São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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Discursos em banquete no palácio são marcados por gafes, rock e futebol

DE LONDRES
DO ENVIADO A LONDRES

Uma improvável combinação de futebol e rock marcou o banquete de gala oferecido pela rainha Elizabeth 2ª ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem à noite no Palácio de Buckingham.
Num discurso de quase dez minutos, o dobro da duração do da anfitriã, Lula observou que a cooperação entre os dois países "deve se inspirar no exemplo do futebol". "Podemos aliar a experiência britânica à criatividade brasileira para atingir os melhores resultados. Foi isso que o inglês Charles Miller fez ao trazer esse esporte para o Brasil", afirmou.
Foi a única gafe do discurso, que não teve uma vírgula de improviso. Miller era paulista, filho de um inglês com uma brasileira.
A rainha, que tem 79 anos, citou o show dos Rolling Stones no Rio como prova do interesse mútuo entre a cultura dos países. "Não fico surpreendida com o fato de que os Rolling Stones ainda conseguem reunir uma multidão na praia de Copacabana", disse ela.
Elizabeth 2ª também deslizou, ao definir o Rio como a maior cidade brasileira. "Nos próximos seis anos, a população das nossas maiores cidades, Rio de Janeiro e Londres, terão a experiência de desempenhar o papel de anfitriã em um importante evento esportivo [Olimpíadas-12 e Pan-07]."
Mas houve espaço para temas mais protocolares. No caso de Lula, economia, defesa da política ambiental brasileira e promoção dos biocombustíveis.
Após convidar a rainha, que esteve no Brasil em 1968, para uma nova visita de Estado, Lula observou que o país gostaria que ela presenciasse as mudanças sofridas desde então. "Estamos construindo uma sociedade mais justa, em que a distribuição de riqueza não é o resultado (...), mas um instrumento de crescimento", disse ele, que não usou o traje de gala recomendado, fraque ou casaca -vestiu um terno preto.
A morte de Jean Charles de Menezes, morto pela polícia londrina em julho passado ao ser confundido com um terrorista, não foi mencionada. Ao contrário. Lula exaltou a "hospitalidade britânica", que "sempre atraiu brasileiros". "Trabalhadores e estudantes, intelectuais e artistas -como nosso ministro da Cultura- encontraram abrigo para explorar oportunidades." A rainha seguiu o tom. "Regozijo-me ao constatar que tantos jovens brasileiros optam por vir estudar e trabalhar no Reino Unido."


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