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União bancou Wagner em evento do PT
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documento enviado à Câmara
pelo próprio ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner,
mostra que ele usou passagem aérea paga pela União para participar de um evento político do PT,
em São Paulo, em que discutiu as
eleições municipais de 2004.
Por sua assessoria, Wagner informou na sexta passada que,
após o pedido de informações feito pela Folha, "solicitou a devolução da quantia aos cofres públicos".
Segundo planilha encaminhada
com assinatura do ministro, a viagem de Salvador a São Paulo, orçada em R$ 867,40, ocorreu em 13
de maio último, uma quinta-feira.
No campo em que se explica o objetivo da viagem, informou:
"Conferência nacional de estratégia eleitoral - Partido dos Trabalhadores em São Paulo - SP".
O ministro justificou duas viagens que fez a Salvador, onde tem
residência, dessa forma: "Resolver problemas políticos". Pelas
duas viagens no trecho Brasília-Salvador-Brasília, em 22 e 23 de
junho e em 23 e 24 do mesmo
mês, a pasta gastou R$ 1.796,00.
As informações foram prestadas por Wagner em resposta a um
requerimento do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
Ao menos dez ministérios já encaminharam ao Congresso listas
das viagens em 2004. A assessoria
de Hauly disse que ele enviará os
documentos para o Ministério
Público do Distrito Federal analisar a legalidade das viagens.
No ano passado, após reportagem da Folha sobre viagens de
ministros nos finais de semana, o
Ministério Público abriu procedimento para investigar o caso.
A conferência do PT da qual
Wagner participou em São Paulo
foi realizada pelo Diretório Nacional do partido entre os dias 13 e 15
de maio e teve a presença de outros nove ministros.
A lista das viagens de Wagner
mostra que ele, como outros ministros, decidiu pôr em prática o
decreto nº 4.244, de 22 de maio de
2002, da gestão FHC, que trata do
transporte aéreo de autoridades
em aviões da Aeronáutica. Seu artigo 4º prevê o uso dos aviões para
"deslocamentos para o local de
residência permanente".
Embora use aviões comerciais, e
não os da FAB, as planilhas apontam 56 viagens de Wagner de Brasília a Salvador ou vice-versa. O
ministério anotou como explicação "deslocamento para o local de
residência permanente".
O emprego desse decreto é fruto
de debate entre os próprios ministros. Em 2004, Ricardo Berzoini (Trabalho) declarou: "Pelo que
conheço da legislação, o que nos é
permitido é o deslocamento para
atividades de serviços. É o que eu
tenho praticado".
A serviço
O ministro das Comunicações,
Eunício Oliveira, também esteve
com freqüência em sua cidade de
origem, Fortaleza (CE), com passagens pagas pela União. Foram
ao menos 15 viagens, 10 delas em
finais de semana. Diferentemente
de Wagner, Eunício diz que todas
foram "a serviço", segundo documento enviado ao Congresso.
Procurada pela Folha, a assessoria detalhou a agenda do ministro nesses finais de semana no
Ceará: quatro das viagens foram
feitas em avião próprio do ministro, mas por um engano aparecem nas planilhas como pagas pela União.
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