|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAMPO MINADO
Ministério promete assentar mais 155 mil famílias até dezembro
MST prevê invasões em 23 Estados em 2 meses
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O coordenador nacional do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João
Paulo Rodrigues anunciou ontem, em Porto Alegre, que o movimento deverá promover invasões de terra em 23 Estados nos
meses de março e abril.
A onda já começou em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Goiás.
Segundo Rodrigues, as invasões,
que incluirão desempregados não
necessariamente ligados à terra,
são uma resposta ao baixo número de assentados pelo governo.
""Já começou nossa jornada de
lutas, que ocorrerá nos 23 Estados
em que atuamos [o MST não atua
em AC, AM, AP e RR], com ocupações. Também faremos marchas, fechamentos de rodovias e
outras manifestações", disse Rodrigues, que participou de conferência da FAO (Organização das
Nações Unidas para a Agricultura
e a Alimentação) sobre reforma
agrária, na capital gaúcha.
No segundo semestre, segundo
o líder, as atenções da população
estarão voltadas para eleições e
Copa do Mundo. O objetivo é
pressionar o governo Lula a acelerar o processo de reforma agrária.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento
Agrário, Guilherme Kassel, afirmou que haverá o assentamento
de 155 mil famílias (600 mil pessoas) até o final do ano, cumprindo meta de assentar 400 mil famílias. Já foram assentadas, disse,
245 mil famílias.
O MST, o Movimento dos Atingidos por Barragens, o Movimento das Mulheres Camponesas, o
Movimento dos Pequenos Agricultores e a CPT (Comissão Pastoral da Terra) divulgaram ontem
um balanço da reforma agrária.
São citados dez avanços e 29 retrocessos. Como positivos são citados, por exemplo, a implantação do seguro rural, o programa
Luz para Todos e a pouca repressão a manifestações. Algumas das
derrotas citadas são a liberação do
plantio e comercialização da soja
transgênica e a manutenção do
apoio dos bancos oficiais ao crédito rural do agronegócio.
Na conferência, o ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento
Agrário) leu uma mensagem do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva que diz que "a reforma agrária
não pode ser um instrumento residual na luta contra a pobreza" e
cita números de assentamentos.
Pela manhã, 30 integrantes da
Via Campesina, organização internacional da qual faz parte o
MST, foram à fazenda Coqueiros,
em Coqueiros do Sul (norte do
RS), invadida por 2.000 sem-terra, mas não puderam entrar.
Texto Anterior: PSDB recorrerá contra anúncio que fala de Lula Próximo Texto: Contag pretende invadir prédios e bloquear estradas Índice
|