São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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CAMPO MINADO

Ministério promete assentar mais 155 mil famílias até dezembro

MST prevê invasões em 23 Estados em 2 meses

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Paulo Rodrigues anunciou ontem, em Porto Alegre, que o movimento deverá promover invasões de terra em 23 Estados nos meses de março e abril.
A onda já começou em Pernambuco, Rio Grande do Sul e Goiás. Segundo Rodrigues, as invasões, que incluirão desempregados não necessariamente ligados à terra, são uma resposta ao baixo número de assentados pelo governo.
""Já começou nossa jornada de lutas, que ocorrerá nos 23 Estados em que atuamos [o MST não atua em AC, AM, AP e RR], com ocupações. Também faremos marchas, fechamentos de rodovias e outras manifestações", disse Rodrigues, que participou de conferência da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) sobre reforma agrária, na capital gaúcha.
No segundo semestre, segundo o líder, as atenções da população estarão voltadas para eleições e Copa do Mundo. O objetivo é pressionar o governo Lula a acelerar o processo de reforma agrária.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Kassel, afirmou que haverá o assentamento de 155 mil famílias (600 mil pessoas) até o final do ano, cumprindo meta de assentar 400 mil famílias. Já foram assentadas, disse, 245 mil famílias.
O MST, o Movimento dos Atingidos por Barragens, o Movimento das Mulheres Camponesas, o Movimento dos Pequenos Agricultores e a CPT (Comissão Pastoral da Terra) divulgaram ontem um balanço da reforma agrária.
São citados dez avanços e 29 retrocessos. Como positivos são citados, por exemplo, a implantação do seguro rural, o programa Luz para Todos e a pouca repressão a manifestações. Algumas das derrotas citadas são a liberação do plantio e comercialização da soja transgênica e a manutenção do apoio dos bancos oficiais ao crédito rural do agronegócio.
Na conferência, o ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) leu uma mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que diz que "a reforma agrária não pode ser um instrumento residual na luta contra a pobreza" e cita números de assentamentos.
Pela manhã, 30 integrantes da Via Campesina, organização internacional da qual faz parte o MST, foram à fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul (norte do RS), invadida por 2.000 sem-terra, mas não puderam entrar.


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