São Paulo, terça-feira, 08 de março de 2005

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TERRA SEM LEI

Fogoió será denunciado como executor do crime, e Eduardo, Tato e Bida, como co-autores do assassinato

Promotoria denuncia 4 por morte de freira

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALTAMIRA

O Ministério Público Estadual do Pará vai denunciar hoje à Justiça do Estado os quatro acusados pela morte da missionária norte-americana Dorothy Stang, assassinada com seis tiros em Anapu, no oeste do Pará, no último dia 12.
Os promotores estaduais pedem ainda no processo -que possui 13 páginas- que sejam aprofundadas as investigações sobre a possível existência de um "consórcio" composto por mais mandantes interessados na morte da missionária.
O Ministério Público denunciará Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, 27, como executor do crime. Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, 30, Amair Feijoli da Cunha, o Tato, 34, e o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, 37, serão denunciados pela Promotoria como co-autores, sendo que Bida -que continua foragido- será também denunciado como o mandante.
Os três presos foram transferidos na semana passada de Altamira para uma prisão em Belém.
O advogado de Bida, Augusto Septimio, disse ontem que já concluiu um pedido de habeas corpus para Bida.
Segundo ele, não há provas contra seu cliente. "Darei entrada no habeas corpus assim que a denúncia chegar às mãos do juiz. A base do pedido será a de que não há provas contra o Bida", disse.
O pedido de habeas corpus será protocolado no Tribunal de Justiça, em Belém, mas o processo do caso corre no Fórum de Pacajá, cidade vizinha a Anapu e responsável pela comarca da cidade.
O advogado de Tato, Oscar Damasceno, também informou que prepara um pedido de habeas corpus e alega que seu cliente é inocente. Fogoió e Eduardo admitiram participação no crime e afirmaram que receberiam R$ 50 mil para matar a missionária.

Recado ao Bida
Enquanto os quatro são denunciados à Justiça, agentes da Polícia Federal e policiais civis intensificam as buscas ao fazendeiro Bida em todo o país.
Ontem, o superintendente da Polícia Federal no Pará, José Ferreira Sales, mandou um "recado" a Bida ao vivo no jornal da TV Liberal, retransmissora da Rede Globo no Pará, que vai ao ar na hora do almoço.
"Tenho um recado para o Bida. Que ele não reaja [em uma eventual prisão], porque a PF vai em nome da lei", afirmou o superintendente.
A assessoria de imprensa da PF em Belém informou que Sales pretendeu, com o recado, apenas "orientar" Bida no caso da prisão do fazendeiro.
O delegado da Polícia Civil que apura o caso, Waldir Freire, informou ontem investigar dez denúncias sobre o paradeiro do fazendeiro -todas no Pará.

Pacificação
O Exército, a Polícia Federal e o Ibama apreenderam ontem cerca de 4.000 m3 de madeira de procedência ilegal em Porto de Moz (PA) como parte de uma ação da Operação Pacificação, iniciada na semana passada nas regiões oeste, sudeste e sul do Estado.
Ao menos 2.000 soldados do Exército, 60 policiais federais e 30 policiais rodoviários federais participam da ação, em conjunto com as polícias Militar e Civil do Estado do Pará.


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