
seu marido, Jorge Murad.
A governadora teve o apoio do
partido. Ela se comprometeu a esclarecer todo o caso nas próximas
duas semanas e reverter a história
a seu favor. No último dia 1º, a Polícia Federal cumpriu mandado
de busca e apreensão na empresa
Lunus, de Roseana e Murad.
Depois da reunião da Executiva
do PFL, que formalizou o rompimento com o governo federal,
Roseana deu a primeira entrevista
coletiva se declarando como candidata do partido à Presidência.
A governadora afirmou que vai
se desincompatibilizar do cargo
no dia 5 de abril.
Com dedo em riste e expressão
séria, a governadora afirmou que
vai "exigir" que as investigações
continuem. "Quero que tudo seja
apurado. Estou à disposição de
qualquer órgão da Justiça, inclusive meus bens e meu Imposto de
Renda", afirmou.
A governadora disse que não
deu ao partido um ultimato sobre
sua candidatura. "Não foi imposição minha, deixei duas opções: se
o partido achasse que minha candidatura ajudava, eu estaria disposta a enfrentar. Se quisessem
apoiar outro candidato, eu também estaria disposta a retirar minha candidatura. Eu precisava
que o partido marchasse unido."
Roseana se recusou a falar sobre
o cerca de R$ 1,3 milhão encontrado na Lunus. "Quem vai explicar
isso é a empresa ao órgão competente. Mas com certeza não é crime ter dinheiro em caixa, nem é
proibido", disse.
No final da reunião da Executiva, Roseana fez um rápido discurso para os prefeitos e governadores pefelistas. Disse que não restava outro caminho ao partido senão o rompimento. "Fui vítima
de uma violência inominável, de
uma arbitrariedade inaceitável
que, sob qualquer pretexto ou
montada formalidade, só tinha
um objetivo: destruir a candidatura do PFL. O que está em jogo
não é uma questão partidária,
mas a lisura do processo sucessório", disse a pré-candidata
No discurso, Roseana insistiu
na tese de que sua candidatura
traduz "a abertura de um espaço à
presença da mulher nas decisões
nacionais, na defesa dos direitos
individuais, no respeito à privacidade das pessoas". Durante a entrevista, repetiu que acha que as
ações na Lunus foram uma prova
de "preconceito contra a mulher".
Roseana disse aos correligionários que nela "podem confiar".
"Sou uma mulher séria, atuante,
uma mulher de luta. Nada tenho a
esconder. E não tenho medo de
nada. Não me intimido, trocando
o medo pela covardia da tranquilidade e do conforto", disse. "Já
lutei contra a morte e não seria
agora que iria conhecer o medo."
Depois da reunião da Executiva,
Roseana ligou para o marido, Jorge Murad, no Maranhão. Almoçou em casa com o clã Sarney -o
pai, o senador José Sarney
(PMDB-AP), a mãe, Marly, e o irmão, o ex-ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho.
Na saída do almoço, Sarney foi
questionado se a filha teria lhe pedido para desistir do discurso em
sua defesa na próxima semana,
como ela havia afirmado. "Ela
não me pediu nada disso e não será cancelado. Além do mais, meu
discurso não é pela Roseana, é pelo Brasil", disse Sarney.
Depois da saída do pai e da mãe,
Roseana recebeu o presidente da
Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG). Ficou reunida boa parte da
tarde com o prefeito do Rio, Cesar
Maia, e seu filho, o deputado Rodrigo Maia, além do ministro demissionário Roberto Brant (Previdência). O assunto, segundo
Brant, foi estratégia de campanha.
"Agora a tarefa do partido é só a
campanha. Depois da tempestade
vem a calmaria, mesmo que só
restem destroços", disse.
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