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Discursos em banquete no palácio são marcados por gafes, rock e futebol
DE LONDRES
DO ENVIADO A LONDRES
Uma improvável combinação
de futebol e rock marcou o banquete de gala oferecido pela rainha Elizabeth 2ª ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva ontem à
noite no Palácio de Buckingham.
Num discurso de quase dez minutos, o dobro da duração do da
anfitriã, Lula observou que a cooperação entre os dois países "deve
se inspirar no exemplo do futebol". "Podemos aliar a experiência britânica à criatividade brasileira para atingir os melhores resultados. Foi isso que o inglês
Charles Miller fez ao trazer esse
esporte para o Brasil", afirmou.
Foi a única gafe do discurso, que
não teve uma vírgula de improviso. Miller era paulista, filho de um
inglês com uma brasileira.
A rainha, que tem 79 anos, citou
o show dos Rolling Stones no Rio
como prova do interesse mútuo
entre a cultura dos países. "Não fico surpreendida com o fato de
que os Rolling Stones ainda conseguem reunir uma multidão na
praia de Copacabana", disse ela.
Elizabeth 2ª também deslizou,
ao definir o Rio como a maior cidade brasileira. "Nos próximos
seis anos, a população das nossas
maiores cidades, Rio de Janeiro e
Londres, terão a experiência de
desempenhar o papel de anfitriã
em um importante evento esportivo [Olimpíadas-12 e Pan-07]."
Mas houve espaço para temas
mais protocolares. No caso de Lula, economia, defesa da política
ambiental brasileira e promoção
dos biocombustíveis.
Após convidar a rainha, que esteve no Brasil em 1968, para uma
nova visita de Estado, Lula observou que o país gostaria que ela
presenciasse as mudanças sofridas desde então. "Estamos construindo uma sociedade mais justa, em que a distribuição de riqueza não é o resultado (...), mas um
instrumento de crescimento",
disse ele, que não usou o traje de
gala recomendado, fraque ou casaca -vestiu um terno preto.
A morte de Jean Charles de Menezes, morto pela polícia londrina
em julho passado ao ser confundido com um terrorista, não foi
mencionada. Ao contrário. Lula
exaltou a "hospitalidade britânica", que "sempre atraiu brasileiros". "Trabalhadores e estudantes, intelectuais e artistas -como
nosso ministro da Cultura- encontraram abrigo para explorar
oportunidades." A rainha seguiu
o tom. "Regozijo-me ao constatar
que tantos jovens brasileiros optam por vir estudar e trabalhar no
Reino Unido."
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