São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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Em favela do Rio, Lula diz que Dilma é a "mãe do PAC"

Ministra afirma que é "ridícula e mal-intencionada" vinculação de obras à sucessão

Eventos marcaram início de obras em três dos mais violentos conjuntos da cidade e serviram de vitrine para políticos

RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
ITALO NOGUEIRA

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, eventual pré-candidata governista em 2010, como "mãe do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]" ao público presente nas três cerimônias de início das obras no Complexo do Alemão, em Manguinhos (ambos na zona norte do Rio) e na Rocinha (zona sul).
"Queria agradecer à nossa companheira Dilma Rousseff. A Dilma é uma espécie de "mãe do PAC". É ela que cuida, acompanha, que vai cobrar junto com o Márcio Fortes se as obras estão andando ou não estão. O Pezão [Luiz Fernando Pezão, vice-governador e secretário de Obras do Rio] é grandão, mas ele vai saber o que é ser cobrado pela Dilma por que a obra atrasou, por que não andou, por que a empresa atrasou, porque se não for assim, muitas vezes a coisa não acontece. A gente anuncia, o governador fica feliz, eu fico feliz e depois a gente volta para casa e as coisas continuam como antes", afirmou Lula no Alemão.
O presidente descreveu Dilma como "a companheira que coordena o PAC, [...] a "mãe do PAC'". Vestindo blusa azul, calças escuras, usando bolsa no ombro e seus óculos de aros grandes, a ministra não discursou e apenas sorriu discretamente quando citada.
Lula procurou minimizar o tom eleitoreiro do evento que comandou: "E Deus é tão justo e tão grande que abriu minha consciência para começar essa obra do PAC exatamente no momento em que não disputo mais eleições no Brasil, porque o mandato termina em 2010".
Eventos positivos e em três dos mais populosos e violentos conjuntos de favelas do Rio, as cerimônias se transformaram em vitrine política para seis ministros e quatro pré-candidatos à Prefeitura do Rio, além de deputados federais e estaduais.
A Polícia Militar estimou em 6.000 o número de pessoas no Alemão, em 800 em Manguinhos e 500 pessoas na Rocinha. A primeira cerimônia começou às 9h37 e a última terminou às 15h30, sob sol forte, em dia que a temperatura no Rio chegou aos 34C. No total, será investido cerca de R$ 1,14 bilhão, sendo R$ 838,4 milhões do governo federal, em obras de reurbanização que incluem construção de moradias, escolas, unidades de saúde, água, esgoto, pavimentação de ruas, iluminação e áreas de lazer.
No Complexo do Alemão, o presidente prometeu voltar com Sérgio Cabral para inaugurar as obras em dois anos -apesar de o cronograma oficial prever a conclusão só em 2011.
Lula exaltou as qualidades gerenciais da ministra e a chamou para a frente do palanque, no Alemão; na Rocinha, pediu que levantasse para que todos a vissem. Mais tarde, na Rocinha, Dilma negou pensar em disputar a sucessão de Lula em 2010. Contrariada, disse considerar "uma questão ridícula e mal intencionada" vincular as obras à sucessão. "Sou coordenadora do PAC. Estamos vendo que tem PAC, que não é obra de marketing, é um esforço de coordenação real do governo. Então, tenho muito orgulho."
Dilma disse não ter se surpreendido com o título dado por Lula: "Acho que o presidente faz essas imagens porque são de mais fácil absorção pelas pessoas. É mais fácil falar [mãe do PAC] em vez de coordenadora de sala de situação e de monitoramento".
As cerimônias tiveram a presença maciça de membros do primeiro escalão do governo Lula e de parlamentares. Além de Dilma, estavam no palanque os ministros Tarso Genro (Justiça), José Gomes Temporão (Saúde), Márcio Fortes (Cidades), Franklin Martins (Comunicação Social) e Edson Santos (Igualdade Racial).


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