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Em favela do Rio, Lula diz que Dilma é a "mãe do PAC"
Ministra afirma que é "ridícula e mal-intencionada" vinculação de obras à sucessão
Eventos marcaram início
de obras em três dos mais violentos conjuntos da cidade e serviram de
vitrine para políticos
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, eventual pré-candidata governista em 2010, como "mãe
do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]" ao público presente nas três cerimônias
de início das obras no Complexo do Alemão, em Manguinhos
(ambos na zona norte do Rio) e
na Rocinha (zona sul).
"Queria agradecer à nossa
companheira Dilma Rousseff.
A Dilma é uma espécie de "mãe
do PAC". É ela que cuida, acompanha, que vai cobrar junto
com o Márcio Fortes se as
obras estão andando ou não estão. O Pezão [Luiz Fernando
Pezão, vice-governador e secretário de Obras do Rio] é grandão, mas ele vai saber o que é
ser cobrado pela Dilma por que
a obra atrasou, por que não andou, por que a empresa atrasou,
porque se não for assim, muitas
vezes a coisa não acontece. A
gente anuncia, o governador fica feliz, eu fico feliz e depois a
gente volta para casa e as coisas
continuam como antes", afirmou Lula no Alemão.
O presidente descreveu Dilma como "a companheira que
coordena o PAC, [...] a "mãe do
PAC'". Vestindo blusa azul, calças escuras, usando bolsa no
ombro e seus óculos de aros
grandes, a ministra não discursou e apenas sorriu discretamente quando citada.
Lula procurou minimizar o
tom eleitoreiro do evento que
comandou: "E Deus é tão justo
e tão grande que abriu minha
consciência para começar essa
obra do PAC exatamente no
momento em que não disputo
mais eleições no Brasil, porque
o mandato termina em 2010".
Eventos positivos e em três
dos mais populosos e violentos
conjuntos de favelas do Rio, as
cerimônias se transformaram
em vitrine política para seis ministros e quatro pré-candidatos
à Prefeitura do Rio, além de deputados federais e estaduais.
A Polícia Militar estimou em
6.000 o número de pessoas no
Alemão, em 800 em Manguinhos e 500 pessoas na Rocinha.
A primeira cerimônia começou
às 9h37 e a última terminou às
15h30, sob sol forte, em dia que
a temperatura no Rio chegou
aos 34C. No total, será investido cerca de R$ 1,14 bilhão, sendo R$ 838,4 milhões do governo federal, em obras de reurbanização que incluem construção de moradias, escolas, unidades de saúde, água, esgoto,
pavimentação de ruas, iluminação e áreas de lazer.
No Complexo do Alemão, o
presidente prometeu voltar
com Sérgio Cabral para inaugurar as obras em dois anos -apesar de o cronograma oficial prever a conclusão só em 2011.
Lula exaltou as qualidades
gerenciais da ministra e a chamou para a frente do palanque,
no Alemão; na Rocinha, pediu
que levantasse para que todos a
vissem. Mais tarde, na Rocinha,
Dilma negou pensar em disputar a sucessão de Lula em 2010.
Contrariada, disse considerar
"uma questão ridícula e mal intencionada" vincular as obras à
sucessão. "Sou coordenadora
do PAC. Estamos vendo que
tem PAC, que não é obra de
marketing, é um esforço de
coordenação real do governo.
Então, tenho muito orgulho."
Dilma disse não ter se surpreendido com o título dado
por Lula: "Acho que o presidente faz essas imagens porque são
de mais fácil absorção pelas
pessoas. É mais fácil falar [mãe
do PAC] em vez de coordenadora de sala de situação e de
monitoramento".
As cerimônias tiveram a presença maciça de membros do
primeiro escalão do governo
Lula e de parlamentares. Além
de Dilma, estavam no palanque
os ministros Tarso Genro (Justiça), José Gomes Temporão
(Saúde), Márcio Fortes (Cidades), Franklin Martins (Comunicação Social) e Edson Santos
(Igualdade Racial).
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