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São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

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AGENDA PETISTA

Stedile e Plínio de Arruda Sampaio pedem a "notáveis" que assinem carta recomendando ao presidente a consulta

Petistas articulam plebiscito sobre Alca e BC

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Circula desde quinta-feira na internet uma carta endereçada a "notáveis" que a subscreveriam para ser enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendando a convocação de um plebiscito sobre a autonomia do Banco Central e a participação do país na Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
A Folha teve acesso à mensagem. O e-mail, elaborado pelo líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile e pelo advogado Plínio de Arruda Sampaio, 72, ex-deputado federal pelo PT e membro da Assembléia Constituinte de 1988, é endereçado a 23 pessoas, a maioria intelectuais petistas ou simpatizantes históricos do partido.
Entre elas estão os escritores Luís Fernando Veríssimo e Leonardo Boff, o advogado Fábio Konder Comparato, os sociólogos Francisco de Oliveira e Emir Sader, a economista Maria da Conceição Tavares, o cientista político José Luís Fiori, o fotógrafo Sebastião Salgado e o filósofo Leandro Konder.
Segundo Sampaio, cujo nome chegou a ser cogitado no final do ano passado para a pasta do Desenvolvimento Agrário, o objetivo da carta, a ser entregue em mãos a Lula até o fim de março, é "colaborar" com o presidente.
"A idéia é pedir ao presidente para fazer o plebiscito. Isso daria ao Lula uma cobertura muito boa para libertá-lo dessa brutal pressão que ele está sofrendo, que o obriga a aumentar os juros", disse o ex-deputado.
O sociólogo Francisco de Oliveira, professor titular aposentado da USP, ligado ao PT, e o advogado Nilo Batista (PDT-RJ) já responderam que irão subscrever a carta. Nela, Stedile e Sampaio pedem que as respostas sejam enviadas até o final da próxima semana.
As pessoas que receberam a mensagem também são questionadas se teriam "disposição para viajar a Brasília para estar na audiência" de entrega da carta a Lula. Oliveira disse que, embora concorde com a carta e a assine, não pretende fazer a viagem: "Não frequento palácio", disse.
Sampaio defende a idéia do plebiscito afirmando que a possível autonomia do BC e a inserção do país na Alca "não são questões administrativas, que você possa corrigir depois". Devido à importância do assunto, ele defende que cabe à população tomar a decisão.
Na carta "Notáveis ao Lula", anexada ao e-mail, é dito que ela pretende ser "uma ajuda" para que o presidente possa "corresponder às enormes esperanças que sua vitória despertou no povo brasileiro".
Mais adiante, afirma-se que os constrangimentos econômico-financeiros enfrentados pelo governo "não podem significar renúncia à nossa soberania".
"Duas medidas são particularmente preocupantes em relação a esse aspecto: a negociação da Alca e a pretendida autonomia do Banco Central." O acordo comercial, afirma o texto, "deixa clara a intenção do governo estadunidense em recolonizar o continente de acordo com seus interesses".
Para os autores do documento, a Alca "exporá nossos produtores industriais, agrícolas e de serviços a uma concorrência absolutamente desigual".
Sobre a possível autonomia do BC, diz o texto: "A segunda implica a entrega do controle da nossa moeda aos capitais externos e, portanto, a renúncia ao projeto nacional. Não se pode ocultar que, estando os setores mais dinâmicos da nossa economia em mãos de empresas estrangeiras, a autonomia do Banco Central significa transferir para elas a fixação do valor da nossa moeda".


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